SUBSTANTIVO: CLASSIFICAÇÃO. FLEXÕES ( GÊNERO, NÚMERO, GRAU).FUNÇÕES SINTÁTICAS E MAIS

1) Definição e classificação. Substantivo é a classe de palavras com as quais os seres são nomeados: Brasil, pai, homem, cidade, doença, ira, Paulo, Campina Grande, por exemplo. Se a designação for específica, ele é próprio e se escreve com letra inicial maiúscula. Se for genérica, ele é comum e a inicial é minúscula. Substantivo coletivo é o que, no singular, refere-se a um conjunto de seres da mesma espécie. Há coletivos que se referem a grupos acidentais ( grupo, multidão, bando); a partes organizadas de um todo (regimento, batalhão e companhia, que são subconjuntos do exército); ou a grupos de elementos da mesma espécie (boiada, ramaria, alcatéia, cáfila). Instituições sociais, culturais e religiosas (assembléia, congresso, concílio, conclave e consistório, etc.), que se reúnem para determinado fim, não são coletivos verdadeiros. Quando o coletivo não é específico ( cacho, caravana, junta, turma, etc.), o ser a que ele se refere deve ser nomeado (ex.: cacho de uvas). O substantivo concreto (casa, boneca) tem existência própria, já o abstrato (dor, beleza) depende da existência de outro, pois se não houver um substantivo concreto para sentir a dor e ter beleza, estes não existirão. O substantivo simples (água) é formado por apenas um elemento; o composto, por mais dois ou mais elementos (aguardente, embora).

2) Flexão em gênero. O substantivo pode ser masculino ou feminino (categoria gramatical que só coincide com sexo quando se refere a animais). “Casa” é do gênero feminino (vaca é do gênero ou sexo feminino). Sapato e sapo, idem o mesmo raciocínio. A regra é o masculino e o feminino serem marcados pela desinência A e O, respectivamente. Mas, têm substantivos dotados de apenas um gênero e ele é conhecido pelo artigo, possessivo ou adjetivo com que concordam: Livro, óculos, máquina, papel, tesoura. Quando são biformes, o gênero pode ser indicado pela terminação da palavra: Operador/operadora, hóspedE/ hóspedA, mongE/ monjA, presidente/presidenta (em muitos casos, os substantivos terminados em E, a oposição de gênero é feita pelo artigo: o paciente, a paciente). Os masculinos terminados em ÃO, fazem o feminino em OA (leOA, leitOA, patrOA ); em ONA (comilONA, pobretONA, folgazONA) ou em à (irmÃ, anÃ, anciÃ). Os que terminarem ES, L, Z, fazem o feminino com o A (freguesA, juízA, bacharelA). Outros femininos são feitos com os sufixos ISA, ESA, ESSA ( PoetISA, consulESA, condESSA). Há substantivos que, por serem destituídos de marcação interna de gênero, tem essa marcação feita por artigos (os comuns-de-dois: o/a acrobata, o/a consorte, o/a rival, o/a líder. Notar: referem-se a pessoas) ou pelos adjetivos macho e fêmea (são os epicenos: o jacaré macho/fêmea; a cobra macho/fêmea. Notar: referem-se a animais). Os substantivos heterônimos têm radicais diferentes para o masculino e para o feminino: Touro/vaca, genro/nora/, pai/mãe. Os sobrecomuns não têm marca alguma de distinção (nem interna nem externa): O cônjuge, o apóstolo, o carrasco. Há os substantivos oscilantes (prova de que a categoria “gênero gramatical” só tem a ver com “sexo” quando se trata de animais), ora são usados no masculino, ora são usados no feminino, e ainda existem os que mudam de significado ao mudar de gênero: a/o cisma, o/a cura/, o/a capital, o guia/a guia., o/a cabeça.

