A POSIÇÃO DA CONJUNÇÃO ADVERSATIVA “PORÉM”

Modernamente, quase todos os bons escritores preferem colocar a conjunção PORÉM depois da primeira ou primeiras palavras da sentença. Entretanto, não há como se condenar a colocação dela no rosto [início] da proposição [sentença], pois tal sintaxe tem o apoio dos clássicos.

Exemplos:

"O surrador comunicou a denúncia ao meirinho, esperando que a quadrilha se abalasse imediatamente na peugada dos fugitivos; porém, o funcionário entrou a discorrer conjeturalmente a respeito da outra mulher do rancho..." (CAMILO CASTELO BRANCO, Novelas, III, p. 128).

"Porém todos os clássicos de todos os tempos ma deparam freqüentemente assim colocada." (RUI BARBOSA, Réplica, p. 349).

"Porém me diz você que o velho Castilho julgou desnecessário esse verbo." (SÁ NUNES, Jornal do Comércio, 28.II.1954).

O notável jurista RUI BARBOSA, por sua vez, condenava a colocação de PORÉM no fim da sentença, “lugar impróprio das conjunções" (M. SAID ALI). Todavia, ALEXANDRE HERCULANO, em Eurico, à pág. 165, escreveu: "O moço Duque de Cantábria vela, porém."

Assim, não se deve condenar a colocação da conjunção adversativa PORÉM no COMEÇO da sentença, visto que tal prática se apoia em textos clássicos.

ANTENOR NASCENTES, por seu turno, achava que a posição de PORÉM no rosto da sentença era arcaísmo de colocação. Entretanto, escritores modernos ainda se utilizam de tal arcaísmo.

Exemplo:

"Porém ambas ficam aquém dos fatos..." (EDUARDO CARLOS PEREIRA, Gramática Expositiva, Curso Superior, 7a ed., p. 350).

David Fares
Enviado por David Fares em 03/09/2011
Reeditado em 03/09/2011
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