Dicas para uma dissertação no ENEM. Um esquema básico, aplicado passo a passo, numa redação sobre o aborto.

Na minha experiência pessoal, desenvolvi um esquema básico para escrever uma redação, que tem muito valor para mim.

Trata-se de quatro etapas:

1) Conceituar o que é pedido para eu falar. Depois, faço uma assertiva, negatica ou afirmativa, do que me pedem para eu discutir. Essa afirmação é a tese. Caso não saiba definir com precisão o que me é pedido, vou direto para tese;

2) Em seguida vou aos argumentos. Normalmente, cito os argumentos de quem defende aquela tese e de quem a condena;

3) Caso se trate de um assunto que requeira sugestão para a solução de algum problema, faço-o em seguida;

4) Finalmente, vou concluindo a redação, retomando e rearfimando o meu ponto de vista.

Iniciado o texto, todas as ideias que vierem durante o processo de escrita, mas que não cabem pô-las naquele momento e ponto do texto,

enumero-as ao lado dele para recuperá-las na redação no momento aportuno.

Dependendo do tipo de redação, perguntas chaves como: Onde? Por que? Quando? Quais? Quem? Como? Causas? Consequências? Também são úteis.

Alguém poderia colocar aqui seus esquemas mentais para ajudar aos principiantes que eventuamente leiam este tópico?

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Vamos a um exemplo. Digamos que me peçam para falar sobre o aborto.

1) Primeira preocupação: Definir o que é aborto (já que sei fazê-lo) e dizer que há vários tipos.

Comecemos:

ABORTO

A) Como sei conceituar o que é aborto, então o faço:

O aborto é a interrupção da gravidez, espontânea ou provocada. Sempre envolve a morte do embrião (que começa com a fecundação e vai até à 8ª semana) ou do feto (período em que o sistema nervoso se forma), no últero da mãe, no próprio ato do aborto, ou em seguida a este.

O aborto involuntário é sempre causado por anomalias cromossômicas, problemas de saúde da mãe ou por razões ambientais.

O aborto deliberado induz a morte do novo ser, seja por necessidade ( aborto terapêutico-salvar a vida da mãe, por exemplo), seja porque a gravidez é indesejável.

Quanto ao aborto espontâneo e ao terapêutico, não há contestação alguma de ordem religiosa, ética ou legal. A polêmica surge quando o aborto é artificial e a gestação é interrompida por outros motivos.

B) O que eu fiz até agora não passa de uma introdução ao tema que vou abordar, que começa com a seguinte tese (ou ponto de vista):

O aborto induzido que não seja terapêutico é um infanticídio, condenável sob todos os aspectos.

C) Uma afirmação tal como essa acima, a tese funciona também como introdução (você pode começar sua redação a partir daí).

Continuemos a redação:

Claro que a questão é muito complexa e, portanto, muito debatida.

Os que defendem o aborto o fazem com os seguintes argumentos, dentre outros: 1) A mulher, cidadã que é, tem direitos, dentre eles, o da privacidade. Interromper ou não uma gravidez não planejada se insere nesse contexto. Cabe ao Estado promover as condições ideais para um aborto seguro; 2) São feitos milhares de abortos (clandestinos), onde estes são ilegais. Seria preferível descriminalizá-lo e orientar e educar melhor as adolescentes, fase na qual a gravidez indesejada tem maior incidência. É hipocrisia ignorar esses abortos clandestinos; 3) Trata-se de uma questão de saúde pública, pois o aborto clandestino mata ou deixa muitas sequelas permanetes; 4) A gravidez é um ato que envolve a mulher e um homem, por que só punir a mulher pelo aborto? 5) Os métodos preventivos não são acessíveis à maioria da população, que por ser pobre, é ela quem mais sofre com o aborto ilegal.

