A CONJUNÇÃO
A conjunção desempenha uma função importantíssima na linguagem verbal. Ela é um conectivo invariável entre orações, estabelecendo entre elas uma relação de dependência ou de coordenação. Daí a existência de dois tipos de conjunções: As coordenativas, que ligam orações independentes, e subordinativas, que ligam orações em que uma (a subordinada) é elemento sintático da outra ( a oração principal).
a) Exemplos de conjunções coordenativas: Ela comeu E bebeu. Ela comeu, MAS não bebeu. As conjunções E e MAS não subordinam uma oração a outras. Apenas coordenam orações independentes.
b) Exemplos de conjunções subordinativas: Eu sairei daqui ASSIM QUE puder. É necessário QUE o socorro chegue rápido. As conjunções ASSIM QUE (= quando=conjunção temporal) e QUE (conjunção integrante) subordinam as orações que introduzem (orações subordinadas) a orações principais, das quais são elementos sintáticos. A oração “assim que puder” é um termo da oração principal “Eu sairei daqui”. No caso, é uma oração subordinada adverbial de tempo. Já a oração “que o socorro chegue rápido” é uma oração subordinada substantiva subjetiva.
As conjunções não conectam apenas orações. Elas podem ligar dois temos de mesma função sintática, que não sejam orações. Por exemplo, nesta oração: Eu lavei a casa E o carro. A conjunção E ligam dois objetos diretos do mesmo verbo, lavar. O mesmo ocorre aqui: O comerciante vai vender roupas OU calçados. São as conjunções coordenadas que fazem tais ligações (palavras de mesmo valor sintático).
As conjunções formadas por duas ou mais palavras são chamadas locuções conjuntivas (Ex.: assim que, a fim de que).
Existem mais locuções conjuntivas do que conjunções simples. Além disso, palavras de outras classes gramaticais podem funcionar ocasionalmente como conjunção. As palavras que funcionam exclusivamente como conjunções (as essenciais) são poucas. Eis algumas: E, todavia, contudo, apesar, como, porém, ou, pois, porque, portanto, se, entretanto, nem, mas, ora.
Dependendo do tipo de relação sintática que estabelece entre as orações, as conjunções podem ser:
1)Coordenativas:
a) Aditivas. Dão ideia de soma. Ex.: E, nem, mas também, não só, como também, além de, (tanto) quanto, bem como: Tanto ele quanto eu sabemos a verdade. Nem eu nem ela vamos à festa. Eu e ela vamos à festa.
b) Adversativas. Implicam oposição ou indicam uma consequência duma afirmação anterior. Ex.: Mas, porém, todavia, entretanto, senão, contudo (elas são sempre virguladas): Fui ao teatro, mas não gostei da peça.
c) Alternativas ou disjuntivas: Indicam alternância, por incompatibilidade ou equivalência dos termos ligados, isto é, alternância ou exclusão. Ex.: ou... ou, ou, ora... ora, já... já, quer... quer, etc.
Bebo vinho ou cerveja (alternância). Você me escolhe ou a ela (exclusão). Ora estou alegre ora estou triste (alternância). Quer ela fique quer ela vá, pouco importa (alternância). Ou ele sai do computador ou eu o proíbo de ele usá-lo de uma vez (exclusão).
d) Explicativas. Dão uma explicação ou motivo: Que, porque, porquanto, pois (antes do verbo). O garoto se internou porque vai ser operado. Ando, pois tenho pernas. Estou faminto, porquanto ainda não comi hoje.
