Todo e Todo o, Entendeu Cegalla?
ATUALMENTE A OMISSÃO DO ARTIGO NO PLURAL É ARCAICA, E O MESMO PODEMOS AFIRMAR COM CONSTÂNCIO,SAID, DR.NAPOLEÃO E MUITOS OUTROS : A OMISSÃO DO ARTIGO NO SINGULAR É IGUALMENTE ANTIQUADA, OU SEJA, ARCAICA.
DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA (DQVs,1981): "....VINDO ANTES DO SUBSTANTIVO, TODO PODE OU NÃO SIGNIFICAR INTEIRO, MAS DEVE VIR SEGUIDO DE ARTIGO...."
Entendeu Cegalla? E, para quem não sabe, houve mesmo uma época na história em que chegou a ser FACULTATIVO o uso do artigo singular depois de todo. Isto podemos confirmar na Gramática Expositiva de Eduardo Carlos Pereira e de muitos outros, conforme podemos ler na Gramática Portuguesa de Júlio Ribeiro: ".... Quando todo equivale a cada [qualquer], é FACULTATIVO o emprego do artigo,ex.: 'todo homem sensato ou todo o homem sensato despreza a ostentação.'
No plural é sempre obrigatório o uso do artigo,ex.: 'Todos os homens sensatos desprezam a ostentação.'...."
-Logo, era FACULTATIVO no português antigo escrever: Todo homem [=qualquer homem] sensato ou todo o homem [=qualquer homem] sensato. Idem no PORTUGUÊS ANTIGO o emprego de todo com ou sem artigo com o significado também de totalidade. CONSULTEM O DICIONÁRIO DE QUESTÕES VERNÁCULAS,1981,DO DR. NAPOLEÃO e aí lemos: " ....... Na mesma Antologia (Portuguesa), no volume consagrado a Lucena, o mesmo afirma por outras palavras Augustinho de Campos: ' Todo, não seguido de artigo definido, tem por vezes nos clássicos a significação de qualquer... mas também aparece sem artigo no sentido de totalidade........."
Eduardo Carlos Pereira (Gramática Expositiva): ".... Todo. Este adjetivo indefinido, chamado por alguns coletivo universal, recalma o artigo depois de si, por exemplo: 'Todo o homem é mortal, e todos os homens são mortais.'
NO SINGULAR, SIGNIFICANDO CADA [QUALQUER], É FACULTATIVO O USO DO ARTIGO, CONTRA A OPINIÃO DE CONSTÂNCIO E OUTROS GRAMÁTICOS, QUE ACHAM SER A OMISSÃO DO ARTIGO USO ARCAICO E ANTI-EUFÔNICO: 'Todo o homem de bem [cada, qualquer homem de bem] ou todo homem [cada, qualquer homem de bem] é trabalhador.'
Nota. -No plural é ARCAÍSMO a omissão do artigo...."
Said X Cegollas: Cegalla (Novíssima Gramática): " todo -Modernamente, costuma-se distinguir todo (=cada, qualquer) e todo o (=inteiro, completo): Li todo o livro (=o livro todo ou inteiro). Lia todo livro... (=cada ou qualquer livro)." - QUEM RECORRIA A ESTE SEGUNDO PROCESSO, OU SEJA, QUEM EXCLUÍA O ARTIGO QUANDO TODO SIGNIFICAVA QUALQUER ERA O PORTUGUÊS ANTIGO, entendeu Cegalla?
Said (Gramática Secundária): "... O PORTUGUÊS ANTIGO RECORRIA FREQUENTEMENTE A ESTE SEGUNDO PROCESSO; MAS OS ESCRITORES MODERNOS, PRINCIPALMENTE DOS SEISCENTISTAS PARA CÁ, REVELAM A TENDÊNCIA DE MANTER O ARTIGO...."
Vasco Botelho de Amaral: " Pode-se afirmar que a tendência geral é para a posposição do artigo, norma hoje INCONTESTAVELMENTE predominante."
