Todo e Todo o, Preste Muita Atenção Cegalla
Laudelino Freire, Damião de Góis,Silveira Bueno,Júlio Nogueira,Édison de Oliveira,Antonio Henriques,Maria Margarida de Andrade e muitos outros ensinam esta BOBAGEM.
Professor Francisko Filho sites.google.com: TODO MUNDO e TODO O MUNDO:
1º. Emprega-se geralmente o artigo definido “o” depois da palavra todo ou toda , se tiver o significado de inteiro ou inteira:
Seu vasto coração abriga todo o colégio. = o colégio inteiro.
Todo o prédio foi vasculhado. = o prédio inteiro.
Comeu todo o bolo e bebeu todo o refrigerante = o bolo e o refrigerante inteiros.
2º. Se omitirmos o artigo depois das palavras todo e toda, essas passam a ter o significado de qualquer.
Todo dia é Dia das mães, da Mulher, dos pais e também do homem (Todo dia = qualquer dia).
Toda pessoa pobre sonha com dias melhores (toda pessoa pobre = qualquer pessoa pobre).
Todo sapato que ela vê quer comprar. (Todo sapato = qualquer sapato)
Caldas Aulete on: "(to.do) [ô] a. 1. A que não falta parte alguma; COMPLETO; INTEIRO; TOTAL: Toda a empresa compareceu: Falou toda a verdade // pr.indef. 2. Qualquer, cada: O desconto na passagem será concedido a todo estudante [NOTA.:NO PL. O USO DO ARTIGO É NECESSÁRIO: O desconto será concedido a todos os estudantes.] (aulete.uol.com.br ).
A contradição fica evidente, Aulete on: " Todo .... =Qualquer... todo estudante" (= Qualquer estudante). ESCRITO SEM ARTIGO.
Caldas Aulete, 5a EDIÇÃO, 1969,pág. 3985: " Todo.... // Qualquer, seja qual for, cada ( e neste caso pode-se usar tanto no plural como no singular): todo o homem é mortal; todos os homens são mortais; toda a classe de crimes; todas as classes de crimes....." ESCRITO COM ARTIGO: "todo o homem (= qualquer homem)...; toda a classe (= qualquer classe)....
E, para quem não sabe, houve mesmo uma época na história em que chegou a ser FACULTATIVO o uso do artigo singular depois de todo. Isto podemos confirmar na Gramática Expositiva de Eduardo Carlos Pereira e de muitos outros, conforme podemos ler na Gramática Portuguesa de Júlio Ribeiro: ".... Quando todo equivale a cada [qualquer], é FACULTATIVO o emprego do artigo,ex.: 'todo homem sensato ou todo o homem sensato despreza a ostentação.'
No plural é sempre obrigatório o uso do artigo,ex.: 'Todos os homens sensatos desprezam a ostentação.'...."
-Logo, era FACULTATIVO no português antigo escrever: Todo homem [=qualquer homem] sensato ou todo o homem [=qualquer homem] sensato. Idem no PORTUGUÊS ANTIGO o emprego de todo com ou sem artigo com o significado também de totalidade. CONSULTEM O DICIONÁRIO DE QUESTÕES VERNÁCULAS,1981,DO DR. NAPOLEÃO e aí lemos: " ....... Na mesma Antologia (Portuguesa), no volume consagrado a Lucena, o mesmo afirma por outras palavras Augustinho de Campos: ' Todo, não seguido de artigo definido, tem por vezes nos clássicos a significação de qualquer... mas também aparece sem artigo no sentido de totalidade........."
É através desse esclarecimento, via Dr.Napoleão, que entendemos estes dizeres de Eduardo Carlos Pereira, Gramática Expositiva: ".....Posposto ao substantivo, todo é qualificativo, e significa inteiro, total, p.ex.: ' Todo homem é mortal,....."
-Hoje todos sabemos que todo tem de ser escrito com o artigo: Todo o homem é mortal = O homem inteiro é mortal. MAS NOTE QUE NO PORTUGUÊS ANTIGO ERA FACULTATIVO TAL EMPREGO. Idem quando todo significava cada, qualquer. Tanto era correto escrever com ou sem artigo: Lia todo o livro = lia qualquer livro. Lia todo livro = lia qualquer livro.
