NEOILOGISMO
  
    Houaiss define neologismo assim: 1. emprego de palavras novas, derivadas ou formada de outras já existentes, na mesma língua ou não; 2. atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua; 3.
unidade léxica criada por esses processos.

    Não parece ser o caso da denominação a basto empregada pelos órgãos midiáticos para os grandes navios que atualmente realizam viagens de turismo cruzando os mares deste nosso rotundo Globo, aos quais (navios) resolveram simplesmente chamar cruzeiros.
    Ora, cruzeiro é o roteiro, o circuito cumprido pelos navios em rotas diversificadas e não o meio de transporte (pelo geral barcos gigantescos e com grande capacidade de passageiros) que o realiza. Após o trágico acidente que culminou com o rompimento do casco do “Costa Concórdia”, ocorrido há pouco no litoral italiano, ouve-se nas coberturas de TV e vê-se nas matérias jornalísticas impressas sistematicamente a palavra cruzeiro atribuída à estrutura flutuante avariada, o que é, no mínimo, um contrassenso, pois que essa, que realiza um cruzeiro, é o agente da ação, isto é, um cruzador.
     Antigamente dava-se a esses grandes barcos de cruzeiro o nome de “transatlântico”, mesmo quando navegavam em outros mares (Pacífico, Mediterrâneo), paquete (muito usado no Brasil), cruzador, especialmente reservado aos navios de guerra de grande porte, vapor, buque etc. Trata-se, portanto, de neologismo ilógico (mais um) a conspurcar nossa judiada língua. 

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Na foto acima o "Costa Concórdia" adernado e semiafundado.
Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 19/01/2012
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