Said Ali (Gramática Secundária): "Nomeando-se o indivíduo pela espécie inteira, o singular pelo plural, persiste o emprego do artigo, e é lógico que continue a usar-se o artigo quando se diga todo o leitor por todos os leitores, toda a ofensa por todas as ofensas. Mas designando-se o indivíduo pela espécie, confunde-se o conceito do número singular com o de qualquer indivíduo. Todo parece então sinônimo de qualquer, que exclui o emprego do artigo e daí a linguagem todo leitor, toda ofensa.MAS OS ESCRITORES MODERNOS, PRINCIPALMENTE DOS SEISCENTISTAS PARA CÁ, REVELAM A TENDÊNCIA DE MANTER O ARTIGO: Todo o homem neste mundo deseja melhorar de lugar (Vieira).... Todo o ministro enquanto não cai é grande (Herculano)......
NÃO PODE PRIVAR-SE DO ARTIGO O ADJETIVO SUBSTANTIVADO QUANDO SE LHE ANTEPÕE A PALAVRA TODO, EMBORA ESTE VOCÁBULO TENHA O VALOR DE 'QUALQUER': Todo o pobre [=qualquer pobre] receberá esmola. -Todo o cativo [=qualquer cativo] que levava punha consigo à mesa. -Todo o preguiçoso [=qualquer preguiçoso] gosta de levantar-se tarde..."
Doutor Napoleão Mendes de Almeida, Dic. de Questões Vernáculas, 1981: "Todo o, Todos os -Escritores clássicos ora punham o artigo, ora não, após todo tanto quanto coletivo universal quanto quando adjetivo a significar inteiro: todo homem, todo o homem,.... É DE USO, e não de gramática ou de lógica, nem menos de eufonia, o trazer a palavra seguida de 'o', E DESDE JÁ PODEMOS AFIRMAR QUE SE NO PLURAL TODOS DIZEMOS 'todos os alunos' NÃO CABE JUSTIFICAÇÃO NENHUMA PARA A EXCLUSÃO DO ARTIGO DA EXPRESSÃO SINGULAR, QUE SEMPRE TEVE O MESMO SENTIDO DA FORMA PLURAL......."
Leia e entenda bem as palavras do DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA: "....NÃO CABE JUSTIFICAÇÃO NENHUMA PARA A EXCLUSÃO DO ARTIGO DA EXPRESSÃO SINGULAR, QUE SEMPRE TEVE O MESMO SENTIDO DA FORMA PLURAL.....VINDO ANTES DO SUBSTANTIVO, TODO PODE OU NÃO SIGNIFICAR INTEIRO, MAS DEVE VIR SEGUIDO DE ARTIGO...."
Lello Universal ( De acordo com a Delta Larousse), pág.1035: " Todo (ô) adj. e pron. indef. (lat. totus). Exprime a universalidade das partes que constituem um conjunto; todos os homens. Diz-se de uma coisa, considerada na sua totalidade: trabalhar todo o dia. CADA, QUALQUER (NESTE CASO PODE-SE USAR TANTO NO SINGULAR COMO NO PLURAL) toda a planta cresce; todo o homem é religioso....."
Dic.Caldas Aulete,5a EDIÇÃO: "Todo.... // Qualquer, seja qual for, cada ( E NESTE CASO PODE-SE USAR TANTO NO PLURAL COMO NO SINGULAR ): todo o homem é mortal; todos os homens são mortais; toda a classe de crimes; todas as classes de crimes....." ESCRITO COM ARTIGO: "todo o homem (= qualquer homem)...; toda a classe (= qualquer classe)...."
"....Conclusão:....Se é arcaica a omissão do artigo depois do plural, pode-se dizer também arcaica essa omissão depois do singular...." (Dic. de Questões Vernáculas,1981.Idem Gramática Metódica, DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA).