Entendendo a Língua Portuguesa - Sintaxe - Aula 15
Olá, leitores.
Voltemos então ao estudo da Sintaxe, entendendo as Funções exercidas por cada Classe Gramatical..
"Aula 15"
" O Vocativo"
A palavra "Vocativo" deriva de "EVOCAR", "CHAMAR".
O Vocativo é uma espécie de "chamamento".
Observe:
Quando falamos "sobre" alguém, utilizamos a terceira pessoa: "Ele".
Ele veio para casa.
Considere comigo:
1. Alguém que não é "Ele" escreveu a frase acima para que "outra pessoa" (o leitor) entedesse o que aconteceu: Ele foi para casa.
2. A pessoa "Ele", sobre quem o autor da frase fala, não tem conhecimento da frase, pois o autor não fala "com ele", e sim, fala "sobre ele". Chamamos este Discurso de DISCURSO INDIRETO.
3. O sujeito desta oração é Simples e Claro: "Ele (Pronome Substantivo)
Porém, há outro tipo de Discurso, o DISCURSO DIRETO, em que o autor escreve como se estivesse falando "com a pessoa", ou seja utilizando a Segunda Pessoa: com quem se fala.
Observe:
Venha para casa!
Temos então:
1. Um autor que fala DIRETAMENTE para alguém.
2. O Sujeito desta oração é Desinencial (Antigo Sujeito Oculto).
Quem vem pra casa? "Você"
(Atente que a oração está no modo Imperativo: Vem tu, Venha Você, Venhamos nós...)
Portanto: Sujeito Desinencial - Você.
Observe agora:
João, venha para casa!
Nesta oração, temos:
1. O Autor escreve "para alguém", ou seja: fala Diretamente com a pessoa.
2. O verbo continua no Imperativo (Venha), portanto seu sujeito continua sendo "você". (Venha você)
3. Surge um outro termo "João", que é o "nome" do Sujeito "você".
Atente ao fato de que o Sujeito da Oração é o termo que "concorda" com o verbo:
Venha você
e não:
João venha
Observe que, se o Sujeito fosse João, ele "concordaria" com o verbo.
Ficaria assim:
João "vem" para casa.
Lembre-se de que é a partir do VERBO que localizamos o SUJEITO.
Voltemos à oração:
João, venha para casa!
Temos:
1. Sujeito Desinencial: Você
2. Termo isolado João. Atente ao fato de que a palavra "João" está isolada da oração através de uma vírgula.
3. Caso o termo "João" fosse um Sujeito, não opderíamos separar o Sujeito do Predicado utilizando uma vírgula. Lembre-se de que O SUJEITO sempre se liga ao PREDICADO diretamente.
Então, qual a Função do termo "João"???
Observe que o autor procura fazer um contato direto com a pessoa com quem ele quer falar. Isso é a Linguagem Fática, em que o autor susba atrair a atenção para falar "com alguém".
Como se ele dissesse:
João, oh João, venha para casa!
O termo João tem a Função do Chamamento, ou seja, é um VOCATIVO.
João, venha para casa!
|
(Vocativo)
Observe:
1. O "Vocativo" faz parte da oração, mas fica fora dela, isolado por uma vírgula.
2. O "Vocativo" não concorda com o VERBO da oração, ele é independente.
3. A presença de um "Vocativo" faz com que seja desnecessário a presença de Um SUJEITO CLARO, pois ficaria repetitivo. Usamos portanto, Sujeito Desenencial, quando a oração apresentar um Vocativo, evitando a repetição:
"João", "você" venha para casa!
(Observe que a oração não está errada, mas há um Pleonasmo, uma repetição desnecessária no dia-a-dia. Porém, um autor pode usar esta repetição justamente para enfatizar quem é o Locutor, neste caso, a repetição será bem vinda) :
Mãe falando ao filho, já irritada:
Senhor João, "você" venha para casa,
| |
(Vocativo) (Sujeito - para dar ênfase)
É muito comum a confusão entre Sujeito e Vocativo.
Fique atento:
1. O Sujeito sempre concordará com o VERBO.
2. O Vocativo sempre aparece isolado por vírgula, permanecendo ao lado da oração.
3. Jamais separamos um Sujeito de seu Predicado com vírgula.
Compra o pão, Maria!
Quem compra?
