O PRONOME PESSOAL

Pronome é uma palavra que substitui o nome (por isso, ele é chamado de "pronome substantivo": Onde ele estiver, o substantivo estará ausente) ou o acompanha (por isso se chama "pronome adjetivo": Onde ele estiver, lá estará também o substantivo) indicando a pessoa gramatical (1ª, 2ª e 3ª pessoas). Caso de pronomes pessoais que substituem um nome: Roberto caiu. ELE caiu. A cadeira é de madeira. ELA é de madeira. Casos de pronomes acompanhando o nome: MEU casaco se rasgou. MINHA camisa, não. Há vários tipos de pronomes. Hoje estudaremos o pronome pessoal, um dos que substitui o nome:

1) Pronomes Pessoais. Designam as três pessoas do discurso. Eu ,tu, ele . Podem estar no caso reto (EU fui ao teatro) ou no caso oblíquo (Eu O mandei sair). Os oblíquos subdividem-se em: A) Átonos: Me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes (não são acompanhados de preposição): Trouxe-LHE o brinquedo; B) Tônicos: Pronome: mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, si, eles, elas, que são antepostos de preposição: Nada deram A ELES. Mandaram essa encomenda PARA TI;

2) Número dos pronomes pessoais: A) Primeira pessoa do singular: Eu, me, mim, comigo; B) Segunda pessoa do singular: Tu, te, ti, contigo;

C) Terceira do singular: Ele (ela), se, si, consigo, o, a, lhe; D) Plural da primeira pessoa: Nós, nos, conosco; E) Plural de segunda pessoa: Vós, vos, convosco; F) Plural da terceira pessoal: Eles (elas), se, si, consigo, os, as, lhes;

3) Pronomes de tratamento: São usados cerimoniosamente quando nos dirigimos a um interlocutor ou falamos sobre ele. Então, eles são de segunda pessoa e os verbos são de terceira (embora haja gramáticos que os considerem de terceira pessoa, Celso Cunha, por exemplo. Não acho tal opinião correta, pois, com esses pronomes nos dirigimos a uma segunda pessoa na interlocução, embora os verbos fiquem na terceira pessoa) . Alguns deles: Vossa Alteza ( príncipes), Vossa Eminência (cardeais), Vossa Excelência (altas autoridades), Vossa Magnificência ( reitores), Vossa Santidade (papa), Vossa Reverendíssima (sacerdotes), Vossa Senhoria (funcionários graduados), Vossa Majestade (reis). Se falamos com a autoridade, usamos VOSSA. VOSSA excelência sabe disso. Se falamos dela: SUA . SUA Excelência, o juiz, de nada SABE. Os pronomes de tratamento são usados com o verbo na terceira pessoa, assim como os verbos. Você, (vossa Excelência, vossa Majestade, Alteza) chegou atrasada.

4) Usos dos pronomes pessoais: Conosco e convosco. Se vierem seguidos de “outros”,” todos”, “ mesmos” ficam na forma não sintética: Elas desejam que fiques CONOSCO (forma sintética). Elas desejam que fiques com NÓS mesmos. Elas desejam que fiques com todos.

5) O (e variantes), usados encliticamente com verbos terminados em R, S, e Z, estas letras são extintas e os oblíquos mudam para LO, LA, LOS, LAS: Amá-LO, fizemo-LAS, trá-LOS, pedi-LAS, comê-LAS, pô-LAS. Também usamos LO e variantes com o designativo EIS. Eis a mercadoria: EI-LA. Eis os brinquedos: Ei-LOS. Se a terminação verbal for em som nasal (M, ÃO e ÕE) aqueles oblíquos (o, a, os, as) mudam para NO, NAS, NOS, NAS. Perderam- NA. Em cerimônias, ou por modéstia, NÓS e VÓS podem substituir EU e TU. Vós SOIS o Senhor.

Nós já escrevemos todo o trabalho (EU): Plural da modéstia.

