Entendendo a Língua Portuguesa - Sintaxe - Aula 6
Olá, leitor.
Vamos entender agora como as Classes de Palavras assumem obrigações específicas em cada oração. Agora que já sabemos o que é um SUBSTANTIVO, vamos entender quais as funções que um SUBSTANTIVO pode desempenhar dentro de uma oração.
Um substantivo pode ser "SUJEITO" ou "COMPLEMENTO NOMINAL" ou ainda, um Substantivo pode desempenhar o papel de um "COMPLEMENTO VERBAL". e E por aí vai...
Não se assustem! Vamos entender cada uma destas funções sem evidenciar tantas regras. Sugiro ao leitor que, a partir de agora, raciocine comigo, não procurando "decorar o que está escrito", mas buscando participar ativamente da leitura.
Vamos viajar...
"Aula 6 - Funções Sintáticas"
As Funções Sintáticas são as funções exercidas pelas classes gramaticais.
Observe:
"Maria" saiu de casa.
Maria é um "Substantivo" - sua classe gramatical.
Maria é um "Sujeito" da Oração - sua função sintática.
Vamos primeiramente conhecer as Funções Sintáticas, quais são elas? quantas são? Ou seja, dentro da Empresa quais as funções existentes?
Vamos lá! São Funções Sintáticas:
1. Sujeito
2. Predicativo
3. Complementos Verbais: Obejto Direto e Objeto Indireto
4. Adjuntos Adnominais
5. Adjuntos Adverbiais
6. Complemento Nominal
7. Aposto
8. Vocativo
9. Agente da Passiva
10. Predicado (Que não é uma função, e sim uma "parte" da oração, que estudaremos também neste capítulo.)
Então pensemos assim: Nós temos 10 classes gramaticais e temos 9 funções possíveis dentro de uma oração.
Cada função é exercida por uma ou mais classes gramaticais, e algumas classes gramaticais podem exercer várias funções. Isso requer um pouco mais de atenção. Entenda primeiramente quais são as classes, quais são as funções e quem pode fazer o quê... Entendeu?
Vamos então analisar cada uma das Funções Sintáticas e memorizar que classes podem exercer esta função.
Inicialmente, recapitulemos:
"Oração" é qualquer estrutura que apresente obrigatoriamente um "verbo".
É ao redor deste "verbo" que a oração se estrutura.
Observe:
Toda menina adora bonecas.
As orações apresentam uma estrutura inicial bastante simples, formada por duas "partes essenciais":
Sujeito + Predicado
O verbo da oração encontra-se no predicado, enquanto o sujeito será formado com base em um "Substantivo", que sempre será o núclo do Sujeito.
As funções sintáticas que estudaremos farão parte "ou do sujeito", "ou do predicado".
Vamos aprofundar agora em cada uma das Funções Sintáticas:
1. "Função Sujeito"
Atribuições: O Sujeito é a "pessoa ou coisa" sobre a qual iremos falar na frase. É o "quem" ou "o quê" da questão.
Características:
- O Sujeito se liga a um verbo, podendo executar e/ou sofrer a ação do verbo.
Classes Gramaticais do Sujeito: Apenas "SUBSTANTIVOS"!
OBS! Claro que podemos ter um pronome, um numeral ou qualquer classe gramatical virando um SUBSTANTIVO! (AULA 1)
"SUJEITO"
Sujeito de uma oração é o que podemos chamar de “aquele que executa o verbo”.
O sujeito é a pessoa ou coisa (portanto, um substantivo) que se relaciona direta e intimamente com o verbo. O sujeito pratica o verbo ou sofre os efeitos dele.
Observe:
João "comprou" um carro.
Temos o verbo: comprar.
Observe que temos uma seqüência natural para que criemos a frase:
Primeiro surge João.
Depois, o que ele fez: comprou.
E somente no final surge aquilo para o qual o verbo se direcionou, ou seja, "um carro".
João pratica o verbo sobre alguma "coisa"
O sujeito (João) que agiu sobre o verbo (comprou) que recaiu sobre seu completmento (um carro).
Observe:
No realidade, o sujeito surge primeiro que ao verbo, mesmo que na oração, ele apareça depois.
Sumiram João e Pedro.
Verbo: sumir.
Note que o sujeito aparece escrito após o verbo, mas na nossa realidade "João e Pedro" existem antes de eles “sumirem”. Assim, devemos entender o Sujeito como o motivo de o verbo existir, pois o sujeito surge antes do verbo.
O sujeito de uma oração deve ser capaz de fazer o verbo “acontecer”.
Quando precisamos descobrir qual o sujeito de uma oração, devemos primeiramente localizar o "verbo", pois o verbo só existe, naquela frase, em função do que o sujeito precisa.
Observe:
Naquela casa residem três pessoas muito felizes.
Localizamos o verbo:
Naquela casa "residem" três pessoas muito felizes.
Agora precisamos achar o sujeito, aquele que executa a ação de “residir”.