Observe o Imperativo: Compra tu, compre você, compremos nós...
Sujeito - Desinencial " tu". (Compra tu o pão)
Vocativo - Maria.
4. Todo Vocativo (como chamamento que é) se referem a "alguém" ou "alguma coisa" - Portanto, os Vocativos são Funções Sintáticas exercidas pelo SUBSTANTIVO.
5. Quando escrevemos em "Discurso Direto", precisamos de um VOCATIVO para determinar o "quem" a que a oração se refere.
Mesmo não sendo "essencial" gramaticalmente, o Vocativo informa "quem" é a pessoa do sujeito culto, tornando-se "essencial" para a contrução do "Discurso Direto".
Quando um autor escrever:
"Pedro, cante amigo!
|
(Vocativo) (Sujeito Desinencial: você)
"Parem com isso, rapazes!"
|
(Sujeito Desinencial: "vocês") (Vocativo)
Observe que os Vocativos indicam "quem" é a pessoa do Sujeito Desinencial.
Bem, vamos ver agora outra Função Sintática:
"O APOSTO"
Aposto quer dizer: Posto ao lado...
Ou seja, é um termo "colocado" ao lado de outro termo já existente.
Vamos pensar um pouco:
A estrutura de toda oração segue um padrão:
Predicado
|
Sujeito + Verbo + Complemento
| | |
Maria comeu o bolo.
Esta é a ordem NATURAL das coisas: Sujeito - verbo - complemento.
Quando a oração está em sua ORDEM NATURAL não há necessidade de pontuação interna.
Observe:
Aquela pequena menina trouxe todos os seus pertences preciosos.
| | |
Sujeito Verbo Complemento (Objeto Direto)
Observe que, mesmo sendo uma oração grande, não há necessidade de usarmos pontuação interna, já que a oração está em sua ORDEM NATURAL. (Esta noção ajudará bastante no assunto PONTUAÇÃO).
Mas...
Não escrevemos o tempo todo utilizando a ORDEM NATURAL.
Às vezes invertemos os termos para dar beleza à oração ou enfatizar um termo:
Maria saiu ontem mesmo.
(Ordem Natural)
Observe agora:
Ontem mesmo, Maria saiu.
(Alteramos a Ordem para enfatizar que foi ""ontem mesmo")
Atente que, ao alterarmos, a ordem natural, a vírgula foi utilizada para indicar a alteação na ordem da oração!
Outro caso em que não usamos a ORDEM NATURAL é quando precisamos explicar algo sobre um termo, dentro da oração.
Observe:
Salvador é uma cidade linda!
| | |
(Sujeito) (Verbo) (Complemento - Predicativo)
Digamos que o Autor não tenha a certeza de que o LEITOR conheçe a Cidade de Salvador. O Autor vai utilizar um recurso para "explicar" o termo "Salvador".
Observe:
Salvador, capital da Bahia, é uma cidade linda!
Atente que o autor incluiu, numa oração já completa, uma explicação sobre um SUBSTANTIVO.
Salvador é a capital da Bahia!
Como esta explicação "capital da Bahia" não pertencia originalmente à oração (em sua ORDEM NATURAL), dizemos que esta expressão foi "posta" na oração, ou seja, trata-se de um APOSTO.
O Aposto é uma explicação que inserimos na oração já completa, para caracterizar melhor um termo desta oração.
Observe:
Salvador, "capital da Bahia", é uma cidade linda!
|
(Aposto)
Atente ao fato de o Aposto aparecer isolado por VÍRGULAS ou aparecerá após os dois pontos (:). (Temos uma exceção no final desta aula!)
Observe que o Sujeito (Salvador) não se separa do Verbo (é), o que ocorre é que intercalamos um APOSTO: as vírgulas pertencem ao Aposto, isolando ele do restante oração.
Vamos pensar:
1. O Aposto tanto "caracteriza", quanto "se refere" a termos da oração, portanto o Aposto é um misto de "Adjetivo com Substantivo".
2. O Aposto possui uma característica diferente das demais Funções Sintáticas: O Aposto é uma "Função Substantiva" que funciona como "Adjetivo", pois caracteriza algo.
3. O Aposto é, portanto, um termo "Acessório", em que o Substantivo se "adjetiviza". Função Substantiva com natureza Adjetiva (Acessório).
