CONCORDÂNCIA DO VERBO QUE PRECEDE O SUJEITO COMPOSTO

Ensinam os estudiosos do idioma que, nas sentenças em que dois ou mais substantivos formam sujeito composto, o verbo que os precede tanto pode vir no singular, concordando com o substantivo mais próximo, ou vir no plural, concordando com o sujeito composto.

Essa liberdade sintática é largamente abonada pelas maiores autoridades da língua. Opinam, entretanto, alguns gramáticos que dela só se deve fazer uso em determinados casos, isto é, quando os substantivos, que formam o sujeito, tenham entre si aproximação de sentido, analogia ou similitude.

Compreende-se, assim, que o festejado LATINO COELHO escrevesse: “Em dois nomes ‘está ressumida a vida e a essência’ de Portugal”.

Os fatos da língua, porém, estão a demonstrar que “tão correto é pôr-se o verbo no plural a concordar com a pluralidade dos sujeitos, como deixá-lo no singular, e neste caso o verbo se refere tão somente ao substantivo imediato, subentendendo-se com os demais sujeitos. O verbo concorda com um só sujeito, o mais próximo, e supre-se com os outros. É igualmente o sujeito mais vizinho do verbo que atrai a concordância da pessoa, e já assim era em latim.” (MÁRIO BARRETO, Novos Estudos, p. 193).

Tome-se em atenção este excelente exemplo do grande e insubstituível RUI BARBOSA:

“Com a guerra, maldição do céu e subversão do mundo, VEIO a exterminação das vidas, a assolação dos campos, a destruição das cidades, a multiplicação dos crimes, a barbarização dos costumes, a dissipação da riqueza, a extinção do trabalho, a abolição das leis, a perdição da liberdade e a glorificação da força.” (Réplica, p. 103). [destacamos o verbo “veio”]

Nada obstante, jamais deixaremos de atentar para o fato de que “As razões da divergência são mais úteis do que as da concordância, porque suscitam reflexão e o reexame de nossas opiniões.” — B. CALHEIROS BOMFIM.

É ou não intrigante nossa Língua Portuguesa?