“SATISFAZER O DESEJO” OU “SATISFAZER AO DESEJO” ?
Conquanto tenha o grande ASSIS SINTRA condenado o emprego do verbo SATISFAZER como TRANSITIVO INDIRETO, vozes autorizadas do idioma assim o fizeram, pelo que podemos empregá-lo também nessa forma sem nenhum receio de errar.
A melhor doutrina é, pois, esta: “O verbo “satisfazer” rege objeto direto ou indireto.” (OTONIEL MOTA). E a melhor lição é a dos fatos da língua. Vejam-se os seguintes e clássicos exemplos:
“Entretanto, o lirismo não pode satisfazer as necessidades modernas da poesia.” (MACHADO DE ASSIS, Crítica Literária, p. 105).
“Nenhuma pode satisfazer às aspirações novas.” (Id., ib., p. 194).
“...não podia satisfazer cabalmente a um e outro...” (RUI BARBOSA, Réplica, p. 34).
“Satisfazer à infinita Majestade de Deus.” (Pe. ANTÔNIO VIEIRA, Sermões, VI, p. 81).
O notável ASSIS SINTRA argumenta assim: “É notório que um verbo prefixado ou composto se conjuga da mesma forma e exige a mesma regência que o verbo simples.” Entretanto, os bons exemplos contrariam tal ensinamento.
É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?