Novo acordo ortográfico I

"Eu ganho muito dinheiro porque

negoceio na bolsa de valores."

Parece absurda a grafia da frase acima, não é? Mas ela está absolutamente correta, conforme as normas do Novo Acordo Ortográfico, que está em período de transição e, agradando ou não, deverá ser efetivamente respeitado por todos usuários da língua portuguesa dos países signatários, a partir do ano de 2013.

Para nos acostumarmos com as novas normas, antes de mais nada é preciso conhecê-las, e a partir daí, utilizá-las sempre, pois a escrita constante, a repetição, é a melhor forma de memorizar qualquer regra gramatical.

Então, vamos começar? Aí vai um guia prático, publicado em pequenos textos, com todas as novas regras, seguidas de exemplos. Mas primeiro vamos esclarecer a frase do topo: o verbo "negociar" pode ser conjugado de duas maneiras, portanto "negoceio" está tão certo quanto "negocio".

ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

- O alfabeto passa a ter 26 letras;

Introdução das letras k, w e y (uso restrito a topônimos e antropônimos estrangeiros e seus derivados e a siglas, símbolos e palavras adotadas como unidades de medidas da curso internacional.)

Ex.: Franklin, Darwin, Byron, darwiniano, byroniano, kg, km, K (potássio), W (oeste), yd (jarda) etc.

- Nomes próprios de pessoas ou de lugares de tradição bíblica:

a) Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th são conservados, simplificados ou adaptados.

Ex.: Loth ou Lot ou Ló; Baruch ou Baruc; Judith ou Judite etc.

b) Se os dígrafos não forem pronunciados, devem ser eliminados.

Ex.: Joseph = José; Nazareth = Nazaré etc.

c) As consoantes finais b, c, d, g e t mantêm-se - quer pronunciadas, quer não - ou são simplificadas.

Ex.:Jacob ou Jacó; Isaac ou Isaque;

- Nomes próprios de lugares em língua estrangeira, sempre que possível devem ser adaptados à língua nacional.

Ex.:Genève = Genebra; Turino = Turim

- Palavras com sequência de consoantes no interior do vocábulo:

a) A sequência deve ser conservada quando invariavelmente proferida na pronúncia culta:

Ex.: ficção, apto, adepto, erupção etc.

b) A sequência deve ser eliminada quando invariavelmente não proferida na pronúncia culta:

Ex.: ação, exato, adoção, Egito, ótimo etc.

c) Haverá dupla grafia se não houver uniformidade entre as pronúncias dos países de língua portuguesa:

Ex.: aspecto ou aspeto; cacto ou cato; caracteres ou carateres; corrupto ou corruto; assumpção ou assunção etc.

- Sufixos -iano e -iense:

Mantém-se o "i" nos substantivos e adjetivos derivados.

Ex.: acriano (Acre); saussuriano (Saussure); torriense (Torres) etc.

- Substantivos que são variações de outros terminados em vogal:

As variações devem ser grafadas com final -io e -ia.

Ex.: cume - cúmio; veste - vestia; haste - hástia etc.

- Verbos ligados a substantivos terminados em -ia e -io:

Serão conjugados de duas maneiras.

Ex.: negocio e negoceio (negócio); premio e premeio (prêmio) etc.

Baseado em publicação da Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal - 2009