Atualmente os "Cegollas" se perdem, e voltam a ensinar algo já dado como arcaico, a exclusão do artigo.
Said X Cegollas: Cegalla (Novíssima Gramática): " todo -Modernamente, costuma-se distinguir todo (=cada, qualquer) e todo o (=inteiro, completo): Li todo o livro (=o livro todo ou inteiro). Lia todo livro... (=cada ou qualquer livro)." -Preste muita atenção Cegalla: QUEM RECORRIA A ESTE SEGUNDO PROCESSO, OU SEJA, QUEM EXCLUÍA O ARTIGO QUANDO TODO SIGNIFICAVA QUALQUER ERA O PORTUGUÊS ANTIGO.
Said (Gramática Secundária): "... O PORTUGUÊS ANTIGO RECORRIA FREQUENTEMENTE A ESTE SEGUNDO PROCESSO; MAS OS ESCRITORES MODERNOS, PRINCIPALMENTE DOS SEISCENTISTAS PARA CÁ, REVELAM A TENDÊNCIA DE MANTER O ARTIGO...."
Vasco Botelho de Amaral: " Pode-se afirmar que a tendência geral é para a posposição do artigo, norma hoje INCONTESTAVELMENTE predominante."
Said Ali (Gramática Secundária): "Nomeando-se o indivíduo pela espécie inteira, o singular pelo plural, persiste o emprego do artigo, e é lógico que continue a usar-se o artigo quando se diga todo o leitor por todos os leitores, toda a ofensa por todas as ofensas. Mas designando-se o indivíduo pela espécie, confunde-se o conceito do número singular com o de qualquer indivíduo. Todo parece então sinônimo de qualquer, que exclui o emprego do artigo e daí a linguagem todo leitor, toda ofensa.MAS OS ESCRITORES MODERNOS, PRINCIPALMENTE DOS SEISCENTISTAS PARA CÁ, REVELAM A TENDÊNCIA DE MANTER O ARTIGO: Todo o homem [qualquer homem] neste mundo deseja melhorar de lugar (Vieira).... Todo o ministro [qualquer ministro] enquanto não cai é grande (Herculano)......"
DOUTOR NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA (DQVs,1981): ".... Há quem ensine que todo tem a significação de cada [qualquer], ou, ainda, de todos, quando no singular vem desacompanhado do artigo; acompanhado do artigo, dizem, esse indefinido passa a significar inteiro; fazem, assim, distinção entre 'todo homem' (cada homem, todos os homens) e 'todo o homem' (o homem inteiro). CABE-NOS DIZER QUE ESSA DISTINÇÃO É GRATUITA E INFUNDADA.......VINDO ANTES DO SUBSTANTIVO, TODO PODE OU NÃO SIGNIFICAR INTEIRO, MAS DEVE VIR SEGUIDO DE ARTIGO...."
Lello Universal ( De acordo com a Delta Larousse), pág.1035: " Todo (ô) adj. e pron. indef. (lat. totus). Exprime a universalidade das partes que constituem um conjunto; todos os homens. Diz-se de uma coisa, considerada na sua totalidade: trabalhar todo o dia [= trabalhar o dia inteiro].// CADA, QUALQUER (NESTE CASO PODE-SE USAR TANTO NO SINGULAR COMO NO PLURAL) toda a planta[qualquer planta] cresce; todo o homem[qualquer homem] é religioso....." Idem o Dic.Caldas, 5a EDIÇÃO.
E é exatamente isso que Said Ali, com outras palavras, está também nos ensinando em sua Gramática Secundária:
"....NÃO PODE PRIVAR-SE DO ARTIGO O ADJETIVO SUBSTANTIVADO QUANDO SE LHE ANTEPÕE A PALAVRA TODO, EMBORA ESTE VOCÁBULO TENHA O VALOR DE 'QUALQUER': Todo o pobre [=qualquer pobre] receberá esmola. -Todo o cativo [=qualquer cativo] que levava punha consigo à mesa. -Todo o preguiçoso [=qualquer preguiçoso] gosta de levantar-se tarde....."