A autoridade dos dicionários

A nossa vida nos ensina constantemente. Somos advertidos por todos os lados. Aprendi, desde muito cedo, a consultar os bons dicionários, para que eu possa grafar e pronunciar as palavras com perfeição.

Aprendi, desde muito cedo, que as gramáticas são importantes. Elas nos ensinam a nos comunicar de acordo com a norma-padrão. Aprendo, constantemente, que há "casos facultativos". Exemplos: "xerox" ou "xérox", "hoje é 18" ou "hoje são 18".

Sei que ainda sou muito jovem, mas a idade cronológica não é sinônimo de maturidade intelectual. Há pessoas jovens que nos dão verdadeiro exemplo de maturidade. Há adultos que nos decepcionam. O contrário também acontece. Faz parte da vida.

Tenho, apenas, 32 anos de idade. No entanto, desde criança que sou apaixonado pelo conhecimento. Por onde passei, isso ficou muito claro. Não foi necessário dizer. As minhas palavras, o meu modo de me expressar disseram.

Estudo diariamente. Aprendo através de diversos tipos de leitura. Tenho formação filosófica. Não aceito qualquer coisa. Por isso, procuro os melhores livros. Quero que eles sejam meus orientadores.

No meio desses livros, encontro os dicionários. Tenho vários na minha casa. Os dicionários não ensinam somente o significado e pronúncia de palavras. Eles nos ensinam muito mais. Por isso, não os desprezo.

Para saber se posso dizer "andar a pé" ou "andar a pés", eu consulto os dicionários. Procuro a palavra "pé". Fico sabendo que o certo é "andar a pé". Para saber se "em mãos" é certo, eu consulto os dicionários. Procuro a palavra "mão". Fico sabendo que posso dizer": "em mão" ou "em mãos". Que dicionários me autorizam a falar assim? Saiba quais são: as últimas edições de HOUAISS, AURÉLIO, CALDAS AULETE, CEGALLA. Será que essas obras merecem credibilidade? Sim. Quem poderá orientar sobre língua portuguesa formal, a não ser os dicionários e gramáticas?

No entanto, há muitas pessoas que não aceitam mudanças. Ficam presas ao passado. Querem introduzir nas pessoas a mentalidade de que HOUAISS, CALDAS AULETE, AURÉLIO, CEGALLA não merecem credibilidade. Usam essas obras somente nos aspectos que lhes interessam. Em nada mais. Por quê? Quando o assunto é regência, e alguém apresenta uma regência tradicional, o HOUAISS é utilizado, porque este traz regências renovadoras. Quando o assunto é outra expressão, expressão renovadora, o HOUAISS não é mencionado. Nem AURÉLIO, CALDAS AULETE, CEGALLA.

Cada pessoa tem o direito de discordar. Entrementes, ninguém pode dizer que uma expressão é errada somente porque, no passado, o certo era unicamente uma forma linguística.

Devemos ter muito cuidado com aquilo que é dito. A filosofia cartesiana nos convida a desconfiar. Em língua portuguesa, essa desconfiança é fundamental. Não devemos aceitar tudo o que nos é dito. Exerçamos a maturidade intelectual.

Eu posso até discordar de "em mãos", mas, isso não é suficiente para que eu diga que alguém, que usa essa forma, esteja errado. Ainda que, no passado, essa forma fosse inadmissível. O passado não existe mais. Estamos no presente.

As últimas edições de AURÉLIO, CALDAS AULETE, HOUAISS, CEGALLA autorizam as pessoas a usarem a expressão "em mãos". Não importa se alguém gosta ou não. Os dicionários de português, em matéria de língua portuguesa, têm maior autoridade do que eu e os outros que escrevem sobre esse assunto, neste nobre espaço. Digo isso respeitosamente.

O que podemos fazer, mesmo que venhamos a discordar, é mostrar para o leitor aquilo que já É PERMITIDO pelos dicionaristas, na atualidade. Esse é o nosso papel principal, mesmo que tenhamos o direito de discordar de determinadas mudanças.

Atualizar-se e transformar-se são atitudes das pessoas inteligentes. Discordar é um direito. Podemos dizer que não concordamos. No entanto, devemos mostrar a realidade, os fatos, aquilo que existe e é permitido ou não.

"Em mão" ou "em mãos." Tanto faz. Fique à vontade! Isso existe. Isso é permitido.

Respeitosamente, Domingos Ivan Barbosa

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 18/05/2012
Reeditado em 18/05/2012
Código do texto: T3674812
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