Peço licença para propor uma reflexão e destacar uma crítica sobre um equívoco didático muito comum.

Todos crescemos escutando “Essa palavra está errada”, “Você errou quando escreveu isso”, “Ele escreve muito errado”.

Enfim, parece que sempre estamos a alimentar a noção de erro.

Isso é tão forte que é possível verificar até professores de Português nutrindo tal pensamento.

Defendo a opinião de que falar em “erro” é um grande erro.

A intenção de todos que estudam e buscam aprender é acertar, ou seja, somar novos conhecimentos, ampliar o que já aprendeu e renovar alguns conteúdos que merecem uma melhor atenção ou estão sujeitos a uma revisão.

Se uma pessoa escreve a palavra “coco” com acento circunflexo no primeiro “o” ou acentua o “u” da palavra “Itu”, jamais eu diria, admitindo tal situação, que houve um erro na escrita de tais palavras.

Eu explicaria, adotando esses dois exemplos, que, segundo as regras de acentuação vigentes no Brasil, as palavras paroxítonas terminadas em “o” não são acentuadas. Depois eu mostraria que constatar isso não é difícil, pois é raro alguém escrever “lobo”, “tolo”, “bobo” com acento circunflexo no primeiro “o”, portanto a regra que se aplica a essas três palavras é igual àquela que justifica o fato da palavra “coco” não ter acento.

Sobre “Itu” eu esclareceria que as oxítonas terminadas em “u” não são acentuadas. Apresentaria os vocábulos “caju”, “chuchu”, “peru”, esclarecendo, então, que o raciocínio é o mesmo para essas palavras.

Complementaria a explicação dizendo que a palavra “Itaú”, apesar de ser uma oxítona terminada em “u”, é acentuada porque existe uma regra determinando que, quando o “u” tônico forma um hiato, ele deve ser acentuado. A palavra “Itaú” pode ser comparada com a palavra “baú”.

Sugerindo um esclarecimento dessa maneira ou de uma forma parecida, o que eu nunca faria (e discordo daqueles que fazem) é dizer que existiram dois erros quando escreveram “côco” e “Itú”.

Penso que a explicação que forneci acima, que pode naturalmente acontecer numa sala de aula, objetiva mostrar o que leva certas palavras a receber acento ou não, eliminando assim dúvidas oportunas de Ortografia.

Nada disso tem a ver com a intenção de apontar os erros e acertos que os estudantes cometeram.

Citando um exemplo atualíssimo, a palavra “ideia” segue hoje a nova reforma ortográfica, quer dizer, ela não possui mais acento, contudo há pouco escrevíamos “idéia” com acento agudo no "e".

Nesse caso, aquilo que seria, na opinião de muitos, um “erro” no passado é o que está “certo” nos dias atuais.

Ninguém contestará que o papel dos professores de Português, além de ensinar conteúdos referentes a sua disciplina, também é atualizar os estudantes sobre as novidades de nossa língua.

Resumindo:

Atualizar, ensinar, esclarecer e explicar SEMPRE.

Corrigir erros JAMAIS.

Esse é o meu pensamento, essa é a minha opinião.

Obrigado!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 17/01/2012
Reeditado em 28/09/2012
Código do texto: T3445990
Classificação de conteúdo: seguro