EMPREGO RARO DE ALGUNS VERBOS [POUCOS SABEM]
ESTOU QUE = “julgo que”, “acho que”: Estou que o amigo não tem razão.
ERA DE VER = “era coisa digna de ver”: Era de ver o bando de crianças brincando no jardim.
FICAR = “crer”, “pensar”, “julgar”: Nesse caso, fico que não tens razão.
HAVER POR – “julgar necessário”: O pai houve por bem censurar o filho.
IR= “existir”, “haver”, “estar”: No salão de baile vai grossa algazarra – Não sabes o que me vai no íntimo. – Por lá as coisas iam bem.
NÃO HÁ COMO = “não é possível”: Não há como defendê-los nesse julgamento. – Não há como responder às suas perguntas.
NÃO HÁ = “não é possível”: Não há contê-los na sua corrida louca.
NÃO HÁ POR QUE = “não há razão para”: Não há por que deixá-los em liberdade.
NÃO HÁ VACILAR = “não há razão para vacilar”: Não há vacilar, Ludêncio.
NÃO ESTAR POR = “não concordar com”: Mas não esteve por isso o mestre Rui Barbosa.
NÃO HÁ QUE = “não há nada que”: Não há condenar nesses caso.
TER EM MUITO = “ter em alta conta”: Mestre, tenho em muito a sua competência.
TENHO PARA MIM = “tenho”, “julgo”, “acho”: Tenho que as eleições não corram bem.
TER POR = “considerar”: Tenho por moderno o uso dessa regra.
SABER — Com esse verbo, usado elegantemente, há elipse de SER e ESTAR: — Sabia-o na casa de Filisbina = Sabia estar você na casa de Filisbina — Sabia-os no Rio = Sabia estarem vocês no Rio — Eu o sei diligente = Sei ser você diligente.
Texto embasado no notável opúsculo “GUIA PARA ESCREVER BEM”, Livraria Freitas Bastos S. A., 2ª ed., 1966, do renomado FERÚCCIO FABBRI.
É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?