O ARTIGO INDEFINIDO “UM”

Não se deve abusar do artigo indefinido UM, porque o emprego exagerado dele, dizem os estudiosos do idioma, é cópia do francês. Deve-se, entretanto, condenar o abuso, e não o uso, porque o artigo é elemento de clareza e relevo, segundo declara o grande SOUSA DA SILVEIRA.

Também é verdade que, na maioria dos casos, se dispensa o uso do artigo indefinido UM, mormente ANTES das palavras CERTO, DETERMINADO e TAL. “Não obstante, incorrerá em exagerado purismo quem pretender excluir absolutamente o indefinido em precedência a certo e tal”. (VASCO BOTELHO DO AMARAL). Isso é verdade, porque contra esse purismo exagerado se levantariam escritores da envergadura de CAMÕES, de CASTILHO, de CAMILO, de EUCLIDES DA CUNHA, de MACHADO DE ASSIS, consoante se infere dos seguintes e elucidativos exemplos.

“Estas alteiam-se sempre de UM modo assombrador.” (Euclides da Cunha, os Sertões, p. 76). (destacamos)

“Visam, de UM modo geral, atenuar a ultima das consequências da seca.” (Id., ib., p. 61). (destacamos)

“...vê-se o traço de UM outro rio...” (Id., ib., p. 10). (destacamos)

“Falcão não prometeu nada, porque UM certo instinto o levara a não prometer coisa nenhuma a ninguém...” (MACHADO DE ASSIS, Histórias sem Data, p. 192). (destacamos)

Nada obstante, para o renomado JOSÉ OITICICA (Manual de Análise, p. 222), esse UM é exemplo frisante de realce, de ênfase. O grande tratadista dá o seguinte exemplo: “Encontrei UM outro aqui.”. (destacamos)

Coisas da nossa inigualável Língua Portuguesa...

David Fares
Enviado por David Fares em 09/11/2011
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