DOIS PONTOS DE VISTA ACERCA DA IMPORTÂNCIA DOS PRONOMES PESSOAIS DO CASO RETO E DOS DEMONSTRATIVOS

DOIS PONTOS DE VISTA ACERCA DA IMPORTÂNCIA DOS PRONOMES PESSOAIS DO CASO RETO E DOS DEMONSTRATIVOS

Benveniste (1995) registra a importância dos pronomes pessoais dizendo que eles são o ponto de apoio por meio do qual se abrem todas as coordenadas comunicativas. Tal registro do autor deixa clara a relevância desses elementos, especialmente o eu que é a expressão da subjetividade na linguagem. Essa é a visão que autor tem acerca do uso da dêixis na língua: um homem que exerce sua subjetividade e que se expressa por meio da língua. Entretanto, na visão tradicional (concepção reflexiva da linguagem) não se pensava dessa forma, porque o homem não tinha a primazia no exercício da língua, visto que a língua era pronta e suficiente em si mesma. Nesse sentido, se o homem estava fora da língua, pergunta-se: qual a importância dos pronomes pessoais? Pode-se inferir que quase nenhuma. Mas essa pergunta pode ser mais bem respondida nos estudos de Lahud (1979) quando ele diz que os demonstrativos foram a primeira noção que os gregos tiveram do uso da dêixis. E por ser um elemento primitivo, dos demonstrativos descenderam muitos outros elementos, como, por exemplo: os advérbios de lugar; o pronome de terceira pessoa ele nas línguas românicas e no Inglês; os artigos definidos no Inglês e no Francês. Lyons (1979), o autor que estudou essa particularidade dos demonstrativos, diz que os traços característicos desses elementos é a chave para a relação entre eles: todos eles “incluem o traço definido” (LYONS, 1979, p. 279).

Hoje há uma satisfação em saber que o homem tem a função primordial na língua. E embora os demonstrativos não sejam os pronomes mais importantes quanto os pronomes pessoais, eles também têm grande relevância, pois ao serem usados pelo falante exercem relação de proximidade e de distância entre os participantes da interação comunicativa e os objetos, além de apontar a localização onde se originou a situação discursiva (centro dêitico ou lugar central) (Cf. Levinson, 2007). Por exemplo, o pronome este e o advérbio aqui demonstram a proximidade de um objeto em relação ao falante; assim como no uso do esse e do ali que o objeto não está nem muito perto e nem muito longo do falante; com o uso do aquele e do lá o objeto se encontra distante do falante. O estudo de tais elementos pode ser observado em muitos autores, tais como: Lahud (1979); Lyons (1979); Carvalho (2006); Levinson (2007).

A função dos demonstrativos de determinar proximidade/distância para muitas línguas funciona claramente, pois têm um sistema distinto. É o caso das línguas, Portuguesa: este, esse, aquele; Latina: hic, iste, ille; Turca: bu, su, o. Todavia para algumas outras línguas esse sistema não é distinto, mas são neutralizados por um elemento apenas. Por exemplo, no inglês, o this neutraliza a primeira e a segunda pessoa; o that neutraliza a segunda e a terceira pessoa. Sobre isso, Lyons (1979), que estudou tais funções dos pronomes demonstrativos, afirma que nesses casos de neutralização, a única forma de determinar a distância e a proximidade entre o falante, o ouvinte e os objetos será levando em conta a situação do contexto. Ou seja, no momento em que o falante apontar algum objeto, por meio da visualização, o ouvinte entenderá a distância entre o objeto e o falante.

MENEZES, L. F.