Quem reside?
Três pessoas muito felizes.
Ou seja:
Três pessoas muito felizes residem naquela casa.
Então temos:
O verbo: residem (residir)
Quem residem? – Três pessoas muito felizes (sujeito)
Onde residem? Naquela casa (Circunstância de lugar)
A localização do sujeito pode ser feita através das perguntas:
Quem ou O quê? ao verbo: Quem matou: Quem comprou? O que abriu?
Observe que os pronomes que, quem devem sempre vir antes do verbo quando fizeem a pergunta.
Temos, portanto:
O sujeito da oração: Três pessoas muito felizes
Este Sujeito é formado por quatro palavras:
três, pessoas, muito e felizes.
O núcleo do sujeito sempre será o ou os substantivo(os).
Neste caso, a palavra "pessoas".
Recaptulando:
Três pessoas muito felizes
Sujeito: Três pessoas muito felizes
Núcleo do Sujeito: pessoas
Predicado: residem naquela casa
Memorize: Todo sujeito tem como núcleo um substantivo.
"Tipos de Sujeito":
Agora vamos estudar os tipos de sujeito na oração. Como cada um deles se apresenta e quais as suas características.
"Sujeito Simples":
Quando apresenta apenas "um núcleo", "um substantivo":
"João" comeu, "Eu" saí, "Todos" estão aqui.
Note que o sujeito é dito simples pela quantidade de núcleos ou substantivos.
Observe:
Dez milhões de pessoas estiveram nas ruas em protesto.
Sujeito: "Dez milhões de pessoas"
Núcleo do Sujeito: "pessoas"
Dez milhões de "pessoas" estiveram nas ruas em protesto.
Note chamamos este sujeito de Sujeito Simples não pela da quantidade de pessoas (Dez milhões), e sim pela quantidade de substantivos (pessoas).
Neste caso: Dez milhões de pessoas estiveram nas ruas em protesto. Temos apenas um substantivo no sujeito, portanto temos um único núcleo: sujeito simples.
"Sujeito Composto":
Quando apresenta "mais de um núcleo", "mais de um substantivo
"João e Maria" comeram o bolo, "Eu e Maria" saímos juntos etc.
Atente para a quantidade de núcleos dentro do sujeito.
Um núcleo ou substantivo – sujeito simples.
Mais de um núcleo ou substantivo – sujeito composto.
"Sujeito Claro ou explícito":
O sujeito é dito claro quando aparece escrito na oração:
"João" comeu, "Eu e ela" saímos, "Todos" estão aqui.
Note que os Sujeitos Claros podem ser simples ou compostos!
Nestes casos, além de sabermos a quantidade de núcleos, sabemos quem são estes núcleos, pois estão escritos na oração de forma clara.
"Sujeito Desinencial ou Elíptico ou Implícito":
(Nova Nomenclatura)
Antigamente chamado de "Sujeito Oculto", o Sujeito Desinencial não aparece escrito na oração, mas está subentendido.
Observe:
Saí de casa ontem.
Quem saiu?
Eu!
Sabemos que a pessoa que saiu de casa fui “eu”, mesmo sem a palavra "Eu" estar escrita.
Como sabemos?
Esta resposta quem nos fornece é o verbo, através de sua terminação ou desinência.
Saí cedo – eu.
Saíste cedo – tu.
Saiu cedo – ele.
Saímos cedo – nós.
Saístes cedo – vós.
Atente que a terminações (desinências) dos verbos nos auxiliam na identificação do sujeito. Perceba que o sujeito não está na verdade “oculto”, mas sim subentendido ou implícito.
"Fique bastante atento":
As desinências verbais nos auxiliam na identificação do sujeito de dois modos: quem é a pessoa ou a quantidade de pessoas que pertence ao sujeito.
Observe: (Suponha você lendo cada frase!)
- Primeira Pessoa Singular - "a pessoa que fala" - Eu saí
(O sujeito "eu" nos permite saber quantos saíram (1) e quem saiu (Eu, portanto eu mesmo).
- Segunda Pessoa Singular - "a pessoa com quem eu falo" - Tu saíste
(Sabemos quantos saíram (1) e sabemos quem saiu (Tu: a pessoa com quem eu falo, que está deve estar diante de mim pra que eu fale "tu").
- Terceira Pessoa do Singular - a pessoa "de quem" eu falo - Ele saiu (Sabemos que é apenas uma pessoa, mesmo podendo não saber quem é, já que estamos falando "de alguém": ele...)
- Primeira Pessoa do Plural - Nós saímos - (Sabemos quem é, pois fazemos parte do sujeito: "nós", mesmo não indicando quantos "nós" somos.)
- Segunda Pessoa do Plural - Vós saístes - (Sabemos quem é e quantos são, pois estamos diante deles: Vós: com quem falamos.)
- Terceira Pessoa do Plural - Eles saíram - (Não sabemos quem é, nem quantos são.)
