PRONOME RELATIVO. ARTIFÍCIOS PARA ANÁLISE SINTÁTICA DOS PRONOMES RELATIVOS. FORMAS DE PRONOMES RELATIVOS. NATUREZA DO ANTECEDENTE. PRONOMES RELATIVOS SEM ANTECEDENTES.

1) PRONOME RELATIVO. CONCEITO. Observemos estas duas orações: O sistema educacional do Brasil é um engodo. O engodo empobrece a nação. Essas duas orações podem ser unidas num período mais breve: O sistema educacional do Brasil é um engodo, QUE empobrece a nação. A palavra que uniu as duas orações foi o pronome relativo QUE, uma anáfora, A QUAL retoma um elemento anterior sem repetir o nome do elemento ( a palavra “engodo”, retomada com o conectivo QUE).

Então, PRONOME RELATIVO é aquele que liga duas orações, substituindo na segunda o termo já citado na primeira. O pronome relativo introduz a segunda oração, sem repetir o nome do antecedente. A oração iniciada com o pronome QUE é uma oração subordinada adjetiva, no caso, explicativa. (Explicativa porque considera os estudantes na sua totalidade, sem restrição alguma . Claro, isso é uma afirmação exagerada, pois “apenas” 38% dos universitários do Brasil são analfabetos, literalmente!).

Vejamos agora este exemplo: Os “estudantes” do nosso país não estudam. O nosso país é muito prejudicado: Nosso país CUJOS “estudantes” não estudam é muito prejudicado. O conectivo “cujos” ligou um antecedente (nosso país, um possuidor) a um conseqüente (os “estudantes”: a coisa possuída). Então, ele serviu para antecipar um termo (o consequente, a coisa possuída: os estudantes), mantendo a mesma relação de posse, num período menor. Assim, CUJO, no discurso, no texto, cumpre função catafórica.

1) CLASSIFICAÇÃO DO PRONOME RELATIVO QUANTO À NATUREZA DO ANTECEDENTE: A) Substantivo: UM PROMOTO PÚBLICO, em início de carreira, que ganha R$19 000,00 e acha pouco, ameaça entrar em greve para reajustar esse “salário de fome”. Já OS TRABALHADORES que ganham um salário mínimo estão em júbilo por não fazerem parte da grande massa de desempregados do Brasil; B) Pronome: TU, que eras a alegria da casa, viraste a tristeza; C) Um adjetivo: Velhice, que amarga a vida, alguns experimentam ainda em tenra idade. começam D) Um advérbio: AQUI, ONDE todos gostam de festa, temos também nossos dias de velório; E) Uma oração: Para si próprios, os políticos brasileiros só levam em conta uma lei, a de Gerson, O que não pasma mais ninguém (notar: o demonstrativo “O” resume recapitulando toda a oração anterior);

2) FUNÇÃO SINTÁTICA DOS PRONOMES RELATIVOS: A) Sujeito: Estou levando o livro QUE comprei; B) Objeto Direto: Li o livro QUE você indicou; C) Objeto Indireto: A invasão A QUE você se referiu não ocorreu; D) Predicativo: Fui QUEM sou. E) Adjunto Adnominal: Um castelo cuja aspecto funesto assusta; F) Complemento Nominal: Vou enviar os mantimentos de que eles têm necessidade; G) Sou favorável DE QUE você fique; H) Agente da Passiva: Amo POR QUEM sou amado;

3) PRONOMES RELATIVOS SEM ANTECEDENTE (RELATIVOS INDEFINIDOS): A) QUEM, ONDE: “QUEM tem amor, e tem calma, tem calma....Não tem amor... (A. Tavares: citado por Celso Cunha); moro ONDE mora a solidão (ONDE pode ser interpretado por AQUELE QUE; ONDE, por NO LUGAR DE); B) QUANTO (S): Imagino QUANTO exijo sem direitos;