6) Oblíquos como objetos (complementos de verbos). O, A ,OS, AS são sempre objetos diretos. “LHE” é sempre objeto indireto. Dei-lhe o livro. Amo-a de coração. Já os pronomes átonos ME, TE, SE, NOS, VOS, e os tônicos A MIM, A TI, A SI, A NÓS, A VÓS podem funcionar como OD (objeto direto) e OI (objeto indireto). Se puderem ser trocados por um substantivo SEM preposição, são OD; caso precise da preposição, são OI: As palavras dela ME ofenderam. As palavras dela ofenderam A MIM. As palavras dela ofenderam o juiz. No caso, ME é OD; A MIM, Objeto Direto Preposicionado (ODP). (Nota: Para os casos principais do Objeto Direto Preposicionado, há um texto de minha autoria no RL. Sugiro uma leitura). Caso na troca do pronome (tônico ou átono) por um substantivo, este exija preposição, o oblíquo é OI: O trabalho ME convinha. O trabalho convinha A MIM. Caso haja a troca do oblíquo por substantivos, estes pedem uma preposição. Portanto, esses oblíquos, no caso, são objetos indiretos." A MIM” é objeto indireto preposicionado (OIP) e ME é Objeto Indireto (OI).

7) Os OD e OI podem combinar-se entre si: Ele NOS deu a chave. NOS + A: Ele NO-LA deu. Ele ME entregou a caneta. ME + A: Ele MA entregou. Eu doei o terreno a João: Eu lho doei. Ela vos entregou a borracha: Ela VO-LA entregou. Ela nos deu os livros: Ela no-los deu. Ela me deu o lápis: Ela mo deu.

8) Objetos pleonásticos ( ODP e OIP): É a repetição do mesmo objeto numa frase por razão estilística: Aquele jogo, guardei-O indelevelmente na memória. Aos adversários, dou-LHES apenas trabalho. "O" é Objeto Direto. "LHES" é OIP (Objeto Indireto Preposicionado).

9)O pronome pessoal VÓS vem caindo em desuso e tende a desaparecer da comunicação. “VOCÊS” já reina absoluto. Porém, para se dirigir a Deus, alguns cristãos (sobretudo os católicos) não usam TU nem VOCÊ. Usam VÓS. E quase todos os cristãos, ao usarem um pronome (reto ou oblíquo) referente a Ele geralmente o faz com letra inicial maiúscula: Ele, dEle, nEle, O, No, Lhe, etc.

10) Depois da preposição, jamais poderemos usar o pronome do caso reto. Sempre usaremos o oblíquo tônico. Por isso, não devemos dizer: Entre EU e TU, mas sim, entre MIM e TI. Além disso, EU e TU só se usa antes de verbo. Porém, há um caso, depois da preposição, que é vedado o uso do oblíquo: Se depois da preposição houver um verbo no infinitivo (e sempre só aparece no infinitivo). É errado eu dizer: Ela trouxe o chocolate para EU (depois de preposição jamais deveremos usar o pronome reto. É certo: Ela trouxe o chocolate para MIM. É errado: Ela trouxe o chocolate para mim comer (“comer” aqui pede um sujeito e, nunca, um oblíquo pode funcionar como tal; ele é sempre objeto). O certo: Ela trouxe o chocolate para EU comer (“EU” aí é sujeito de comer). É errado também: Chegou a hora DELE dormir (dormir requer sujeito, que não pode ser DELE, pois nunca uma preposição pode introduzir uma oração, isto é, servir de sujeito desta). O certo: Chegou a hora de ele dormir ( O sujeito da segunda oração deste período é “ele dormir”. Temos que ter em mente também que DE pertence à primeira oração “chegou a hora de” e não à oração seguinte.)

11) SI e CONSIGO são pronomes reflexivos: Ele só pensa em SI mesmo. Ela levou CONSIGO toda fortuna. Usos errados: Eu confio muito em SI. Fiquei pensando CONSIGO mesmo. O certo: Eu confio muito em MIM. Fiquei pensando COMIGO mesmo.

12)Uniformidade de tratamento. Sempre que numa oração, num período, num texto, numa carta, num discurso começarmos a tratar alguém com um pronome, durante todo o texto teremos que usar o mesmo pronome. Os verbos devem estar em perfeita concordância com o pronome escolhido, do início ao fim. Dizer: Não tragas pedra no peito, para você levar nele o meu amor. Ora, pelo imperativo, o autor da frase tratou o interlocutor por TU (tragas), depois usou VOCÊ. Errado também: Já disse a VOCÊ, meu bem, eu TE amo. Não usar a uniformidade de tratamento é prova de grande incompetência linguística. Imperdoável!

13) A GENTE, em vez de NÓS e de EU. É correto. É mister ficar atento a duas cousas: Jamais usar AGENTE e ter cuidado com a concordância verbal. A gente vai. Nunca: A gente vamos. Nós iremos. Nunca: A gente iremos. Esta dói: Agente vamos! Mas, por incrível que pareça há muitos “acadêmicos” por aí cometendo tais barbaridades, mesmo existindo o corretor gramatical no Word. Quem sabe um artigo no código penal por crimes de lesa-língua (isso não é lesão corporal?) não nos faria ter mais respeito com o idioma!