Vamos pensar um pouco sobre isso:
A "desinência verbal" não nos indica quem é o sujeito, nem quantos são, no caso da "terceira pessoa do plural".
Ou seja:
As desinências da primeira, segunda e terceira pessoa do singular e da primeira e segunda pessoa do plural (quando os sujeitos não estão escritos) nos indicam que o sujeito é desinencial ou elíptico ou implícito. Porque mesmo não estando escritos, sabemos quem são ou quantos são!
Mas no caso da terceira pessoa do plural, o sujeito é dito "Indeterminado", pois não sabemos quem nem quantos são.
Observe:
"Sujeito Indeterminado":
O sujeito é dito Indeterminado quando realmente não podemos identificar quem é, nem quantos são.
Temos duas possibilidades de SUJEITO INDETERMINADO:
1. Quando o sujeito não está claro e escrito na frase e o verbo está na terceira pessoa no plural: (Com vimos anteriormente)
Comeram todo o bolo.
Quem comeram? Eles... Eles quem? Não sabemos.
Cedo, entraram em colapso.
Quem entraram? Eles... Eles quem? Não sabemos.
2. No caso em que temos a combinação:
Verbo transitivo indireto + "SE" na terceira pessoa.
Observe:
Precisa-se de doceira.
Precisar – verbo transitivo indireto – quem precisa, "precisa de" alguma coisa + "SE" (Atente para a preposição.)
Este “se” é chamado de índice de indeterminação do sujeito, pois não sabemos quem precisa.
Cuidado:
Não confunda os “se”!
Necessita-se de dinheiro.
é diferente de:
Aplica-se injeção.
No primeiro caso: “Necessita-se de dinheiro” temos um sujeito indeterminado, pois temos um verbo transitivo indireto na terceira pessoa + "SE".
No segundo caso: “Aplica-se injeção” temos um sujeito simples e claro na voz passiva, o verbo é "transitivo diret"o (Quem aplica, aplica alguma coisa – sem preposição)
"Dica":
No caso de voz passiva, podemos inverter a frase e encontrar o sujeito de forma simples:
Aplica-se injeção
Inversão: Injeção é aplicada
Sujeito: (Quem é aplicada?) Injeção – sujeito simples e claro.
No caso do sujeito indeterminado, não é possível fazer a inversão:
Necessita-se de dinheiro.
Inversão: De dinheiro é necessitado.
Observe que não é possível encontrar o sujeito.
"Estes são os tipos de sujeito que vimos":
"Quanto à quantidade de núcleos": Sujeito simples ou composto.
"Quanto à identificação": Sujeito claro, desinencial ou indeterminado.
Temos ainda dois casos a estudar.
"Sujeito Oracional":
Neste caso, o sujeito possui um verbo substantivado. Temos um sujeito que é uma verdadeira oração, já que apresenta um verbo.
Cantar faz bem.
Verbo: faz
O que faz bem? Cantar.
Sujeito: Cantar – Sujeito Oracional.
Perceba que o verbo “cantar” se transforma em substantivo, podendo até admitir um artigo:
"O Cantar" faz bem.
"Oração sem Sujeito":
Existem casos especiais em que as orações não precisam de sujeito. Teremos todas as informações contidas no verbo, ou seja, teremos apenas Predicado.
Temos 3 possibilidades de orações sem sujeito.
1) Verbo haver quando significa existir
Há muitos homens trabalhando.
Notem que neste caso, ninguém “há”, ninguém executa o verbo, simplesmente “acontece”.
O verbo haver, neste caso, é chamado de impessoal e deve permanecer no singular.
"Cuidado":
A regra só vale para o verbo "haver" e desde que apresente o "sentido de existir".
O verbo existir ocorre normalmente com seu sujeito.
Existem muitos homens trabalhando.
Quem existem? Muitos homens.
Sujeito: Muitos Homens.
Núcleo: Homens.
2) Verbos que indiquem tempo cronológico ou fenômenos metereológicos: ser, estar e fazer.
Está muito quente hoje.
Faz dez dias que ela se foi.
É noite.
Note que os verbos ficam todos impessoais e no singular, já que não há sujeito.
3) Verbos que indicam fenômenos da natureza: trovejar, chover, anoitecer, relampejar…
Choveu muito ontem.
Trovejou bastante.
"Cuidado":
Choveram canivetes naquela casa.
Quem choveram? Os Canivetes.
Sujeito: Canivetes (Sujeito simples e claro.)
Aqui, o verbo está no sentido figurado e não é fenômeno natural.
Bem, leitor, aqui termino a Aula 6. Aqui vimos uma introdução à Sintaxe e a primeira função sintática: Sujeito.
Na aula 7, estudaremos o Predicado das Orações.
Aula já publicada:
http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2880721
Sinto falta de perguntas dos leitores.
Dúvidas? Críticas?
Comentem, perguntem...
Bons estudos.
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