RESPONDER (Regência polêmica)

Marcos Bagno, professor de Linguística da Universidade de Brasília (UnB), escritor, poeta e tradutor, no livro "Nada na língua é por acaso - por uma pedagogia da variação linguística", 2009, p. 152, registra:"Múltiplos casos de regências não previstas pela

norma-padrão: Assistir o filme; buscar por uma solução; implicar em prejuízo; namorar com pedro; obedecer o pai; RESPONDER O QUESTIONÁRIO; deparar-se com um problema; chegar em Brasília; ir no cinema etc." O autor citado destaca: "A norma-padrão só admite as regências tradicionais".

Atenção: Marcos Bagno não é tradicional.

A gramática (atual) de Domingos Paschoal Cegalla registra:

a. RESPONDER ALGUMA COISA A ALGUÉM: O senador respondeu ao jornalista que o projeto do governo sofreria emendas.

b. RESPONDER A UMA CARTA, A UM QUESTIONAMENTO, ETC.: "Não respondo a tais cartas." (Camilo Castelo Branco)

* Não tem tradição na língua e deve ser evitada a regência direta: RESPONDER UMA CARTA; RESPONDER UMA PERGUNTA; RESPONDER AS DÚVIDAS DOS LEITORES, ETC., diz Paschoal.

*Desaconselhado, diz ele, é também usar RESPONDER na voz passiva: As cartas eram respondidas pela secretária. Essas cartas ainda não foram respondidas?

"Diga-se: Era a secretária que respondia às cartas. Não se respondeu ainda a essas cartas?"

c. RESPONDER POR ALGUMA COISA:

Cada um responde pelos seus atos.

Obs.: É o que registra o gramático citado.

Não obstante, o atual dicionário HOUAISS da língua portuguesa registra:

RESPONDER - Transitivo direto e transitivo indireto. Significa "Dizer ou escrever uma resposta: Respondemos que todos somos iguais.

RESPONDER UMA CARTA ou A UMA CARTA.

O LUIZ ANTONIO SACCONI, na obra "Nossa gramática contemporânea", registra o uso do verbo RESPONDER na voz passiva: "As questões foram respondidas em duas horas". "A carta foi respondida na mesma hora."

O mesmo autor, na publicação "Tudo sobre regência e crase", diz: "Apesar de transitivo indireto, admite-se seu uso na voz passiva:

- O questionário já foi respondido pelos alunos.

- Todas as questões foram respondidas."

Eu, professor Domingos Ivan, pergunto: Que posição devemos adotar?

Quem é mais confiável?

É certo que a língua é um organismo vivo. Mas, existe uma autoridade maior na língua portuguesa? Pergunta boba!

Deixo este espaço para a discussão sadia.

Obrigado aos companheiros deste site.

Obs.: Há pontos mais confusos no idioma. Não há unanimidade. Ruim se houvesse.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 17/02/2012
Código do texto: T3504565
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.