14) Pronomes reflexivos e recíprocos. O sujeitos reflexivos praticam e recebem a ação. Têm três formas próprias de obíquos reflexivos: SE, SI, CONSIGO (tanto para o plural quanto para o singular): Elas trouxeram CONSIGO um moderno computador. Consigo ele trouxe uma calculadora. Ele se vestiu rápido, mas elas se vestiram vagarosamente. Quando os núcleos de um sujeito agem uns sobre os outros (ação recíproca) trata-se de um pronome recíproco. A reciprocidade da ação fica clara, isto é, evita ambigüidades (já que a construção parece com a reflexiva), com o uso de advérbios ou de expressões reforçativas: um ao outro (s) , entre si, mutuamente, reciprocamente: Jó e Tó enganaram-se (perceba a ambigüidade); Jó e Tó enganaram-se entre si (ou: um ao outro, mutuamente, a si mesmos, ele e ela entreolharam-se. Para os reflexivos podem usar: A mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo: Eu me cortei e mim mesmo.

15) Emprego dos pronomes retos: A) Sujeito: Eu estudava e brincava quando era criança; B) Predicativo do sujeito: Eu serei TU; eu não sou mais EU. C) TU e VÓS podem ser vocativos: TU, Nina, podes vir comigo. Vós, depravados, podeis sair!

16) Omissão do pronome sujeito. É possível, porquanto as desinências verbais indicam tudo. Por ênfase, é que ele é mantido: Eu, um agonizante, despeço-me de todos. Ou quando a forma verbal para a primeira e terceira pessoas do singular é a mesma: “É preciso que eu REPITA o que ele DISSE? É preciso que ele REPITA o que eu DISSE” (Celso Cunha). Se for algo desagradável, pode-se inverter: EU, Leandro e Neco somos os culpados.

17) Realce do Pronome Sujeito: MESMO, PRÓPRIO, É QUE: Tu mesmo farás tudo. Ele próprio disse. Eu É QUE devo sair.

18) Por civilidade e se o sujeito inclui EU, este pode estar no fim: Neco, Leandro,e EU fomos promovidos. Mas, se o caso não for favorável, a ordem pode ser invertida: EU, Leandro e Neco fomos os culpados. Mas, tratando-se de algo desagradável, a ordem pode ser invertida: EU, Leandro e Neco somos os culpados.

17) Realce do Pronome Sujeito: MESMO, PRÓPRIO, É QUE: Tu mesmo farás tudo. Ele próprio disse. Eu É QUE devo sair.

18) Por civilidade, quando o sujeito inclui “EU”, este deve vir por último: Leandro, Neco e EU fomos promovidos .

19) Exceto o extremo sul do país, o pronome TU vem aos poucos caindo em desuso. O uso de VOCÊ vem se alastrando, inicialmente por demonstrar mais intimidade entre parentes e amigos próximos, e hoje por se usar até entre pessoas de níveis sociais e profissionais diferentes. Há inclusive uma tendência, salvo principalmente no Congresso Nacional, de essa asneira de pronome de tratamento ir cada vez sendo menos usado. Basta notar que quando falamos com um sacerdote, com um reitor, com um ministro, com altas autoridades do exército, etc. já começa a soar estranho o uso de seus respectivos pronomes de tratamento especiais, a não ser em reuniões por demais cerimoniosas. Outra é que, pelo menos também no Nordeste, o TU ainda é muito usado, substituindo inclusive nos lares a forma tradicional do uso do SENHOR, quando se dirige ao pai, os tios e os avós etc. Não sei se há influência, mas talvez a aumento da consciência cidadã e, portanto, do sentimento de igualdade, na essência, entre todos os membros da sociedade, a antiga diferença que se fazia entre uma profissão e outra já não é tão significativa. O uso do pronome TU é de suma importância para dois fatos: Tonar as orações mais sucintas e mais claras e, além disso, evita muitas ambigüidades. É uma pena que esteja caindo em desuso.

