E Agora Cegalla?

Doutor Napoleão Mendes de Almeida, Dic. de Questões Vernáculas, 1981: "Todo o, Todos os -Escritores clássicos ora punham o artigo, ora não, após todo tanto quanto coletivo universal quanto quando adjetivo a significar inteiro: todo homem, todo o homem,.... É DE USO, e não de gramática ou de lógica, nem menos de eufonia, o trazer a palavra seguida de 'o', E DESDE JÁ PODEMOS AFIRMAR QUE SE NO PLURAL TODOS DIZEMOS 'todos os alunos' NÃO CABE JUSTIFICAÇÃO NENHUMA PARA A EXCLUSÃO DO ARTIGO DA EXPRESSÃO SINGULAR, QUE SEMPRE TEVE O MESMO SENTIDO DA FORMA PLURAL......."

Leia e entenda bem as palavras do DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA: "....NÃO CABE JUSTIFICAÇÃO NENHUMA PARA A EXCLUSÃO DO ARTIGO DA EXPRESSÃO SINGULAR, QUE SEMPRE TEVE O MESMO SENTIDO DA FORMA PLURAL.....VINDO ANTES DO SUBSTANTIVO, TODO PODE OU NÃO SIGNIFICAR INTEIRO, MAS DEVE VIR SEGUIDO DE ARTIGO...."

Dic.Morais,II vol., Ed.Conf.LDA. Lisboa,pág.2351: "Todo (ô),adj. O que não falta parte alguma do seu ser;...; inteiro, total, completo./// QUALQUER, SEJA QUAL FOR, CADA: (Todo o homem é mortal)./// Pron........ NO PORTUGUÊS ATUAL EMPREGA-SE SEMPRE SEGUIDO DO ARTIGO O, A, OS, AS,....."

Caldas Aulete, 5a EDIÇÃO, 1969,pág. 3985: " Todo.... // Qualquer, seja qual for, cada ( e neste caso pode-se usar tanto no plural como no singular): todo o homem é mortal; todos os homens são mortais; toda a classe de crimes; todas as classes de crimes....." ESCRITO COM ARTIGO: "todo o homem (= qualquer homem)...; toda a classe (= qualquer classe)....

Lello Universal ( De acordo com a Delta Larousse), pág.1035: " Todo (ô) adj. e pron. indef. (lat. totus). Exprime a universalidade das partes que constituem um conjunto; todos os homens. Diz-se de uma coisa, considerada na sua totalidade: trabalhar todo o dia [= trabalhar o dia inteiro].// CADA, QUALQUER (NESTE CASO PODE-SE USAR TANTO NO SINGULAR COMO NO PLURAL) toda a planta[qualquer planta] cresce; todo o homem[qualquer homem] é religioso....."

Said X Cegollas: Cegalla (Novíssima Gramática): " todo -Modernamente, costuma-se distinguir todo (=cada, qualquer) e todo o (=inteiro, completo): Li todo o livro (=o livro todo ou inteiro). Lia todo livro... (=cada ou qualquer livro)." -Preste muita atenção Cegalla: QUEM RECORRIA A ESTE SEGUNDO PROCESSO, OU SEJA, QUEM EXCLUÍA O ARTIGO QUANDO TODO SIGNIFICAVA QUALQUER ERA O PORTUGUÊS ANTIGO.

Said (Gramática Secundária): "... O PORTUGUÊS ANTIGO RECORRIA FREQUENTEMENTE A ESTE SEGUNDO PROCESSO; MAS OS ESCRITORES MODERNOS, PRINCIPALMENTE DOS SEISCENTISTAS PARA CÁ, REVELAM A TENDÊNCIA DE MANTER O ARTIGO...."

Vasco Botelho de Amaral: " Pode-se afirmar que a tendência geral é para a posposição do artigo, norma hoje INCONTESTAVELMENTE predominante."

