O ADVÉRBIO
O advérbio é uma palavra invariável que modifica o verbo, um adjetivo ou outro advérbio. Ao verbo, ele dá uma circunstância, que é a função essencial dessa classe gramatical. Ao adjetivo e a outro advérbio, confere intensidade. Se bem que há advérbio de intensidade que também modificam verbos: Ela come (fala, joga, toca, vê) demais.
Nesse conceito, percebe-se os três critérios essenciais para a classificação de uma classe gramatical: O mórfico ou formal (palavra invariável: Não varia, em número ou em gênero, pelas palavras com as quais se relacionam), o funcional ou sintático ( associa-se ao verbo, ao adjetivo e a outro advérbio) e semântico (dá circunstância e intensidade).
O papel primordial do advérbio é o de modificar o verbo, dando a este uma circunstância de modo, tempo, lugar, etc. Na sua relação com outro advérbio e com o adjetivo, ele é apenas intensificador.
Os advérbios são intransitivos, pois dependem de outras palavras, mas categoria gramatical alguma depende deles.
Os advérbios podem existir sob a forma de locução, ou seja, é formado por mais de uma palavra: Vi tudo DE LONGE. Eles comeram DE NOVO. A cidade está EM SILÊNCIO. A locução adverbial, via de regra, forma-se pela junção de uma preposição e um substantivo (preposição + substantivo). Se a um advérbio se antecipar uma preposição, ele continua advérbio. Porém, se a preposição vier posposta, vira uma locução prepositiva: Por dentro: Ele veio POR DENTRO (locução adverbial). Por dentro de: Ele veio POR DENTRO DO rio (locução prepositiva).
Outras locuções adverbiais: À direita, de cor, em vão, por acaso, em mão, de modo algum, nunca mais, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de vez em quando, em breve, de tarde, de súbito.
1) Advérbio como modificador de um adjetivo:
O prédio é alto. O prédio é MUITO ( extremamente, bastante, enormemente, etc) alto.
2) Advérbio como modificador de outro advérbio: Hoje eu acordei cedo. Hoje eu acordei MUITO cedo.
3) Advérbio como modificador de uma oração completa: Todos morreram no acidente, lamentavelmente. Infelizmente, o Brasil não ganhou a Copa do Mundo Futebol este ano.
Neste caso, comumente, o emissor expressa uma avaliação do fato contido na oração. E o advérbio, posicionado no início ou no final da oração, deve ficar isolado pela vírgula.
4) Advérbio como modificador de um verbo. Aqui, o advérbio, conforme já vimos, dá uma circunstância ao verbo, que, semanticamente, é seu principal papel. Por esse critério, ele adiciona várias idéias ao advérbio, como: Tempo: Ele veio cedo. Lugar: Não vou lá. Modo: Ela nada bem. Negação: Ele não quer. Dúvida: Talvez nem chegue.
5) Advérbios interrogativos. São as palavras onde, como, por que, quanto e quando usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas: Por que ele não veio? Não sei por que ele não veio. Quanto custou eu não sei. Quanto custou? Por onde ele anda? De onde ele vem? Não sei onde ele está.
6) Grau do advérbio. Apesar de ser invariável, o advérbio, especialmente o de modo, é passível de gradação. Pode apresentar o grau comparativo ou o superlativo, sob processos análogos aos observados nos graus dos adjetivos:
6-1) Comparativo: a) De igualdade: Tão + advérbio + quanto: Ele nada TÃO rápido QUANTO (como) ela. b) De superioridade: Mais+advérbio+(do) que: Ele nada MAIS rápido (do) QUE ela. c) De inferioridade: Menos+ advérbio + (do) que: Ele nada MENOS rápido (do) QUE ela.
6-2) Superlativo: a) Sintético: Advérbio+sufixo (-íssimo): Ela chegou cedíssimo. Se o advérbio terminar em –mente, tal terminação é usada com feminino do superlativo do adjetivo do qual deriva: Alto: Altíssimo: altissimAmente. Lento: Lentíssimo: Lentissimamente: Ele é lento. Ele nada lento. Ele nada muito lento. Ele nada lentíssimo. Ele nada lentissimamente b) Analítico: Muito+advérbio: Ela chegou muito cedo.