20) Extensão de Emprego dos Pronomes Retos. A) O plural da majestade. NÓS em vez de EU começou a ser usado por questão de modéstia: O rei era porta-voz da nação e em nome desta falava; o prelado, solidarizando-se com os fiéis, mostrava humildade, usando NÓS. Depois, perdeu-se esse valor i, e o pronome se tornou uma expressão de grandeza do rei ou prelado: O plural da majestade. B) O plural da modéstia: Ocorre quando escritores e oradores usam-na para tirar o tom impositivo e pessoal. “NÓS” passa a impressão de o pensamento deles é perfeitamente compartilhado com seus leitores e ouvintes; C) Fórmula de cortesia: Usa-se a 3ª pela 1ª. Por deferência a quem nos dirigimos, é comum começarmos assim: “José Lula, associado deste clube, requer a V. Sª se digne a...” D) O VÓS de cerimônia: Usado por pastor ou padre, implícito também no verbo “oremos” ao senhor, “podei” sentar, “ficai” de pé.

21) Quando um oblíquo é objeto de vários verbos de igual regência, ele não precisa ser repetido: Ela ME viu e sorriu. Ela ME viu e Me sorriu (não está errado, mas apenas um ME seria necessário). Porém: Ele ME ouviu e desobedeceu, tal oração está errada, pois os verbos são de regências diferentes (um pede OD e o outro OI). A oração certa seria: Ele ME ouviu e ME desobedeceu. Outras orações erradas: Entrei e sai de casa e ninguém viu (O certo: Entrei em casa e sai dela e ninguém viu). Fui e vim do bar em 20 minutos (o certo: fui ao bar e voltei dele em 20 minutos). Ainda que os verbos tenham a mesma regência, a colocação do oblíquo tem que ser repetida, caso este seja enclítico ao primeiro verbo: Ele viu-me e sorriu-me.

22) Emprego e valores do SE: A) Objeto Direto: Ele SE viu no espelho. Elas SE abraçaram. B) Objeto Indireto: Ela deu-SE um presente. C)Sujeito de um infinitivo: Ela deixou-SE enganar. Ele deixou-se ficar embriagado. Ela deixou-SE maltratar.

23) Colocação pronominal: A) Próclise: Eu a vi; Mesóclise: Vi-la-ei. C) Ênclise: Vi-a.

24) Colocação do pronomes átonos. Para L. A Sacconi ( Gramática Essencial Ilustrada), no português do Brasil, a regra de colocação é a próclise. Há só quatro proibições: A) Iniciar período com pronome oblíquo : Me dê o lápis. Se apresse! Se o texto for escrito, devemos preferir a ênclise: Dê-me o lápis. Apresse-se! B) Ênclise ao futuro: Enviá-lo-ei pelo correio. Perdoá-lo-ia pela ofensa que me causou. A ênclise nesses casos são extremamente ruidosa aos ouvidos. Porém, se a oração começar com outra palavra, pode se usar a próclise: Eu o enviarei pelo correio. Eu o perdoaria pela ofensa.C) Não usar a ênclise de particípio e de infinitivo: Estas são obrigatórias, apesar de, no Brasil, sobretudo quando há locuções, as pessoas preferirem o oblíquo solto entre os dois verbos: A polícia tem espancado-o. Luzia vai casar-se com João. D) Em orações reduzidas de gerúndio (ele vive atrapalhando-A) e de infinitivo (ele costuma irritar-se facilmente), devemos usar sempre a ênclise com tais verbos. Mas, com a preposição EM+ gerúndio, pode-se usar o oblíquo assim: Em SE tratando de Brasil, há muito o que ser mudado. Respeitando-se tais exceções, a próclise é soberana. Só para reforçar: Nas locuções verbais e tempos compostos, o oblíquo pode ficar solto entre os verbos, mesmo havendo partículas atrativas antes da locução. Chega a ser um erro a ênclise com o verbo auxiliar, pois o oblíquo se associa ao verbo principal.

25) Pronome oblíquo funcionando como possessivo: A queda rasgou-lhe a calça (a calça dele ou dela). O acidente quebrou-te a perna (tua perna).

26) MESMO E PRÓPRIO como reforços dos pronomes pessoais: Ele MESMO construiu a casa dele. Ela PRÓPRIA fez todo o trabalho dela. Obs.: "Mesmo" e "próprio" aqui são palavras expletivas, isto é, têm objetivos enfáticos (e não sintáticos).

Nota:

1) Uso adequado como pronomes demonstrativos:

a) Ela mesma, ele mesmo, eles mesmos, elas prórprias fez (fizeram) o almoço. Aqui, tais palavras concordam, como visto nos exemplos, com o pronome.

b) O robô nunca inova: Faz sempre os mesmos movimentos.

2) "Mesmo" como advérbio: Ele disse que ia fazer e fez 'mesmo'.

3) Uso inadequado: Ele fez uma série de afirmações. As "mesmas" não procedem.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 13/08/2012
Reeditado em 11/12/2012
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