e) Conclusivas. Exprime conclusão: São elas: Por isso, logo, por isso (isto), por conseguinte, portanto, então, assim, pois (depois do verbo): Ele correu excessivamente; logo, ficou cansado. Estou doente, por isso não saio hoje. Não gosto de andar na chuva. Está chovendo. Não vou sair, pois (portanto, então)
2) Subordinativas. Dependento da função sintática que a oração subordinada exerce na principal, as conjunções subordinadas podem ser:
a) Integrantes: que, se. Elas introduzem orações substantivas, cumprindo as funções de sujeito, OD, OI, aposto, agente da passiva, complemento nominal e predicativos, elementos sintátivos próprios do substantivo.Se o verbo da oração principal indicar certeza, usa-se QUE; se indicar dúvida, "SE": É necessário QUE chova o mais breve possível. Não sei SE vai chover. Por ser um elemento integrante a oração principal, toda a oração subordinada pode ser substituída pela palavra “isto”. Essa é uma dica para saber se o SE e o QUE são conjunções integrantes: É necessário ISTO. Não sei ISTO.
b) Causal. Porque, pois, como, (visto, como, por isso, já, uma vez, na medida) que, porquanto. Introduz uma oração que indica causa (do que ocorre na oração principal): Fui ao restaurante, pois desejava comer. Fui ao centro a pé, visto que o carro quebrara. Uma vez que o aniversariante adoeceu, não houve festa.
c) Comparativa. A conjunção estabelece uma comparação: Como, assim como, bem como, como do que, mais do que, maior do que, melhor do que, pior do que, qual, ta qual, quanto, tanto quanto, que nem: Ele chorou como se tivesse se perdido. Ela é tão ciumenta quanto ele. Ele ri assim como chora. Ele ri mais do que chora. Ele ri menos do que chora. Eles falam tais qual o pai. A filha é gorda tanto quanto a mãe. O jogador corre que nem o pai. Ele hoje está pior do que ontem.
d) Concessiva. Introduz uma oração que indica uma concessão, um fato que não se espera pelo conteúdo da oração principal: Mesmo que, posto que, se bem que, conquanto, ainda que, apesar de que, a despeito de, apesar de que, nem que,não obstante, se bem que, embora, muito embora, nem que, que: Bebi muita água, apesar de não estar com sede. Não quis trabalhar, conquanto me pagassem bem. Mesmo que não faça sol, eu vou a praia. Embora esteja com sono, não vou dormir agora.
e) Condicional. Começa uma oração que é condição indispensável para o evento da oração principal: se, salvo se, sem que, caso, desde que, a menos que, a não ser que, quando, contanto que, dado que: Desde que seja eliminada a corrupção, o Brasil se tornaria uma potência. Salvo se estudar bem, ele não será reprovado. Contanto que tome os medicamento, ele ficará curado. Se ele não dirigir com cuidado, vai se acidentar.
f) Conformativa. Indica conformidade da oração subordinada com a principal: Como, conforme, segundo, consoante: Conforme eu disse, o Brasil ganhou da Bielorússia. A idoneidade dos políticos de cada nação é consoante à idoneidade do povo dela.
g) Consecutiva. Principia uma oração que apresenta uma consequência da oração principal: De forma (maneira, modo, sorte) que, (tal, tanto, tão, tamanho) que: A dor foi tamanha que morreu. Comeu tanto que adoeceu. Ele perturbou tanto, de sorte que incomodou todo mundo.
h) Final: Que, (para, afim de) que.: Indica a finalidade da oração principal: Tome o remédio para que fique bom. Ordenei que não saísse. Falei claro a fim de que me entendessem.
i) Proporcional. (À medida, ao passo, à proporção) que, enquanto, (quanto mais, quanto menos) tanto (ou quanto) mais (ou menos): O fato da oração subordinada é simultâneo ou proporcinal ao da principal: À medida que eu aguava a planta, ela crescia. À proporção que eu acelerava o carro, ele ia se desestabilizando. Quanto mais o professor ralhava, menos os alunos o levava a sério. A violência aumenta à medida que a droga se dissemina.
j) Temporal. Indica tempo: Quando, (antes, depois, até, logo, sempre, assim, cada vez, todas as vezes, desde) que, apenas, mal, enquanto, que: Mal chegou, já saiu. Desde que ela chegou, perdi meu sossego.