7) Os advérbios BEM e MAL e os adjetivos BOM e MAU têm como comparativos de superioridade sintéticos as palavras MELHOR e PIOR, que, muitas vezes, ainda são intensificadas com alguns advérbios (bastante, bem, muito): Ele caminha bem. Ela caminha melhor. Eles, juntos, caminham muito melhor. As formas analíticas MAIS BEM e MAIS MAL são usadas antes de adjetivos-particípios: Ela é MAIS BEM comportada do que ele. Ela é melhor do que ele. Porém, se o comparativo for posposto, empregam-se as formas sintéticas: Obra alguma foi MAIS BEM executada do que a pirâmide de Quéops. Não pode haver projeto executado PIOR do que o da barragem de Camará, na Paraíba.
8) Otimamente e pessimamente são superlativos sintéticos de BEM e MAL: Ela vive pessimamente.
9) Os comparativos dos advérbios MUITO e POUCO são MAIS e MENOS: Ele, quanto mais lia, menos entendia. O superlativo intensivo (denota limites de possibilidade) faz-se antepondo-os ao advérbio, que é posposto da palavra possível: Ele corria O MAIS rápido POSSÍVEL. Ele a socorreu O MAIS cedo POSSÍVEL. Ele saiu o MENOS depressa POSSÍVEL (!)
10) Pode-se intensificar o advérbio com sua repetição: Ele chega já já (logo logo).
11) Diminutivo com valor de superlativo: Fala baixinho (muito baixo). Acordou cedinho (muito cedo). Entrou devagarinho (muito devagar).
12) Algures (por algum lugar), alhures (em outro lugar) e nenhures (em nenhum lugar) estão caindo em desuso, infelizmente (a concisão perde...).
13) Alguns advérbios, por questão semântica, não admitem gradação. Alguns: Aqui, aí, lá, hoje, ali, diariamente.
14) Para evitar ecos, quando vários advérbios em MENTE se referem ao mesmo verbo, só ao último se junta o sufixo:
Ele lutou longa, corajosa e bravamente. Se o que se quer destacar são as circunstâncias, suprime-se a conjunção "E" e se escrevem os advérbios com os sufixos: Agoniadamente, lentamente, definitivamente, fechou os olhos!
15) Algumas palavras podem ser usadas como adjetivos e pronomes: Ex: Muito, bastante. Como advérbios são invariáveis. Como adjetivos e pronomes, flexionam-se: Ele come bastante: Eles comem bastante (advérbios). Ele trouxe bastante melancia: Ele trouxe bastantes melancias (adjetivo). Ele é muito inteligente: Eles são muito inteligentes (advérbio). Ele caminha muito (advérbio): Ele caminha muitos quilômetros (adjetivo).
16) Advérbio relativo. Por desempenhar a função de adjunto adnominal, ONDE (no qual) pode ser considerado um advérbio relativo. Ele dá circunstância de lugar e se refere a um antecedente. Ele mora numa casa ONDE todos o ignoram.
17) Classificação e exemplos de alguns advérbios: a) Tempo: Hoje, repentinamente, cedo, tarde, à noite, já, anteontem, nunca, sempre, antes, breve, no próximo ano. B) Lugar: Ali, aí, aqui, cá, longe, abaixo, dentro, fora, além, adiante, distante, em cima, ao lado, à direita. C) Modo: Bem, mal, assim, pior, melhor à toa, infelizmente (e a maioria dos advérbios terminados em -mente). D) Negação: Não, absolutamente, tampouco, nunca, de forma alguma. E) Afirmação: Sim, deveras, efetivamente, indubitavelmente, com certeza, de fato. F) Intensidade: Muito, extremamente, pouco, bastante, suficiente, demais, mais, menos, tão. G) Dúvida: Talvez, provavelmente, quiçá.