Uma figura de tal
Metonímia não é preguiça
Palavras se subentendem
Carola lembra tanto a missa
Cito uma, a outra diz amem
Nuvens ajoelhadas rezando
Ou sapatos fugindo do pé
Prosopopéia, vida animando
O inanimado evitando o chulé
Via-se todos em pele morena
Apenas ela angélica morria
Eufemismo atenuando a cena
Afirma que a angélica dormia
Se eu disser “um dia cinzento”
Nada sugere um tom aquarela
A metáfora assegura o lamento
Do dia que nos deixará seqüela
Pode até parecer um marasmo
Pois o verbo na frase já sugeriu
Pode enfatizar o suave e o gentil
O chover da chuva é o pleonasmo
É um recurso de quem é superior
A ironia se usa com pouco pudor
Chamo de longilínea a gorducha
De alma pura aquela que é bruxa