PRESENTE DO INDICATIVO. PRESENTE DO SUBJUNTIVO. FORMAÇÃO DO IMPERATIVO. IMPERATIVO AFIRMATIVO. IMPERATIVO NEGATIVO: TUDO A VER!
A formação e o uso do imperativo é um assunto que gera muitas dúvidas. No entanto, ele não é tão complicado assim. O essencial é que saibamos conjugar os verbos nestes dois modos/tempos: Presente do indicativo e presente do subjuntivo. Conjuguemos alguns verbos (de conjugações diferentes) nesses dois tempos:
1) Presente do indicativo: Eu ando, tu andas, ele anda, nós andamos, vós andais, eles andam (1ª conj.)
2) Presente do indicativo: Eu como, tu comes, ele come, nós comemos, vós comeis, eles comem (2ª conj.)
3) Presente do indicativo: Eu sorrio, tu sorris, ele sorri, nós sorrimos , vós sorris, eles sorriem (3ª conj.)
4) Presente do indicativo : Eu parto, tu partEs, ele partE, nós partimos, vós partis, eles partEm (3ª conj.)
Notar: Na conjugação de PARTIR, houve alteração de ordem fonética: o “E” alterna como “I”. Veja por que: Em “ele parte”, se não ocorresse a alteração, ficaria: "(Ele) parti". Não poderia, pois “parti” é a 1ª p.s. do pr. perfeito do indicativo. “(Tu) partes” ficaria igual a “(vós) partis”. Finalmente, “eles partem” ficariam “eles partim”!
5) Presente do subjuntivo: (que) eu ande, tu andes, ele ande, nós andemos, vós andeis, andem (1ª conj.)
6) Presente do subjuntivo: (que) eu coma, tu comas, ele coma, nós comamos, vós comais, eles comam (2º conj.)
7) Presente do subjuntivo: (que) eu parta, tu partas, ele parta, nós partamos, vós partais, eles partam (3ª conj.)
Notar que, no presente do subjuntivo, os verbos de segunda e terceira conjugações têm a mesma terminação.
Para formar o imperativo, basta isto: Busquemos do presente do indicativo a segunda pessoa (do singular e do plural) sem o S. Do presente do subjuntivo, a terceira pessoa (singular e plural) e a primeira pessoa do plural.
É necessário que se saiba: As pessoas do imperativo são diferentes das pessoas dos demais modos verbais.
As pessoas do imperativo são: TU, VOCÊ, NÓS, VÓS, VOCÊS .
Até por uma questão de bom senso, entendemos que a pessoa EU não pode existir. Já que o imperativo (lembra imperador, não é mesmo? E este vive só dando ordem, sem receber de ninguém!) é o modo da ordem, do conselho e do pedido que um interlocutor faz a outro, não é razoável que alguém dê ordem ou faça um pedido a si próprio.
Como não há a terceira pessoa no imperativo (singular, ele; e plural, eles), os verbos do subjuntivo a ela relacionados (ande, andem) concordam com você (ande) e vocês (andem).
Assim, temos imperativo:
Anda (tu)
Ande (você)
Andemos (nós)
Andai (vós)
Andem (vocês).
Esse é o imperativo afirmativo. Como vimos, vêm dois verbos das conjugações da segunda pessoa (tu, vós) do presente do indicativo e os outros três (que se conjugam com você, vocês e nós) do presente do subjuntivo (tirados das pessoas ele, nós e eles).
Já o imperativo negativo vem integralmente do presente do subjuntivo.
Não andes (tu)
Não ande (você)
Não andemos (nós)
Não andeis (vós)
Não andem (vocês)
Notas: O presente do indicativo é um tempo primitivo. Nele não há desinências de modo e tempo. Há apenas a de pessoa e número. A desinência “O” é a marca da primeira pessoa do singular ( não há outro tempo verbal que tenha tal terminação). O presente do subjuntivo é formado com a troca da desinência “O” por desinências próprias (e, es, e, emos, eis, em, para os verbos de primeira conjugação; a, as, a, amos, ais, am, para verbos de segunda conjugação). Por exemplo: Eu cantO (que eu cantE,...). Eu como (que eu comA ,...). Eu peçO (que eu peçA,...). Já a ausência de desinência é a marca da terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Eu canto, ele canta: Na 1ª pessoa (eu cantO), a vogal temática “A” está ausente; ela foi substituída pela desinência “O”; na 3ª pessoa, não existe desinência (a desinência zero é a marca da terceira pessoa do singular); o “A” de cantA é vogal temática (e não desinência). Enfim, conclui-se que o presente do subjuntivo deriva diretamente do presente do indicativo, mais particularmente da primeira pessoa do singular desse tempo.
