O BRASIL: UM PAÍS PROVINCIANO, QUE SE ENVERGONHA DE SI E POR ISSO É TÃO RECEPTIVO A ESTRANGEIRISMOS
O Brasil é mais “aberto” a estrangeirismos do que Portugal, que é muito mais cioso do vernáculo. Neste país, até para nomes próprios, há leis regulamentadoras. Exite, inclusive, uma lista oficial de nomes com os quais se podem registrar as crianças. O Brasil foi uma colônia e desde seus primórdios se habituou a copiar o que é de fora, inclusive nomes próprios. Coisa de país provinciano, sem raízes profundas e que pensa que simplesmente copiando hábitos, costumes e nomes oriundos de culturas “mais evoluídas” nos tornamos mais “elitizados”.
Em Portugal, fazem de tudo para traduzir ou aportuguesar palavras estrangeiras. Mause virou rato, por exemplo.
Não que devamos seguir o exemplo lusitano, pois somos outra cultura e temos nossas singularidades. Aqui conviveram, desde a formação de nossa sociedade, múltiplas etnias, houve muita imigração de povos de todos os continentes, cada um trazendo alguns vocábulos de seus países de origem e, portanto, enriquecendo nosso léxico.
Mas, temos um traço cultural deplorável: O de nos sentir uma cultura inferior, valorizando mais os elementos culturais dos povos julgados culturalmente "superiores" e "pra frente" do que o que é legitimamente nosso. E isso é histórico, tendo suas origens no início de nossa formação como povo e se perpetua até hoje. Esse é o cerne do que queremos abordar.
O Brasil se fascina sempre pela cultura que detém a supremacia econômica, militar e cultural no mundo. Antes, éramos fascinados pelo francês, de onde importamos sem embaraço ou pejo centenas de palavras. Depois da Segunda Guerra Mundial, momento a partir do qual os EUA assumiram a hegemonia planetária, foi a vez do inglês invadir o país. Se bem que houve uma ação deliberada do governo americano, no contexto da Guerra Fria, para que ficássemos impregnados com tudo que é estadunidense. Houve uma abertura dos EUA para “intercâmbios” culturais, tendo em vista objetivos ideológicos. Houve um esforço do governo ianque para abrir uma brecha no mercado cultural local a estrangeiros, em troca de uma avalanche de valores americanos nos países satélites, sobretudo na América Latina. Juntaram-se duas vontades: A de consumir produtos “chiques”, “made in amarican”, por parte dos brasileiros; e a vontade de impor valores culturais e ideológicos, por parte do governo americano.
Daí o “sucesso”de Carmen Miranda e de outros cantores brasileiros e latino-americanos no país líder do sistema capitalista. Um orgulho para o País Tupininquim! Os brasileiros não sabíamos, porém, o que havia nos bastidores desse “sucesso”.
O centro de compras de Campina Grande, onde moro, radicalizou: O nome dele é “Shopping Boulevard”, um nome híbrido (uma palavra inglesa e a outra francesa). Antes, seu nome era Shopping Iguatemi. Iguatemi, que significa rio ondulante e é de origem tupi, talvez envergonhasse os donos do shopping, que mudaram para Boulevard, cujo significado é alameda, uma grande e larga avenida, geralmete arborizada. Será que o nome Centro de Compras Iguatemi afugentaria os clientes? O raciocínio é mais ou menos este: “Rio ondulante é coisa de índio, do mato, matuto, sem “glamuor”; já “Boulevard”, é nome de origem francesa, chique, moderno, fascinante”. Pense num provincianismo, o do povo brasileiro, sobretudo das "elites"!
Há ruas comerciais no Brasil que se um americano andar por elas, pensará estar em seu próprio país.
Um paradoxo amargo: O povo brasileiro, ao mesmo tempo que é encantado pela cultura americana, odeia o país de Obama. “In Brazil”, algo só é “fashion”, se tiver “english name”, desde nomes de fiteiros, marcas de produtos, etc., até a mais sofisticada loja de um grande “Shopping Center”. Ruim de conciliar esse imbróglio de amor e ódio!
Nota: Esse é um texto introdutório para outros que vamos elaborar e que explicam muitos fatos, inclusive nosso muito comentado gerundismo.