Os que se posicionam contra o aborto o fazem principalmente por questão ética e religiosa. Eis alguns dos agumentos: 1) O ente que está para nascer não tem culpa alguma de ter sido gerado. Por que ser punido- e com pena de morte!- por atos cometidos irresponsavelmente por outros? ; 2) A descriminalização do aborto, ao contrário do que defendem os abortistas, não diminui sua incidência, conforme dados de países que legalizaram a prática. Pelo contrário, aumenta; 3) Com os métodos contraceptivos existentes hoje, só engravida as irresponsáveis; 4) Quem faz Planeamento Familiar prescinde da despenalização abortiva, que, em sendo adotado, vai congestionar os serviços de saúde; 5) Trata-se de um atentado à vida.

E) Eis a conclusão:

No que pese os argumentos dos abortistas, reafirmo minha posição contrária à do aborto, pois temos o poder de gerar uma vida, porém nunca o direito de assassinar um ser humano indefeso, que nem sequer pediu para ser gerado. Deus é o senhor da vida e só Ele tem o direito tirar a de alguém.

Pronto! Está pronta a redação. Quem corrige redação não vai diminuir nota por causa da opinião do autor sobre o tema. Juízo de valor pouco importa sobre tal ou qual opinião. O que vale é a coerência interna, a coesão, os argumentos e a linguagem. Em redações de concursos ou vestibulares, a linguagem deve ser a padrão.

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O ABORTO

O aborto é a interrupção da gravidez, espontânea ou provocada. Sempre envolve a morte do embrião (que começa com a fecundação e vai até à 8ª semana) ou do feto (período em que o sistema nervoso se forma), no últero da mãe, no próprio ato do aborto, ou em seguida a este.

O aborto involuntário é sempre causado por anomalias cromossômicas, problemas de saúde da mãe ou por razões ambientais.

O aborto deliberado induz a morte do novo ser, seja por necessidade ( aborto terapêutico-salvar a vida da mãe, por exemplo), seja porque a gravidez é indesejável.

Quanto ao aborto espontâneo e ao terapêutico, não há contestação alguma de ordem religiosa, ética ou legal. A polêmica surge quando o aborto é artificial e a gestação é interrompida por outros motivos.

O aborto induzido que não seja terapêutico é um infanticídio, condenável sob todos os aspectos.

Claro que a questão é muito complexa e, portanto, muito debatida.

Os que defendem o aborto o fazem com os seguintes argumentos, dentre outros: 1) A mulher, cidadã que é, tem direitos, dentre eles, o da privacidade. Interromper ou não uma gravidez não planejada se insere nesse contexto. Cabe ao Estado promover as condições ideais para um aborto seguro; 2) São feitos milhares de abortos (clandestinos), onde estes são ilegais. Seria preferível descriminalizá-lo e orientar e educar melhor as adolescentes, fase na qual a gravidez indesejada tem maior incidência. É hipocrisia ignorar esses abortos clandestinos; 3) Trata-se de uma questão de saúde pública, pois o aborto clandestino mata ou deixa muitas sequelas permanetes; 4) A gravidez é um ato que envolve a mulher e um homem, por que só punir a mulher pelo aborto? 5) Os métodos preventivos não são acessíveis à maioria da população, que por ser pobre, é ela quem mais sofre com o aborto ilegal.

Os que se posicionam contra o aborto o fazem principalmente por questão ética e religiosa. Eis alguns agumentos: 1) O ente que está para nascer não tem culpa alguma de ter sido gerado. Por que ser punido- e com pena de morte!- por atos cometidos irresponsavelmente por outros?; 2) A descriminalização do aborto, ao contrário do que defendem os abortistas, não diminui sua incidência, conforme dados de países que legalizaram a prática. Pelo contrário, aumenta; 3) Com os métodos contraceptivos existentes hoje, só engravida as irresponsáveis; 4) Quem faz Planeamento Familiar prescinde da despenalização abortiva, que, em sendo adotado, vai congestionar os serviços de saúde; 5) Não existe "aborto seguro" na perspectiva de quem é abortado; 6) Trata-se de um atentado à vida.

No que pese os argumentos dos abortistas, reafirmo minha posição contrária à do aborto, pois temos o poder de gerar uma vida, porém nunca o direito de assassinar um ser humano indefeso que nem sequer pediu para ser gerado. Deus é o senhor da vida e só Ele tem o direito tirá-la de alguém.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 14/01/2012
Reeditado em 21/10/2013
Código do texto: T3439679
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