3) Número do substantivo. Regra geral: O plural é feito com a adição da desinência S. Se terminado em ÃO, faz-se o plural: a) Em ÕES ( canções, corações, opiniões; bobalhões, casarões, moleirões); b) Em ÃES ( alemães, cães, pães); c) ou apenas se acrescenta S: Todos os monossílabos e paroxítonos (grãos, vãos, chãos, mãos, acórdãos, órfãos, órgãos, sótãos) e alguns oxítonos (cidadãos, cortesãos, desvãos, pagãos). Há palavras que, ao irem para o plural, sua vogal tônica (fechada no singular) passa a ter timbre aberto: Caroços, corpos, destroços, fogos, tijolos, povos. Os substantivos terminados em R, Z e N, faz-se o plural com ES (mares, rapazes, abdômenes, líquenes, cânones). Obs.: As palavras caráter, júpiter, lúcifer, espécimen ficam com a tonicidade deslocada ao irem para o plural: Caracteres, jupíteres, lucíferes, especímenes. Os paroxítonos terminados em S e X, ficam invariáveis: o/os atlas, o/os pires, o/os lápis, o/os tórax, o/os ônix, mas os oxítonos levam o S no plural: ananases, reveses, países. Os oxítonos terminados IL , ao ir para o plural, troca-se o L por S: Ardis, barris, civis, mas os paroxítonos, troca-se por EIS: Fósseis, répteis. Os diminutivos em -ZINHO ou –ZITO, vão para o plural o substantivo primitivo (perdem o S) e o sufixo: Balãozinho: balõezinhos; papelzinho: papeizinhos; colarzinho/ colarezinhos; cãozito: cãezitos. Há substantivos só usados no plural, tais como: Alvíssaras, cãs, esponsais, primícias, fezes, víveres, anais, assim como há outros usados apenas no singular: ferro, ouro, fé, cobre (quando estes vão para o plural, muda de sentido: Ferro é metal; ferros, ferramentas). Plural do substantivo composto: a) Não havendo hífen, o plural é como se fosse de nome simples: Pontapés, aguardentes, malmequeres, clarabóias; b) Com hífen: Se o primeiro termo for invariável ou verbo e o outro for substantivo ou adjetivo, estes é que vão para o plural: Guarda-chuvas, bate-bocas, sempre-vivas, vice-prefeitos; c) Quando a ligação for feita com preposição, só o primeiro termo varia: Chapéus-de-sol, pães-de-ló, mulas-sem-cabeças, pés-de-cobra; d) se o segundo termo funcionar como substantivo determinante específico, ele é invariável: Navios-escola, salários-família, bananas-prata, mangas-espada; e) Compostos formado só por substantivos ou destes com adjetivos, ambos os termos vão para o plural: Cartas-bilhetes, tenentes-coronéis, gentis-homens, águas-marinhas.

4) Grau do substantivo. Pode-se apresentar o substantivo na sua significação normal ( telefone, carro, casa), aumentada (grau aumentativo) depreciativamente ( bocarra, chapelão, casarão, pratarraz, copázio, barcaça), ou atenuada (grau diminutivo), às vezes, valorizada ou desvalorizada afetivamente ( riacho, casebre, lugarejo, chuvisco, homenzinho, chapeuzinho, Paulinho). Além da forma sintética, pode-se mudar o grau de um substantivo pelo processo analítico: Casa grande/ casa pequena, homem alto/ homem baixo. Observação: É mais comum alterar o grau de um substantivo de forma analítica. Quando se faz sinteticamente, na maioria dos casos, o que se tem em mente é expressar disformidade e grosseria (bocarra, narigão, beiçorra, porcalhão): É um aumentativo pejorativo. Já o diminutivo pode transmitir uma impressão negativa (uma troça, uma ofensa, um desprezo), mas também pode exprimir carinho e afeto: Amorezinho,

Luizinho;

5) Emprego do substantivo (funções sintáticas). O substantivo pode desempenhar na oração a função de: a) Sujeito: A casa está transformada; b) Predicativo do sujeito: Emanuel é um estudante; c) Predicativo do objeto direto: Julgo-o um trapaceiro; d) Predicativo do objeto indireto: Chamavam-te de professor; e) Objeto direto: Vi um acidente; f) Objeto indireto: Ele obedeceu às leis; g) Objeto direto preposicionado: Ninguém engana a Deus; h) Complemento nominal: Sou desfavorável a Dimas neste caso; i) Adjunto adverbial: Venho de Campina Grande; j) Agente da Passiva: A grama foi aparada por Dantas; L) Aposto: Aprecio três frutas: Laranja, manga e abacaxi; m) Vocativo: Quero te falar algo, mana.

6) Substantivo como adjunto adnominal. Precedido de preposição (locução adjetiva) ou não, o substantivo pode funcionar como adjunto adnominal: Stalin foi um ditador SEM ENTRANHAS (perverso), um portão DE FERRO, um riso CANALHA, um trabalho MONSTRO, um apetite ELEFANTE.

7) Substantivo caracterizador de adjetivo. Para precisar o matiz de uma cor, é comum usar um substantivo (o tom ) com um adjetivo (a cor): Azul-petróleo, verde-canário, roxo-batata.

8) Substantivo caracterizado por um nome. Um nome acompanhado de uma preposição pode ser caracterizado por um substantivo.O cachorro DO HOMEM! O raio DO MENINO (foi e veio num segundo). A pobre DA CRIANÇA.... Tal expressão é carregada de intensidade afetiva, seja pelo realce da ligação íntima através da preposição, seja porque vem anteposta ao substantivo que caracteriza.

9) Substantivo como núcleo de frases nominais: Que dia belo! Parabéns, Luana!

Fontes principais: Cunha, Celso (Nova Gramática do Português Contemporâneo).

Platão Savioli, Francisco ( Gramática em 44 lições).

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 10/08/2012
Reeditado em 13/08/2012
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