" Feliz o Que Transmiti o Que Sabe, e Aprende o Que Ensina " (Cora Coralina)
NADA JUSTIFICA O EMPREGO ERRADO DO ARTIGO "O" ANTES DO INTERROGATIVO "QUE" GENUÍNO, CASTIÇO, NO INÍCIO DE UMA ORAÇÃO, EXCETO O ESCURECIMENTO DA NOÇÃO E A CONFUSÃO DE SEUS USUÁRIOS.
Doutor Napoleão Mendes de Almeida, Gramática Metódica da Língua Portuguesa: -"Interrogativos: São assim chamados que, quem,qual e quanto, quando participantes de orações interrogativas: 'Que horas são?' -'Que hora é?' -'Quem disse?' -'Qual homem isso conseguirá?' -'Quantos soldados devemos mandar?' -'Quanto queres?'.....................................
NÃO CONSTITUI CONSTRUÇÃO SINTATICAMENTE LEGÍTIMA O EMPREGO DA FORMA 'o que' COMO PRONOME INTERROGATIVO, embora comum no linguajar do povo e, mais ainda,encontrado em bons escritores. O que sois? (Gonç, Dias) -O que será padre? (Garrett) -O que te fez, meu filho? (Odorico Mendes) -O que será feito de frei Timóteo? (Alex. Herculano) -O que fariam eles? (Latino Coelho) -O que era isto? (Castilho) -O que são sílabas? (Aulete).
Também o espanhol luta com o popular interrogativo 'el que'.
Não é construção legítima, porque o 'o' ( ou o 'el' espanhol) NENHUMA FUNÇÃO SINTÁTICA FICA EXERCENDO NA ORAÇÃO, emprega-se somente quando estritamente necessário para a eufonia, o que se dá quando o 'que' vem depois do verbo: 'Fez ele o quê?' -'Mandarias o quê?'
INICIANDO a oração o 'que', mais castiçamente, deverá vir desacompanhado do 'o', porque neste caso é sintática e eufonicamente inútil: 'Que queres?' -'Que há?' -'Que?!' "
Dicionário de Questões Vernáculas,Ed.Caminho Suave,1981: "Com função pronominal, o pronome que NÃO deve vir precedido de o no início de uma interrogação; o CERTO é perguntar: Que quer você? Que há? Que é que você está pensando? Mas que querem eles? (e não: O que quer você?) etc".
Júlio Ribeiro ( Gramática Portuguesa,5a ed.,...,1899): "... 11) antes dos pronomes conjuntivos empregados INTERROGATIVAMENTE, ex.: '-Que queres? -Que te parece?'
-'O que queres? -O que te parece?' E OUTRAS CONSTRUÇÕES IDÊNTICAS SÃO INCORRETAS......."
João Ribeiro: " Omite-se ( o artigo o ) antes do que interrogativo. Que é isto? Que é ciência? -e não - o que é isto? O que é a ciência?
É uso clássico, mas não o de hoje em Portugal nem no Brasil." (Gramática Portuguesa: Curso Superior. 22a edição..., 1933.)
Cegalla: "Pronomes Interrogativos. Aparecem em frases interrogativas...: Que há? Que dia é hoje? ......." (Novíssima Gramática da Língua Portuguesa,1971).
Sacconi: "Os pronomes interrogativos. Sempre que você encontrar os pronomes que, quem, qual,quanto em orações interrogativas, serão pronomes interrogativos.Exemplos: -'Que fazer nos momentos de infelicidade, desespero e desilusão?'........." (Gramática Em Tempo de Comunicação,1976).
www.portalsaofrancisco.com.br/.../"PRONOMES INTERROGATIVOS: São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em frases interrogativas diretas ou indiretas.Exemplos:Que farei agora? - Interrogativa direta. Quanto te devo, meu amigo? - Interrogativa direta. Qual é o seu nome? - Interrogativa direta. Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. - Interrogativa indireta.Notas:Na expressão interrogativa Que é de? subentende-se a palavra feito: Que é do sorriso? (= Que é feito do sorriso? ), Que é dele? (= Que é feito dele?). Nunca se deve usar quédê, quedê ou cadê, pois essas palavras oficialmente não existem, apesar de, no Brasil, o uso de cadê ser cada dia mais constante.NÃO SE DEVE USAR A FORMA O QUE COMO PRONOME INTERROGATIVO;usa-se apenas que, a não ser que o pronome seja colocado DEPOIS do verbo." (Fonte: www.priberam.)
Said Ali (Gramática Histórica da Língua Portuguesa): ".... Origem e emprego do interrogativo o que. - Esta forma foi a princípio estranha à língua, mesmo nas interrogações indiretas onde mais tarde se generalizou........ EM MUITOS CASOS O SENTIDO ERA DÚBIO, OU PELO MENOS CONFUSO, porque a palavra que, além de pronome, também pode ser partícula (conjunção); ..... o confronto de não sei o que é com as frases paralelas não sei quem é, não sei qual é, DETERMINOU O ESCURECIMENTO DA NOÇÃO demonstrativo no vocábulo o, passando ele a funcionar, nas interrogações indiretas, como reforço do pronome que.
Admitida a forma o que na interrogação indireta, estava dado o primeiro passo para a sua admissão nas perguntas diretas......... A NECESSIDADE DESSE RELEVO NO COMEÇO DE PERGUNTA NÃO SE ANIMARAM OS ESCRITORES A MANIFESTAR SENÃO MODERNAMENTE.
Ao senso comum parece tão legítimo dizes o quê? Como o que dizes? A gramática, reconhecendo interrogativo acentuado no primeiro caso, reconhece-o também no segundo........ -O que é que eu vejo? (Castilho).... -O que foi isto? (Castilho) ....-O que é o livro? (Herculano).
POSTO QUE OS SUPRACITADOS EXEMPLOS DE O QUE A PAR DO SIMPLES QUE SEJAM DE AUTORES DO SÉCULO XIX, NÃO SE CONHECENDO EXEMPLOS ANÁLOGOS EM SEISCENTISTAS NEM NA LINGUAGEM GRAVE DOS QUINHENTISTAS, é certo entretanto que o emprego do interrogativo o que na linguagem falada remonta pelo menos ao século XVI. Houve, neste longo período, da parte dos escritores o receio de afastar-se da tradição, não ousando eles [os escritores antigos] admitir em suas obras uma expressão já sancionada pelo falar usual......"
Quid novi? =Que há de novo? Era o que corretamente tínhamos, uma expressão sancionada [= aprovada, ratificada] pelo falar usual: Que há? (E não: "O" que há?)
Dr.Napoleão:".... Também o espanhol luta com o popular interrogativo 'el que'. Não é construção legítima, porque o 'o' ( ou o 'el' espanhol) NENHUMA FUNÇÃO SINTÁTICA FICA EXERCENDO NA ORAÇÃO, emprega-se somente quando estritamente necessário para a eufonia, o que se dá quando o 'que' vem DEPOIS do verbo: 'Fez ele o quê?' -'Mandarias o quê?'
INICIANDO a oração o 'que', mais castiçamente, deverá vir desacompanhado do 'o', porque neste caso é sintática e eufonicamente inútil: 'Que queres?' -'Que há?' -'Que?!' "
-O QUE É NÃO PODE SER E NÃO SER AO MESMO TEMPO: QUID NOVI? =QUE HÁ DE NOVO? (E NÃO: "O" QUE HÁ DE NOVO?) Quando INTERROGATIVO, que, no INÍCIO de uma oração, NÃO deve em hipótese alguma trazer o artigo o: Que é cacofonia? Que é isto? Que? Que há? Que lhe parece?