4. Entende-se que um Aposto é sintaticamente igual ao termo a que se relaciona porque pode além de caracterizá-lo, substituí-lo.
"Maria" era inteligente.
(Sujeito)
Maria, "a menina alta", era inteligente.
(Sujeito) (Aposto)
"A menina alta" era inteligente.
(Sujeito)
Se eliminarmos o termo "Maria", o aposto "A menina alta" assume a função do Sujeito "Maria".
Veja alguns exemplos:
Ontem, Segunda-feira, passei o dia com dor de cabeça.
|
(Aposto Especificativo - qual o dia.)
Aprecio vários tipos de música: "MPB, rock, blues, etc".
|
(Aposto Enumerativo)
Classificação do Aposto
a) Explicativo:
Maria, "a menina estudiosa", passará no concurso.
b) Enumerativo:
A vida é cheia de prazeres: amor, trabalho, diversão.
c) Resumidor ou Recapitulativo:
Maria, Pedro, João, "todos eles", saíram cedo.
d) Comparativo:
Seus olhos, "pequenas estrelas do céu", encantam a todos.
e) Distributivo:
Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores, "aquele na poesia e este na prosa".
f) Aposto Oracional:
Maria foi para São Paulo: O melhor lugar que existe.
Observe que o APOSTO "O melhor lugar que existe." apresenta um "VERBO" (existe), portanto é uma oração.
G) Aposto Especificativo
Único aposto que não apresenta pontuação e se integra perfeitamente à oração.
Observe:
O aposto especificativo particulariza um "Substantivo" que antes era genérico, prendendo-se a ele diretamente ou indiretamente, através de uma preposição, sem que haja pausa ou pontuação:
Observe:
O poeta "Drummond" é realmente um gênio!
Atente ao fato de que "Drummond" especifica quem é o "poeta". Não é mais qualquer poeta, mas um poeta específico.
A rua "Augusta" está movimentada.
Augusta é um aposto que especifica o Substantivo "rua".
Observe que o "Aposto Especificativo" pode ser confundido com um "Adjunto Adnominal".
Vamos diferenciá-los:
Observe:
A obra "de Camões" é símbolo da cultura portuguesa.
Neste exemplo, o termo "de Camões" é uma Locução Adjetiva, portanto funciona como um Adjetivo.
A obra "camoniana" é símbolo da cultura portuguesa.
Portanto: "de Camões" é um Adjunto Adnominal.
Diferente de:
O escritor "Camões" nasceu em Portugal.
|
(Aposto Especificativo)
Como Difernciar o Aposto Explicativo do Especificativo?
A diferença básica entre os apostos "explicativo" e "especificativo" é bem sutil.
Observe: Explicar é dizer "algo" sobre alguma coisa: Maria, a menina estudiosa, passará no concurso.
Note que o aposto "a menina estudiosa, não "especifica", apenas explica uma característica de Maria, ou de várias Marias, pois várias Marias devem ser estudiiosas.
Algo ESPECÍFICO vai além de explicar, deixa particular, específico, quase único.
Maria, a mãe de Jesus, era judia.
Neste caso o aposto " a mãe de Jesus" especifica sobre "QUAL" Maria estamos falando, não é qualquer Maria, mas "especificamente" a mãe de Jesus.
Explicação: descreve um atributo qualquer.
Especifíciação: deixa o "substantivo" bem específico, particular: Pedro, o sobrinho de Maria, fugiu. Sabemos quem é este Pedro específico, portanto "o sobrinho de Maria" é aposto especificativo.
Encerramos por aqui nossa aula.
Na aula 16, aprenderemos a última Fuñção Sintática que nos resta: O Agente da Passiva.
Até lá.
Sou Ed Borges - Professor e Escritor.
Desenvolvo didáticas personalizadas para o estudo e compreensão de Gramática, Literatura, Matemática e Raciocínio Lógico.
Meus cursos, materiais e programas de estudos podem ser melhor visualizados através dos contatos abaixo:
Whatsapp do Curso Intelectos - 71 982017582
Facebook do Professor: https://www.facebook.com/ed.borges2
Site para baixar materiais e conhecer nossos cursos:
http://cursointelectos.wixsite.com/logicagramatical
(A partir de 25/09/2018 teremos cursos gratuitos!)
Bons estudos.