SOBRE A EXPRESSÃO "DAR À LUZ"
Eu aprendi que "dar à luz" significa "parir". Tal expressão foi criada precisamente para significar este ato entre os humanos, porquanto "parir" é um termo usado para os animais. Durante muito tempo foi, e ainda é, usada a palavra "descansar". Esta é mais elegante e se usa exclusivamente para as mulheres. E também traz à tona ou faz lembrar o período de cansaço, de fadiga, de ansiedade, de medo e de expectativa que envolvem uma gravidez.
O termo "parir", usado para nossa espécie, chega a ser um ultraje, uma afronta, um deserespeito.
Tanto que, quando alguém quer insultar uma mulher que deu à luz um bebê, diz sarcasticamete "Fulana pariu"!. Compara-a pejorativamente, então, a uma cachorra, a uma vaca, a um gata, a uma besta, etc.
O termo "dar à luz", mais elegante, mais poético, até porque envolve uma linda metáfora, surgiu e se firmou. É um termo adequado, pois, além de belo, sugere um ato sublime: Alguém que estava no escuro de um útero, vem para o mundo claro, que é metonimicamente simbolizado pela luz.
Mas, aprendi também que DAR À LUZ, pode, opcionalmente, ser substituído pro DAR A LUZ A, até porque, sintaticamente analisando não há diferenças.
Vejamos: Quem dá, dá algo a alguém. Portanto, o verbo pede objeto direto e indereto. Alguns falam em "verbo bitransitivo".
Quando em situações assim, o objeto direto pode vir antes ou depois do objeto indireto. Na expressão "dar à luz um bebê", o objeto indireto veio antes do direto, razão pela qual foi usada a crase, que implica a presença da preposição "A" (+ o artigo "A" de "a luz").
NO caso de "DAR A LUZ A UM BEBÊ", a oração é a mesma, porém, no caso, quem passa a ser o objeto indireto é "um bebê".
A diferença que há é desprezível: No primeiro caso, a "luz" recebe o bebê"; no segundo, o bebê é quem recebe a luz. O uso de uma ou outra expressão não causará roídos comprometedores na transmissão da mensagem, isto é, na comunicação. E isso é o que mais importa.
Aliás, conforme sempre digo: A principal razão de se estudar Gramática é a de nos capacitar a comunicar um pensamento da forma menos "roidosa" possível. Adcionalmente, aprendemos a ser mais elegantes, concisos e objetivos ao escrever.
Portanto, se a expressão "DAR A LUZ A" foi "banida", segundo Domingos afirma, isso foi feito arbitrariamente, sem justificativa gramatical ou linguística plausível. Como não fui ainda suficientemente convencido, continuo a usar e a recomendar o uso das duas expressões.
Se bem que sou extremamente receptivo às mundanças, sobretudo no que concerne à língua, desde que, claro, seja efetivamente dissuadido ou convencido com sólidos argumentos. Simplesmente dizer: "Tal expressão foge da norma padrão", isso não é suficiente.
Também: Sou pouco dado a discussões bizantinas, porquanto escrevo visando precipuamente ao público em geral e não para especialistas. E para tal público, existe muita matéria consensual, à espera de que alguém a explicite didaticamente.