CONJURAR. ESCONJURAR.EXORCISMAR.EXORCIZAR. E UMA REFLEXÃO SOBRE A EXISTÊNCIA DE SATANÁS, À LUZ DA BÍBLIA.

Novamente, Antenor Nascentes (Dicionário de Sinônimo):

CONJURAR: Expulsar, com clamor, em nome de Deus, um demônio que se apoderou de um possesso.

ESCONJURAR: Conjurar imprecando, maldizendo.

EXORCISMAR=EXORCIZAR: Expulsar o demônio usando exorcismos (preces e escojuros).

Essas palavras certamente não têm valor ou significado algum para quem acha que o demônio não existe. E, você, acredita na existência dele?

Quem já leu a Bíblia atentamente deve ter percebido: O "dito cujo" aparece pela primeira vez no Livro de Jó, cuja autoria é atribuída a Moisés ou a Salomão (não há muito consenso sobre a autoria desse livro). Ocorre que, ainda em Lamentações, escrito pelo profeta Jeremias, no século VI a.C, a figura do "coisa ruim" não está bem presente na religião judaica, porquanto ele não aparece em no citado livro.

A invasão dos babilônios ao Reino de Judá causou extrema dor aos descendentes de Abraão.

Jeremias viu Jerusalém e o Templo dela serem destruídos por Nabucodonosor. Ele relata o que viu: Fome, sede, assassinatos em massa, sangue vertido, saques, incêndios e, o pior, a migração forçada para a Babilônia (onde o povo se tornou escravo). Essa catástrofe é descrita em poemas dolorosos, fúnebres, e retratam a angústia, a humilhação e o clamor por perdão a Deus. Sim, Deus!: O povo judeu não culpava o Demônio pela desgraça que sofreu. Culpava a si mesmo. E a dor por que passava era devido ao pecado. Por isso, Deus, cheio de ira, castiga-o. O povo perdeu tudo, menos a fé. Por isso, ele orou muito e com muita fé, com a esperança e a certeza de que um dia Deus o libertaria. Quando o rei persa, Ciro, invadiu a Babilônia, 70 anos depois desses fatos, os judeus são libertados, voltam à pátria e reconstroem o Templo.

Lamentações mostra um exame de consciência, um arrependimento e a crença inabalável dos judeus em Deus.

Caso o "Inimigo" fosse tão presente, como é hoje no Cristianismo, na religião judia àquela época, será que ele não seria sequer citado no livro de Jeremias? (Isaías e Ezequiel parecem ter "misturado" os inimigos terrenos do povo Judeu, com a imagem do "Poderoso Chefão da Ruindade": Isaias, contra a Babilônia; Ezequiel contra o rei de Tiro).

Percebo que foi o Cristinismo quem fortaleceu o Demônio. No Antigo Testamente, fala-se na serpente, que pode exatamente simbolizar a tentação à desobidiência, e não exatamente o Demônio. Mesmo que simbolize essa criatura, ele não teve, durante a maior parte da história antiga do povo judeu, da saída de Abraão de Ur até o nascimento de Cristo, todo esse "status" que obteve depois, com a vinda do Messias.

A queda de Lúcifer e a insurreição angélica não é algo muito claro.

Mas, o fato é que o Cristianismo é uma religão dualista: Tudo que é bom é atribuído a Deus e tudo que é ruim, a Satanás.

Quem mais sofreu com essa dualidade foram os loucos. Desde os primeiros tempos da Religião Cristã até o século XIX ( e muitos ainda hoje pensam assim), os doentes mentais eram tidos e tratados como possessos. E o pior, eles eram tidos como os culpados pelo o que padeciam, devido ao pecado.

A etiologia de sua "enfermidade" estaria na má índole, no pendor pecaminoso do doente.

Por isso, quem cuidava dos loucos eram os exorcistas, clamando a Deus pela expulsão do Demônio. Hoje, graças a Deus, temos os psiquiatras e os medicamentos para tratar as doenças da mente.

Isso é apenas uma reflexão, pois minha ignorância em tais assuntos é tamanha que não tenho certeza de nada. Apenas penso, penso e penso...

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 20/08/2012
Reeditado em 24/08/2012
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