A LANTERNA DE DIÓGENES E A NEOPEDAGOGIA DA GRAMÁTICA

Conta-se que Diógenes, célebre filósofo grego, andava pelas ruas, em plena luz do dia, com uma lanterna acesa na mão. Instado a se manifestar sobre o porquê de tão estranha atitude, ele respondeu:"Procuro um homem." Na pedagogia do filósofo ilustre, era possível perceber a ideia do educador que desejava que os seus conterrâneos pensassem sobre a importância de o ser humano ser correto.

Na arte de instruir, Diógenes revelou-se criativo por usar uma técnica que não era usual e que chamaria a atenção das pessoas através dos tempos. Pois essa sensibilidade de Diógenes em lidar com aquilo que é inusitado sugere um vínculo com a Neopedagogia, inegavelmente uma nova maneira de mostrar que a Língua Portuguesa pode ser melhor compreendida, pois Neopedagogia quer dizer um novo jeito de ensinar o nosso idioma.

Esse campo de pesquisa, conhecido como Neopedagogia ou Neodidática, é comandado pelo professor gaúcho Francisco Dequi e traz ideias inovadoras, como a afirmação incontestável de que palavras com mais de uma sílaba têm apenas uma regra de acentuação e que o sinal de crase, a rigor, pode ser explicado por uma macronorma. Regra única também para a crase.

Seja ressaltado também que a teoria Dequiana antecipou-se ao Acordo Ortográfico, como se vê pela Carta Magna da Língua Portuguesa (publicada em 1976), documento que, entre tantas teses inovadoras, dizia fatos referendados mais tarde pelos países lusófonos. Lembremos duas afirmações da teoria do professor Dequi: "O acento no primeiro O do hiato OO é inútil, e o acento circunflexo nos verbos lêem, crêem, vêem e dêem, bem como nos seus derivados, não tem qualquer sentido."

A didática de Dequi e a de Diógenes merecem registro, porque, na técnica de ensinar, ambos tiveram inspirações semelhantes por procurarem caminhos que incentivassem as pessoas a pensar e a perceber.