Said Ali (Gramática Secundária): "Nomeando-se o indivíduo pela espécie inteira, o singular pelo plural, persiste o emprego do artigo, e é lógico que continue a usar-se o artigo quando se diga todo o leitor por todos os leitores, toda a ofensa por todas as ofensas. Mas designando-se o indivíduo pela espécie, confunde-se o conceito do número singular com o de qualquer indivíduo. Todo parece então sinônimo de qualquer, que exclui o emprego do artigo e daí a linguagem todo leitor, toda ofensa.MAS OS ESCRITORES MODERNOS, PRINCIPALMENTE DOS SEISCENTISTAS PARA CÁ, REVELAM A TENDÊNCIA DE MANTER O ARTIGO: Todo o homem [qualquer homem] neste mundo deseja melhorar de lugar (Vieira).... Todo o ministro [qualquer ministro] enquanto não cai é grande (Herculano)......"

Atualmente os "Cegollas" se perdem, e voltam a ensinar algo já dado como arcaico, a exclusão do artigo. Se quiser, leia os Textos: 3825345, 3826800, 3828353, 3829986, 3831363.

Note que esses "Cegollas" fazem distinção de sentido entre "todo homem é mortal = qualquer homem é mortal" (sem artigo), e "todo o homem é mortal = O homem inteiro é mortal" (com artigo).Só que tal doutrina sobre (=além de) gratuita é também infundada.

DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA (DQVs,1981): ".... Há quem ensine que todo tem a significação de cada [qualquer], ou, ainda, de todos, quando no singular vem desacompanhado do artigo; acompanhado do artigo, dizem, esse indefinido passa a significar inteiro; fazem, assim, distinção entre 'todo homem' (cada homem, todos os homens) e 'todo o homem' (o homem inteiro). CABE-NOS DIZER QUE ESSA DISTINÇÃO É GRATUITA E INFUNDADA.......VINDO ANTES DO SUBSTANTIVO, TODO PODE OU NÃO SIGNIFICAR INTEIRO, MAS DEVE VIR SEGUIDO DE ARTIGO...."

Said Ali, Gramática Secundária: "....NÃO PODE PRIVAR-SE DO ARTIGO O ADJETIVO SUBSTANTIVADO QUANDO SE LHE ANTEPÕE A PALAVRA TODO, EMBORA ESTE VOCÁBULO TENHA O VALOR DE 'QUALQUER': Todo o pobre [=qualquer pobre] receberá esmola. -Todo o cativo [=qualquer cativo] que levava punha consigo à mesa. -Todo o preguiçoso [=qualquer preguiçoso] gosta de levantar-se tarde....."

"....Conclusão:....Se é arcaica a omissão do artigo depois do plural, pode-se dizer também arcaica essa omissão depois do singular...." (Dic. de Questões Vernáculas,1981.Idem Gramática Metódica, DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA).

O que Maria Helena de Moura Neves ensina sobre isso em sua Gramática de Usos do Português, Editora Unesp, como diz Boris Casoy , jornalista da Band, é uma vergonha. Você já leu? " O ignorante não duvida porque desconhece que ignora."

Pobre Galileu quase entrou para o clube dos cegollas: "eppur si muove( e no entanto se move)".

ATUALMENTE A OMISSÃO DO ARTIGO NO PLURAL É ARCAICA, E O MESMO PODEMOS AFIRMAR COM CONSTÂNCIO,SAID, DR.NAPOLEÃO E MUITOS OUTROS : A OMISSÃO DO ARTIGO NO SINGULAR É IGUALMENTE ANTIQUADA, OU SEJA, ARCAICA.

Doutor Napoleão: "NÃO CABE JUSTIFICAÇÃO NENHUMA PARA A EXCLUSÃO DO ARTIGO DA EXPRESSÃO SINGULAR, QUE SEMPRE TEVE O MESMO SENTIDO DA FORMA PLURAL."

Seja como for, na hora de fazer uma prova, ciente de que terá pela frente um sistema totalmente alienado e "cegollês", o qual mais nos cega e nos aliena mesmo na escola, é melhor mastigarmos o silênico de Jesus diante da inquisição.

Américo Paz
Enviado por Américo Paz em 17/08/2012
Código do texto: T3834788
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.