Alguém uma vez me perguntou por que o subjuntivo é conjugado sempre com a presença explícita ou subentendida de um QUANDO (EX.: Quando tu FALARES, quando eu VIR), um QUE ( que eu FELE, que tu VEJAS) ou um SE (se eu falasse, se tu visses). Aproveito aqui para esclarecer esse ponto sobre o subjuntivo, que é o modo da incerteza e da dúvida: Ele é sempre usado em orações subordinadas, que são introduzidas por conjunções (subordinativas). Num período composto por subordinação, há sempre pelo menos uma oração principal e uma subordinada. A oração subordinada é sempre iniciada com uma conjunção subordinativa:
SE ele VISSE a ex-namorada com outro lá, ele ficaria doido.
Eu só vou sair daqui, QUANDO o médico CHEGAR.
Não falo mais nada QUE não SEJA o estritamente necessário.
Vamos conjugar os verbos SER, PRECAVER , IR e ABOLIR no imperativo, por conterem certas dificuldades.
Verbo SER
a) Presente do indicativo: Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
b) Presente do subjuntivo: Seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam.
c) Imperativo afirmativo: SÊ tu, seja você, sejamos nós, SEDE vós, sejam eles.
Perceber: Para tu e vós, o imperativo afirmativo do verbo SER não segue o esquema normal de sua construção.
“SÊ COMO O SÂNDALO” (título de um livro de contos da escritora Rejane Romani Rech)
SEDE conforme Cristo ensinou: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Macos 16, 15).
d) Imperativo negativo: Não sejas ( tu), não seja(você), não sejamos (nós), não sejais (vós), não sejam (vocês).
Verbo PRECAVER:
a) Presente do indicativo: Eu ( ), tu ( ), ele ( ), nós precavemo-nos, vós precavei-vos, eles ( ).
b) Presente do subjuntivo. Não há, pois inexiste a 1ª do sing. do ind.
c) Imperativo negativo. Também não há, uma vez que não existe o presente do subjuntivo.
d) Imperativo afirmativo: Precavei-vos (vós).
Observação. Para as conjugações faltosas, podem ser usados os verbos prevenir-se, precatar-se ou acautelar-se.
Verbo IR.
a) Presente do indicativo: Eu vou, tu vais, ele vai, nós vamos, vós IDES, eles vão.
b) Presente do subjuntivo: Vá, vás, vá, vamos, VADES, vão.
c) Imperativo afirmativo: Vai , vá, vamos, ide, vão.
d) Imperativo negativo: Não vá, não vás, não vamos, não vades, não vão.
Verbo ABOLIR:
a) Presente do indicativo: Eu ( ), tu aboles, ele abole, nós abolimos, vós abolis, eles abolem.
b) Presente do subjuntivo: Por não haver a primeira pessoa do indicativo singular, também não há o este tempo.
c) Imperativo afirmativo: Abole (tu), aboli (vós).
Há muitos verbos defectivos iguais a abolir, entre eles colorir, demolir, explodir, extorquir, latir.
Nota: No português lusitano, se admite a forma “eu abulo” para a primeira pessoa do singular do modo indicativo. Então, já que não é defectivo nessa pessoa, existem o presente do subjuntivo e o imperativo completos.
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Tentativa de resposta ao amigo Raychaves, sobre o verbo AQUELAR:
Chaves, li tal verbo no iDicionário Aulete:
"v.
1. Lus. Palavra-ônibus a que se recorre para suprir um verbo que foi momentaneamente esquecido ou que se desconhece, e que expressa múltiplos significados, como arranjar, fazer, compor, preparar, perceber etc."
Assim, trata-se de uma muleta para um falante quando esquece a palavra apropriada num dado momento da fala, em que ele se apoia quando percebe que vai capengar. No Brasil, temos também nossas moletas verbais: FAZER, DIZER e até COISAR. Palavras como NÉ, TIPO (tipo isso, tipo aquilo...), COISA, TROÇO, TREM e outras também servem de socorro na hora de um "branco" de quem fala.
A conjugação de AQUELAR é completa, pois ela existe na primeira pessoa do singular indicativo (eu aquelo) e, portanto, no subjuntivo presente e no imperativo, que foram os tempos estudados neste tópico.
Um abraço!