FRASE E ORAÇÃO
"Grande maior do mais é cidade A do e Nordeste a cresce Campina a que interior".
Esse ajuntamento de palavras foi um embaralhamento que fiz de uma frase clara e inteligível, isto é, que tinha um sentido completo. Essa justaposição de palavras nada diz. Não há mensagem aí, apesar de haver signos (isolados).
Daí a necessidade de conhecer a estrutura (sintática) básica do idioma para que haja comunicação. Para se comunicar, não é necessário ser letrado, ser alfabetizado. A mera convivência numa comunidade nos habilita a entender o que os outros dizem e a nos fazer entendidos. É o que, em Sociologia, chamamos de socialização, sem a qual não nos comportaríamos como seres humanos. Alguém isolado é alguém não humanizado. Por isso, Aristóteles dizia que o homem é um ser social. Se deixarmos alguém desde o nascimento sem contato com outras pessoas, nem um dom dos vários que os seres humanos são dotados, desenvolver-se-á nele. Muito menos o da comunicação, a fala, por exemplo.
Para que uma frase exista, é mister que haja sentido completo. Uma palavra pode ou não constituir uma frase.
Exemplos: 'Fogo', 'ai', 'socorro' não são frases, por não terem sentido completo. Porém,: Fogo! Ai! Socorro! São frases.
Oração é toda expressão que contenha verbo. A NGB diz haver dois termos essenciais numa oração: Sujeito, de que se faz uma declaração; e predicado, o que se declara do sujeito, e sempre contém um verbo. Na verdade, o que nunca pode faltar numa oração é o verbo. O sujeito, em certos casos, pode faltar-lhe (na oração).
"Chove", "troveja" são exemplos de orações de sujeito inexistente. Então, o sujeito não pode ser considerado essencial para que uma oração exista.
Também: Nem toda oração é frase. Duas ou mais palavras, mesmo que uma delas seja verbo, pode não ter sentido e, portanto, não ser frase.
Exemplos:
Ele queria que...
Ele pensava que...
São duas orações que não têm sentido completo. Portanto, não não frases. Para elas se tornarem frases, seriam necessárias outras orações (as subordinadas).
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Observação:
Por não ter ficado suficientemente claro este passo: "Para que uma frase exista, é mister que haja sentido completo. Uma palavra pode ou não constituir uma frase. Exemplos: 'Fogo', 'ai', 'socorro' não são frases, por não terem sentido completo. Porém,: Fogo! Ai! Socorro! São frases", vou detalhar melhor o assunto, para que fique melhor entendido. Agradeço aos amigos reychaves e Pedro Hernesto por ter me alertado:
Exemplos de palavras únicas que não constituem frases, mas, dependendo do contexto, da entonação da voz e da intensidade como são produzidas, podem ter um sentido completo e, portanto, tornarem-se frases:
Se você numa sala de aula diz num tom normal de voz e sem demonstrar espanto: FOGO.
No máximo, vai haver estranheza por alguém, sem mais nem menos, proferir essa palavra.
Porém, se ela for gritada, com entonação de súbita apreensão, num contexto como o que citou o amigo reychaves (no comentário), aí sim, por ter um sentido completo, a mensagem será entendida como um perigo real e ameaçador e pode até haver pânico.
Com a palavra "ai" ocorre o mesmo: Se "gemida" por alguém que acabou de ser acidentado: Ai!, é diferente de alguém que a pronuncia num contexto que não a justifique como significando dor ou outro sentimento súbito: Ai.
O mesmo ocorre com a palavra "socorro".
Se alguém está num ônibus, por exemplo, e pega um papel que se encontra no chão e o ler pronunciando sem expressar nenhuma emoção, ninguém vai se preocupar, pois não há sentido algum no que ele falou.
Mas, se essa mesma pessoa, tomando banho numa piscina, num local fundo, grita: Socoooorro! A reação dos circunstantes será bem diferente da daqueles que estavam no ônibus.
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Um adendo: Comentário sobre o que observou a estimada Lili:
Lili, obrigado! Mas, não consigo perceber diferença entre "oração sem sujeito" e "oração de sujeito inexistente". Se ambas as frases se referem ao mesmo fato: O sujeito não é efetivamente essencial para construirmos uma oração, se houver diferença entre os enunciados, esta é de uma sutileza que não consigo enxergar. Até considero "oração sem sujeito" preferível, porquanto seja, entre outras coisas, mais concisa. Em havendo outro motivo, peço, por favor, que esclareça. Quanto ao "melhor", você tem razão. Há muito tempo, li que antes de particípio, em vez de "melhor", deve-se usar "mais bem". Depois, encontrei a explicação: Como as estruturas sintáticas se organizam hierarquicamente, temos: ENTENDIDO (particípio): O núcleo do sintagma "mais bem entendido". O MAIS, implícito em MELHOR (MAIS BEM), refere-se à estrutura toda (BEM ENTENDIDO) e não apenas a BEM. Por causa da hierarquia frasal, devemos acrescentar, pura e simplesmente, a palavra MAIS antes daquele conjunto. Assim, o correto, realmente, é MAIS BEM PREPARADO. Eu tinha incorrido num lapso, que você me socorreu. Fico terna e eternamente grato a você.