Regências

Usar bem a língua portuguesa, além de ser obediência a normas rígidas, significa organizar, de maneira criativa, as palavras. Isso requer estudo aprofundado e cuidadoso. Há, por exemplo, verbos que admitem mais de uma regência, sem, no entanto, mudar de sentido. A Novíssima Gramática da língua portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, apresenta os seguintes exemplos:

1. A aurora antecede o dia.

2. A aurora antecede ao dia.

3. A ventania precedeu a chuva.

4. A ventania precedeu à chuva.

5. Cumpriremos o nosso dever.

6. Cumpriremos com o nosso dever.

7. José não tarda a chegar.

8. José não tarde em chegar.

9. Esforcei-me por não contrariá-lo.

10. Esforcei-me para não contrariá-lo.

11. Desfrutemos os bens da vida.

12. Desfrutemos dos bens da vida.

Todos esses exemplos estão certos.

Outros verbos, porém, assumem outra significação, quando se lhes muda a regência, conforme destacam as gramáticas normativas. Ex.:

1. É muito bom aspirar o aroma das flores. (= Sorver, absorver)

2. Aspirei - durante alguns anos - ao sacerdócio. (= Desejar, pretender, objetivar)

3. José gosta de assistir aos jogos da seleção brasileira. (= Ver, presenciar)

4. O médico tem a obrigação de assistir o paciente. (= Prestar assistência, ajudar)

5. "Ele não precisou a quantia". (= Informar com exatidão)

6. "Ele não precisou da quantia". (=Necessitar)

Obs.: Há linguistas querendo que o verbo assistir seja consagrado como transitivo direto, quando ele estiver significando "ver", "presenciar". Isso, no entanto, não é aceito pelas gramáticas normativas. Pelo menos, até agora.

É isso! A língua portuguesa pode ser explicada com facilidade.

Até a próxima!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 15/02/2012
Reeditado em 16/02/2012
Código do texto: T3500649
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