4)“QUE” É O RELATIVO BÁSICO. Seu antecedente pode ser pessoa ou coisa, no singular ou plural. Exatamente por ter como antecedente quaisquer seres (pessoas ou não), no plural ou no singular, “QUE” é considerado pronome relativo universal (lembrando apenas que, quando posposto a preposições de mais de uma sílaba, ele deve ser substituído por O QUAL ou derivados deste). Pode iniciar orações adjetivas restritivas (as que não ficam isoladas por vírgulas) ou explicativas. O leite, que é branco, é um alimento completo. O leite que não for branco não presta (deve estar estragado!). Nas orações sub. adj. Explicativas, o QUE pode ser trocado por QUAL (S) ou O (A,S) QUAL

(Ex.: Peço amor, o qual só encontro em ti), substituição esta que pode ser pedida pela eufonia ou pelo ritmo, mas, às vezes, pode ser exigência do idioma)

O "QUE" pode se referir a uma oração completa. Ex.: Ela se tornou médica, que era seu sonho.

5) QUE é aconselhável: a) Quando vier depois de preposições monossilábicas (A, COM, DE, EM, POR): O bar A QUE me refiro é este. A facão COM QUE cortei o coco é aquele. O mau DE QUE padeço não foi diagnosticado. Há momentos EM QUE nos zangamos. A razão POR QUE ele ria tanto ninguém sabia.

6) COM AS DEMAIS PREPOSIÇÕES ( SIMPLES ou em LOCUÇÃO, ACIDENTAIS ou ESSENCIAIS), PREFERE-SE “O QUAL” (A,S): O motivo PELO QUAL saí, não expliquei.... O colchão SOBRE O QUAL me deitei não era muito confortável. Falava com um autoritarismo PERANTE O QUAL todos se curvavam de medo. Em síntese, para preposições com mais de uma sílaba, é melhor usar O QUAL: Aqueles homens truculentos PERANTE OS QUAIS todos tremiam, hoje “vivem” em contubérnio com as bactérias sob à terra.

7) O QUAL TAMBÉM É USADO COMO PARTITIVO ( posposto a INDEFINIDOS, NUMERAIS e SUPERLATIVOS): Os estudantes, ALGUNS dos quais estudam, devem ser vigiados. Pagou MIL REAIS, dos quais 50,00 é meu. Ia com TRINTA amigos, dos quais dez estavam desanimados. Tem cinco filas, A MAIS VELHA da quais, já era moça.

8) QUAL, SIMETRICAMENTE REPETIDO, SIGNIFICA “UM...OUTRO” E É UM INDEFINIDO: O jardim com suas flores e plantas , qual mais tenra, qual mais cheirosa, a todos agradavam;

9) “QUEM”, COMO PRONOME RELATIVO, COM ANTECEDENTE EXPLÍCITO, SÓ SE USA PARA ‘PESSOAS’ OU ‘ALGO PERSONIFICADO’, e é antecedido da preposição A (se o verbo for TD) ou da preposição que o verbo exigir (se o verbo não for TD), Sandro A QUEM mais falei, saiu logo. A moça A QUEM me dirigi é a diretora. Aquele COM QUEM mais me dei dói Léu. Significa “O QUAL” e, quando vem repetido em fórmulas alternadas (simétricas), equivale a UM...OUTRO (um indefinido): Quem ria de alegria, quem chorava de tristeza, eis o que ocorreu depois do jogo. “QUEM” usado sem antecedente, é um pronome relativo indefinido: Quem saiu, morreu.

10) CUJO é relativo (retoma um elemento anterior: Uma ANÁFORA) e um POSSESSIVO (antecipa algo: Função CATAFÓRICA), significa DO, DE ( QUAL, QUEM, QUE), concordando em gênero/número com a coisa possuída: A mulher, cujo saia se esvoaçou, não ficou rubra nem sentiu pejo. O clube cujo dono conheço não é bom. PROIBIDO: Usar artigo depois de CUJO: Errado: O navio cujo O dono morreu foi irresponsável. CUJO pode sinteticamente substituir um pronome ou substantivo precedido de preposição: “Podaram” as vacas. O chifres delas estavam grandes: As vacas cujos chifres estavam grandes foram “podadas”. Por vezes, “o cujo” parece vir antecedido de proposição. Engano: Ele apenas “se mete” entre uma palavra e a preposição que a rege: Propuseram provas DE CUJA autenticidade se duvida: A autenticidade DAS provas se duvida. DE se liga a AUTENTICIDADE.

