Objeto Direto Preposicionado
Recordando: Quanto à transitividade, os verbos podem ser: Intransitivos (não exigem complementos), transitivos diretos (pedem objetos diretos: OD), transitivos indiretos (requerem objeto indireto: OI) e transitivos diretos e indiretos ( pedem, ao mesmo tempo, OD e OI).
O verbo transitivo direto (VTD) tem uma particularidade: Seu complemento direto (OD) pode vir introduzido por uma preposição, não por exigência do verbo, mas por uma contingência do próprio objeto ou por outro motivo qualquer. Trata-se do objeto direto preposicionado (ODP), que, portanto, completa o sentido de um VTD.
Estudemos estas orações:
Luiz comeu o mel ( “o mel”: OD. “Comeu”: VTD, isto é, não exige preposição)
Luiz comeu do mel ( “o mel” aqui vem antecedido da preposição DE, desnecessária: É ODP).
Luiz gostou do mel ( “o mel” vem posposto a DE, preposição obrigatória. Assim, “o mel” é OI).
Então, não tem por que confundir ODP e OI. A preposição do ODP não é exigida pelo verbo (“Luiz comeu do mel”), mas a do OI é indispensável para que a oração tenha sentido completo. Note que a oração “Luiz gostou o mel” é, no mínimo, estranha.
Alguém poderia perguntar: Se o verbo não exige, então por que usar o ODP?
Por várias razões. Uma delas, destacar o processo verbal, em detrimento do sujeito.
O policial usou DE sua autoridade e cumpriu COM sua obrigação. As preposições DE e COM
não são exigidas nessas orações. Elas introduzem objetos diretos preposicionados e enfatizam os verbos, por motivação estilística.
Existem casos, porém, que é necessário, ou pelo menos recomendado, o uso da preposição. Ei-los:
a) Para evitar ambiguidades nas inversões sintáticas (sujeitos, verbos, objetos)
Humilhava o garoto a irmã.
Oração confusa, não?
Posta na ordem direta: O garoto humilhava a irmã. Quem humilhava a irmã? Resposta: O garoto.
Para desfazer a ambiguidade da primeira oração, basta usar a preposição “a”: Humilhava o garoto à irmã.
Sempre que a oração se inicia com o objeto, mesmo direto, o uso da preposição deixa a oração clara e evita que ele seja lido como se fosse o sujeito: Ao aluno ensina o professor.
b) Se o objeto for um pronome oblíquo tônico (mim, ti, ele, nós, vós, eles ), ele será preposicionado:
Tu escolheste a ele para ser teu herdeiro?
Ele escolheu a ti para ser seu herdeiro?
O uso da preposição permite que o pronome pessoal do caso reto (ele, nós, vós, eles) seja usado como objeto. Caso fosse usado o oblíquo átono (me, se, te, nos, vos), a preposição não teria cabimento: Tu o escolheste.... Ele te escolheu...
c) Caso o OD tenha como um de seus núcleos um oblíquo tônico (que é sempre acompanhado de preposição), os demais núcleos deverão conter preposições, por questão de paralelismo estrutural:
O vendedor enganou a ti. O vendedor enganou os demais clientes. Porém: O vendedor enganou a ti e aos demais clientes;
D) Quando o OD for um pronome indefinido ou um nome de pessoa:
A chuva beneficia a todos. Ela não ama a ninguém.
Não atrapalhe a José. Não roube a Jó.
E) Quando o OD for o pronome relativo quem:
Apareceu Lucas, a quem Zefinha amou prontamente.
Nota! Lembrar: “Quem”, como pronome relativo, se refere a pessoas e vem sempre antecedido de preposição. Sem o antecedente (e a preposição), “quem” é pronome indefinido: Foi Antônio mesmo quem escolheu ser médico. Como pronome substantivo, se refere a pessoas: Quem inventou tal história?
F) Quando o OD sugere uma parte (a preposição encerra um sentido de porção).
Ele só fez provar da refeição. Ela comeu do almoço estragado.
Notem que as preposições “da” e “do”, nessas orações, têm uma significação partitiva.
G) Quando o OD coordena oblíquos e substantivos:
Eu o conheço bem e aos seus princípios. Roubaram-no e aos amigos deste.
H) Quando o OD for o nome DEUS:
Feliz de quem ama a Deus!
I) Depois das conjunções COMO, QUE e DO QUE:
Quero-a como a meu filho.
Amava-a mais do que a minha noiva.