Vozes Verbais E Muitas Dicas
O verbo é a classe gramatical que mais sofre flexões. Uma dessas flexões diz respeito à voz verbal, que é a forma como o sujeito se relaciona com o verbo e os complementos deste.
Há três vozes verbais.
1) A voz ativa. Quando o sujeito é o agente da ação ou processo verbal.
Exemplos: Roberto cortou a melancia. Quem cortou a melancia? Roberto.
2) Voz passiva. O sujeito sofre a ação verbal. A voz passiva pode ser:
a) Analítica (verbo ser + particípio do verbo principal):
A melancia foi cortada por Roberto.
Aqui se percebe que o objeto direto da oração do verbo na voz ativa se tornou o sujeito (paciente)
na voz passiva. E que o sujeito da voz ativa se tornou o agente da passiva.
b) Sintética. A voz passiva é feita com o pronome SE (partícula apassivadora) em vez do verbo SER:
Cortou-se a melancia.
03) Voz reflexiva. O sujeito pratica e sofre a ação expressa pelo verbo:
Roberto cortou-SE.
Notas:
a) Só o verbo transitivo direto (ou direto e indireto) pode passar para voz passiva.
Vejamos por quê:
Antes de tudo, na voz passiva, é necessário um agente da passiva, que na voz ativa é o sujeito, e de um sujeito paciente, que na voz ativa é objeto direto.
Vamos tentar passar um verbo transitivo indireto (VTI) para voz passiva:
Ele assiste ao filme (VTI).
Ao filme foi ‘assistido’ por ele (errado). Inclusive a oração fica sem sentido.
Tentemos a voz passiva sintética:
Assiste-se ao filme. Temos aí um sujeito indeterminado. O SE é índice de indeterminação do sujeito.
Em ambos os casos, teríamos um sujeito preposicionado, o que é proibido por lei municipal, estadual e federal.
Eu gosto de abacaxi.
De abacaxi eu sou gostado (errado). Uma aberração!
Gosta-se de abacaxi. Outra vez temos um sujeito indeterminado.
Eu dei o picolé a Luiz.
O picolé foi dado a Luiz
Deu-se o picolé a Luiz.
DAR é um verbo transitivo direto e indireto. Assim, ele pode passar para voz passiva, como vimos.
Resumindo: Só se pode passar para a voz passiva o VTD ou o VTDI. O VTI não é possível.
b) Não confundir SE, partícula apassivadora, com SE, índice de indeterminação do sujeito.
Uma das maneiras de se indeterminar o sujeito, é usar o verbo na terceira pessoa do singular, na voz ativa, acompanhado do pronome SE. E isso só ocorre com os verbos intransitivos, os transitivos indiretos, e os de ligação:
Morre-se fácil aqui (Verbo Intransitivo)
Precisa-se de encanadores (Verbo Transitivo Indireto).
Em uma sala de cirurgia, sempre se fica tenso (Verbo de Ligação).
Já o SE, partícula apassivadora, o verbo, na voz passiva, pode estar no singular ou plural em concordância com o sujeito. Aliás, essa é uma das dicas de como saber se o pronome SE é ou não partícula apassivadora: Se o verbo estiver no singular, passa-se para o plural, se o verbo flexionar-se, é partícula apassivadora: Cortou-se a melancia. Cortaram-se as melancias.
c) Se houver dúvida se um pronome é ou não reflexivo, basta substituí-lo pela expressão A SI MESMO. Se puder, trata-se de um pronome reflexivo: Ele cortou-se. Ele cortou a si memo.
d) Para se formar a voz passiva analítica nunca se usa como auxiliar os verbos TER e HAVER. Então, quando em uma locução verbal estiverem como verbo auxiliar um desses dois verbos, já se sabe que se trata de um tempo composto e a locução está na voz ativa. Os principais auxiliares da voz passiva é SER e ESTAR (este muito mais raro).
D) Como vimos, o tipo de relação (de atividade, passividade, ou de ambas) do sujeito e seu verbo é o que chamamos de VOZ. Há um caso particular de voz reflexiva: A reflexiva recíproca, quando, num caso de sujeito composto, um age sobre o outro (ou outros) de modo recíproco: Beijaram-se Natan e sua namorada.
E) O uso de uma ou de outra voz não é totalmente indiferente:
Quando se usa a voz ativa se tenciona enfatizar o agente da ação. Na voz passiva, o destaque é para a ação. Em não havendo o desejo consciente de se enfatizar a ação, somos mais diretos, concisos, objetivos e claros, usando a voz ativa.