11) QUANTO, quando relativo, tem TODO ou TODOS(A) como antecedentes, indefinidos que podem ser omitidos: Em tudo QUANTO era lugar imperava a desolação depois da renhida batalha. Entre (todos) QUANTOS vês, enxergas bondade? Nem todos QUANTOS te pedem, precisam.

12) ONDE. Por desempenhar função adverbial (lugar), é considerado advérbio relativo: ONDE ela estiver, eu fico.

13) ONDE: O LUGAR EM QUE. A ONDE: O LUGAR A QUE: O apartamento onde moro é confortável. O apartamento aonde vou morar é bom.

14) ARTIFÍCIO PARA ANALISAR O PRONOME RELATIVO: É SÓ TROCAR O RELATIVO PELO ANTECEDENTE. A FUNÇÃO QUE ESSE CUMPRIR NA ORAÇÃO, É A FUNÇÃO DO PRONOME RELATIVO. ARTIFÍCIO PARA ANALISAR O PRONOME RELATIVO: É SÓ TROCAR O RELATIVO PELO ANTECEDENTE. A FUNÇÃO QUE ESSE CUMPRIR NA ORAÇÃO, É A FUNÇÃO DO PRONOME RELATIVO. Para facilitar, desmembra-se o período com o relativo num período maior sem ele. Em havendo preposição antes dele, verifica-se a palavra que, na oração subordinada, exigiu-o. Então, fica clara a função sintática do pronome relativo. Isso significa você trocar o relativo pelo antecedente. A função que este cumprir, é a função do pronome relativo: A) Os homens QUE roubaram foram presos: Os HOMENS roubaram. Os homens foram presos: Os homens: Sujeito. QUE: Sujeito. B) Os alunos de quem Everaldo gosta passaram: Os alunos passaram. Everaldo gosta dos alunos. DE QUEM: Objeto indireto (do verbo gostar). C) Os músicos que cantarão amanhã já chegaram: Os músicos cantarão. QUE: SUJEITO. D) Veio a caneta que ele quer (veio a caneta. Ele quer a caneta: QUE: Objeto Direto); E) Veio a caneta de que ele necessita: Veio a caneta. Ele necessita da caneta: (Da) caneta: Objeto indireto. DE QUE: Objeto Indireto. E) Vou enviar os mantimentos de que eles têm necessidade: Vou enviar os mantimentos. Eles têm necessidade dos mantimentos. DE QUE: Complemento nominal ( note: DE é exigido por um nome: necessidade). F) És o bom maestro que todos desejariam ser: És um bom maestro. Todos desejariam SER o bom maestro. QUE: Predicativo do Sujeito. G) O cão por que fui agredido está solto: O cão. Fui agredido pelo cão. Por que: Agente da passiva. H) A festa aconteceu na casa em que ele morou: A festa aconteceu na casa. Ele morou na casa. Na casa Adj. Adv. De Lugar.

Se o relativo vier anteposto de preposição, procuremos saber se ela se liga a um nome, a um verbo, ou a um advérbio (ou locução), que está na oração introduzida pelo relativo. Pela preposição, de imediato, já se sabe se o relativo é complemento nominal, objeto indireto, agente da passiva (se a preposição for POR e se ligar a um particípio da oração subordinada). Caso não haja preposição antes do relativo, este pode ser sujeito, objeto direto e outros. Não esquecer de que o pronome relativo deve estar sempre antecedido da preposição que eventualmente uma palavra da oração subordinada necessitar.

Principais Gramáticas de apoio:

Cunha, Celso. Nova Gramática do Português Comtemporâneo.

Mesquita, Roberta Melo. Gramática da Língua Portuguesa.

Saviolli, F. Platão. Gramática em 44 lições.

Além de algumas incursões pela NET.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 19/08/2012
Reeditado em 21/08/2012
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