AUTORIDADE VERNÁCULA

“O homem tem várias vantagens em relação às bestas; por exemplo, o fogo, as roupas, a agricultura, os instrumentos [...]. A mais importante de todas, porém, é a linguagem.” (Bertrand Russel, Fundamentos de Filosofia, 1977, pp. 49-50).

Salvo engano, achamos quase inadmissível alguém questionar, como se tem visto neste espaço, a autoridade vernácula e acadêmica de escritores do naipe de Alexandre Herculano, Luís Vaz de Camões, Machado de Assis e Pe. Antônio Vieira.

Pensamos ser até uma afronta dito “questionamento”, já que a qualidade linguística e acadêmica destes iluminados homens das letras é, no Brasil e em Portugal, indiscutível, irrefutável.

Dificilmente nós — mero aprendiz da Língua Portuguesa — deixamos de consultar quase que diariamente as imortalizadas obras destes e de outros gênios literários. A prova disso é que, quando publicamos algum despretensioso texto gramatical aqui no Recanto das Letras, raramente deixamos de exemplificá-lo com enxertos extraídos das clássicas obras destes renomados e cultos escritores.

Entendemos que não é só a Língua Portuguesa que merece nosso integral respeito e admiração, mas também todos aqueles que dedicaram toda a vida a ela e a difícil arte de escrever, deixando um legado linguístico que, com certeza, jamais poderá ser comparado a outro por mais respeitado que seja.

Por outro lado, o que temos lido neste espaço acerca de determinados temas da Língua Portuguesa, salvo raras exceções, tem deixado muito a desejar em termos de qualidade intelectual. Há quem escreva em linguagem alienígena, inclusive...! Vemos, quase sempre, notáveis gramáticos como Adriano da Gama Kury, Evanildo Bechara, Celso Cunha, Celso Pedro Luft, Domingos Pascoal Cegalla, Luiz Antônio Sacconi, entre outros, sendo alvo de abertos “ataques” e até mesmo sendo “ridicularizados”.... Quanta pretensão...! Tenham dó...!

Como eterno aprendiz da Língua Portuguesa, sempre nos curvaremos diante dos clássicos ensinamentos de Alexandre Herculano, Luís Vaz de Camões, Machado de Assis e Pe. Antônio Vieira, uma vez que foi justamente lendo, relendo e apreciando a extensa e incomparável obra destes e de outros grandes escritores que conseguimos chegar até aqui.

Confesso que já estivemos pensando em parar de postar nossos humildes textos gramaticais aqui, por não nos conformar com as repetidas agressões à Língua Portuguesa e a seus ilustres cultores.

Por favor, senhores, sejamos grandes e honestos! Não nos esqueçamos de que “O orgulho é para vida intelectual o que a avareza é para a vida econômica. Ambos desumanizam o homem.” – Tristão de Athayde.

Fica aqui meu sincero desabafo, mas sem rancores...

David Fares
Enviado por David Fares em 14/04/2012
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