PLEONASMO ENFÁTICO OU ESTILÍSTICO

Trata-se de figura pela qual se empregam palavras que, conquanto não sejam necessárias à perfeita compreensão do pensamento, dão-lhe, todavia, mais força, mais cor, mais beleza, mais energia. Consiste, literalmente, na repetição de uma ideia já contida ou expressa em termos e expressões anteriores a fim de aumentar a força e o brilho da mensagem e de evitar ambiguidade em muitos casos.

Exemplos:

Vejo com os olhos, não com as mãos.

“Assombros da natureza, vistos com os olhos, palpados com as mãos, e pisados com os pés.” (Pe. Antônio Vieira).

Há várias modalidades de pleonasmo enfático ou estilístico.

REFORÇO DO SUJEITO: — Esse, esse é o meu inimigo — "E se a lei, essa lei nefanda, batesse à minha porta." — Rui Barbosa.

PLEONASMO DO VERBO: — quando vem repetido: — Veja, veja a grande mata avançando sempre.

PLEONASMO DA CONJUNÇÃO — quando vem repetida: — “Nem canseira, nem ingratidões, nem inveja — nada me abaterá — Na obediência ou no poder? No orgulho ou na humildade?” — Rui Barbosa.

REPETIÇÃO DE UM TERMO OU DE UM COGNATO SEU — Não tratemos de questões familiares, nem de questões políticas — “Um sorriso estúpido passou pelas faces estúpidas dos circunstantes.” — Alexandre Herculano, apud C. Góis.

PLEONASMO DO OBJETO DIRETO — “A verdadeira razão sabe-a Deus.” — Pe. Antônio Vieira. — As seriemas do monte ninguém as viu mais.

PLEONASMO DO OBJETO INDIRETO: — “A lâmpada que Deus a todos nós acendeu na inteligência.” — L. Coelho, apud O Góis.

PLEONASMO DO PREDICATIVO: — Imperador já não o sou — Esse homem eu o conheci.

REPETIÇÃO DO SUBSTANTIVO: — “Os meus passos têm medido lentamente, através de obstáculos e obstáculos, e por entre lutas e lutas, a rota de uma visão entrevista.” — Rui Barbosa, apud C. Góis.

REPETIÇÃO DO ADJETIVO: — Morava aqui um homem pobre, pobre.

PARTÍCULAS EXPLETIVAS: — são as que, apesar de não exercerem nenhuma função na frase, embelezam o estilo. Eis algumas: DE, É QUE e QUE. Exemplos.: — “Eu lhe direi e redirei de não.” — Rui Barbosa — Desejo de alcançar a aprovação. — Ele é que é o culpado — Jonas foi que o viu — Que venham as testemunhas.

OUTROS EXEMPLOS DE PLEONASMO ENFÁTICO OU ESTILÍSTICO: — Vi com os meus próprios olhos — Ele sabe pescar peixes, mas não sabe pescar homens — Não me vá à rua sem minha ordem — O acusado não respondeu nada — Nunca jamais virei aqui — Os sinos já não há quem os toque — As cartas, as mensagens, umas dizem muito, muito, outras nada, nada — Dias e dias passei-os meditando — Ver com olhos não é o mesmo que ver com os dedos.

Nada obstante, jamais deixaremos de atentar para o fato de que “As razões da divergência são mais úteis do que as da concordância, porque suscitam reflexão e o reexame de nossas opiniões.” — B. CALHEIROS BOMFIM.

É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?

David Fares
Enviado por David Fares em 15/04/2012
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