"SoMENte escreVENdo se evita esse" cacófato...
Sou tentado, por vezes, a achar que escrever com elegância é tarefa para quem sabe Gramática, mas, sobretudo, para quem possui bom ouvido. Não falo em escrever corretamente.
Não é o meu caso. Nem escrevo com correção, nem com elegância. Escarafuncho este local do Recanto das Letras exatamente para aprender. Faço algumas postagens sobre o assunto, visando cristalizar melhor o que estudo e o que estudei. Mas, já o disse e torno a dizer: Esta não é minha praia.
O cacófato formado pela repetição de sons semelhantes em palavras próximas, sobretudo quando tais sons são as sílabas tônicas das respectivas palavras, gera um efeito nada eufônico nos textos em prosa.
O grande David Fares postou um texto aqui discorrendo sobre tal assunto, não faz muito tempo. Explanação fantástica a que ele fez!
Meu dileto xará, Pedralis, escreveu: SoMENte escreVENdo... Não fosse ele O Águia Do Vernáculo, claro que não faria ressalva alguma sobre o cacófato gerado, mas, porquanto seja ele um grande conhecedor e professor da Língua Portuguesa, é de bom alvitre que façamos. Isso nos deixa mais consciente das dificuldades que é escrever no idioma Camoniano, pois constatamos que até os "experts" da nossa língua estão sujeitos a pequenos deslizes.
Além disso, é bom que se observe o uso correto dos pronomes demonstrativos. Ao se referir a algum elemento do texto, ESSE indica passagens já citadas. Porém, para trechos ainda a ser expressos, o recomendado é ESTE.
Em se seguindo tal regra, muitas ambiguidades serão evitadas. Aliás, evitar ESSES vícios de linguagem , eis o principal motivo de se estabelecer a distinção entre os dois pronomes citados.
Grande abraço a todos!
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Correção do meu texto que comenta o do amigo Sérgio:
Em poesia, a licença poética permite ao autor esse tipo de "cacófato". No fazer poético, entra em jogo uma série de fatores, que permitem tais "vícios". Melhor dizendo: Algo que constitui um vício na prosa, na poesia, muitas vezes, é considerado virtude (virtuosismo). Eco na prosa é cacófato; na poesia, é rima. Aliteração é um recurso poético de grande valor, mas na prosa deve ser evitada. E esse trecho que você citou, apesar do "maminha", realmente é um verso encantador. Camões, pelo domínio que tinha do idioma pátrio, o construiu conscientemente. Mesmo na prosa, sobretudo quando se trata de peças literárias, certas rimas, alguns jogos de palavras e de sonoridades, feitos graciosa e conscientemente, não apenas são permitidos, mas também agregam valor artístico ao texto. Porém, quando escritos de forma involuntária, sem efeitos estéticos, só faz empobrecer a redação. No referido verso, a sílaba tônica TI, das palavras genTIL e parTISte, e mesmo a repetição do bilabial M, de alma e minha, longe de constituir um vício, causam efeitos de beleza, como bem comprovam nossos ouvidos. Obrigado pelo comentário e grande braço, caríssimo Sérgio!