COISAS “MENORES” OU “MAIS PEQUENAS” ?

Para muitos parece tolice a expressão MAIS PEQUENAS. Pois não o é. O Padre MANUEL BERNARDES cinzelou este período significativo: "Senhores, as horas mais pequenas são as da oração e do servir a Deus." (Nova Floresta, I, p. 3.) O mais pequeno incidente escreveu Machado de Assis em Crónicas, I, p. 241. Alexandre Herculano, em Eurico, à pág. 88, serve-se também da forma analítica: "A ala esquerda, mais pequena que as outras duas, não parecia por isso menos de temer para os árabes." Em espanhol também é dizer correto o emprego da forma analítica mais pequeno : "Caperucita, la más pequeña de mis amigas..." (F. Villaespesa).

Ensina, a propósito de tão relevante tema, o notável VITTORIO BERGO:

“MAIS PEQUENO — Ao contrário do que acontece com mais grande, mais pequeno se usa amplamente em expressões comparativas e superlativas e dela se colhem exemplos nos mais exigentes clássicos e puristas. Bastem a demonstrá-lo estes fragmentos de frases: "serviços mais pequenos" (Camões, Redondilhas, I, 167); "as mais pequenas partes" (FE, Poesias, 244); "a mais pequena suspeita" (CCB, Mistérios, U, 29); "a mais pequena ausência" (Idem, Consolação, 250-1); "os mais pequenos acessórios" (Idem, Livro negro, I, 228); "Eles caminhavam, caminhavam, a alameda não terminava mais, era uma perspectiva sem fim, os dois vultos iam ficando cada vez mais pequenos, mais pequenos." (EV, Olhai, 42).” (Erros e Dúvidas da Linguagem, Editora Francisco Alves, 7ª ed., 1988, p. 242).

É ou não curiosa e apaixonante nossa inigualável Língua Portuguesa?

David Fares
Enviado por David Fares em 16/09/2011
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