Já Sacconi Não Erre! ... À Cova Escura

Que a paz do Senhor esteja conosco.Amém.

- Romeu e Julieta amaram a morte.

- Romeu e Julieta amaram à morte.

" As locuções adverbiais levam crase ou para evitar

ambiguidade ou quando se enquadram nas regras

práticas do emprego da crase " (dr.Napoleão).

- Romeu e Julieta amaram até a morte.

- Romeu e Julieta amaram até à morte.

Já por aí quebramos as pernas dos que ensinam ser opcional ou facultativo o uso da crase com a palavra até.

Consulte bons dicionários, bons exemplos de escritores, os mais confiáveis, mas até neles há de encontrar erros:

" ... Garrett: onde ( em vez de aonde ) levas tuas águas.Tejo aurífero? " (Dic.Caldas Aulete,pág.2854, 5a edição brasileira.)

Ter ( Dic. Caldas Aulete,pág.3933 ) " .... Ter precisão ou necessidade de, ser obrigado a; estar resolvido ou determinado a: Tenho QUE assistir hoje à conferência [ É o mesmo que o auxiliar ter quando seguido da preposição DE...."

Dr. Napoleão : " .... Desde quando e onde descobriram certos professores que a palavra que é preposição? ...." ( Dic.de Questões Vernáculas, pág.311.Editora Caminho Suave - 1981).

Correção: " Tenho DE assistir hoje à conferência " ( Tenho [necessidade, obrigação ] DE..." ).

Já cuidando de outra ferida.A Flor do lácio padece ( " O verbo é a palavra, a palavra por excelência, e o seu regime é a sua vida " -Afrânio Peixoto ):

" Ter.... 7.Apresentar, possuir.... ' o indo-europeu primitivo não tinha voz passiva ' " ( Theodoro Henrique Maurer Jr.). Veja o Dic. Michaelis 2000,pág.2045.

- O indo-europeu primitivo não tinha a palavra coIsa ( Américo Paz).

Dic.Michaelis,pág.1683: " Precisar .... " Com este verbo precisar pode dizer-se precisa-se de operários ou precisam-SE operários. É porque precisar na ATIVA, pode ter complemento direto e indireto" (Mário Barreto). Idem o Dic.Melhoramentos, 5a edição,pág.417,1969.

" Precisa-se de operários. - Precisa-se de costureiras. " -Nessas orações operários e costureiras " não constituem sujeitos dos verbos;o sujeito é indeterminado;deve o verbo ficar no singular." (DQVs,pág.243 -dr.Napoleão.)

" ... - Significando ter precisão ou necessidade, ensinam alguns gramáticos que só se deve dar a este verbo complemento indireto, regido da preposição de, tachando de errônea a construção com OBJETO DIRETO: Preciso dinheiro - Precisam-se empregados...." ( Dic.de Verbos e Regimes,pág.471 - Francisco Fernandes).

O erro agora é generalizado. O fato de alguém saber e até ensinar que " o indo-europeu PRIMITIVO não tinha ( = não possuía) voz passiva" NÃO AUTORIZA ninguém a ensinar que na oração " precisam-SE operários " o verbo está na ativa. " Operários " NÃO É aí objeto direto, consequentemente NÃO TEM DE IR para o caso acusativo latino.

Concordar com tal análise PRIMITIVA é desconsiderar a lógica e a razão das coisas ( e não: das "coUsas"):

" ... o próprio vocabulário de Portugal de 1940 aceitou como generalizada e mais usada: ' Quando, porém, se dê o caso de a variação ser " mais usual " que a forma básica, como é, por exemplo, coisa em relação à cousa...' - e, no registrar essa forma de Portugal, criteriosamente acrescentou o relator português: ' Variante: coisa forma mais usual '...." ( DQVs,pág.58).

- Precisam-SE coIsas = CoIsas são precisadas. Em ambas o sujeito é coIsas; em latim vai para o caso nominativo.

- Precisa-se de empregados ( correto):- sujeito indeterminado, o verbo fica no singular.Precisa-se de quê? - De empregados - objeto indireto; em latim vai para o caso dativo.

- Preciso empregado ( correto ): (eu) preciso o quê? - Empregado - objeto direto; em latim vai para o caso acusativo.

- Precisam-se empregados.- Precisam-se operários ( correto ) - São orações passivas;empregados,operários são aí sujeitos passivos ( e não objeto direto), o verbo é passivo,o SE ( nesses casos ) é pronome apassivador.

Precisam-se empregados ( voz passiva ) = Empregados são precisados ( voz ativa ).

Se " o indo-europeu PRIMITIVO não tinha ( =não possuía ) voz passiva", isso nos ensina corretamente a transformação histórica da língua. O mesmo fato ocorreu com a palavra " cousa " e outras... anteriores ao surgimento da própria língua portuguesa, a qual em sua maior parte originou-se do latim.

Quanto à analise JÁ NÃO ERRE, isso não compete ao conhecimento histórico da língua, o qual em hipótese alguma deve ser desprezado.Entre outras fontes, leia ETIMOLOGIA - Gramática Metódica, dr.Napoleão via Carneiro Ribeiro ( Só perde quem o não lê - Américo Paz ).

DQVs,pág.243: " Precisar.... Existem, todavia, certos verbos transitivos indiretos que também se constroem como objeto direto;o verbo precisar é um deles;tanto é certo dizer ' sem precisar de doutor nem de feitiçaria ', quanto é certo construir como fez Castilho: ' ... sem precisar doutor nem feiticeira.' Uma vez transitivo direto, pode perfeitamente apassivar-se o verbo precisar: ' precisam-se operários.' " -dr.Napoleão - " O verbo é passivo, e essa passividade é indicada pelo pronome se.A oração ' Alugam-se casas ' é idêntica à oração ' casas são alugadas '; em ambas o sujeito é casas...." ( Gramática Metódica,pág.210 ).

A Flor do lácio sangra:Obra vencedora do primeiro Prêmio "Francisco Alves" da Academia Brasileira de Letras 1942,34a Edição, 1985:

" Nota 1 - .... Assim, considerar-se-á, aqui, complemento terminativo todo o elemento preposicionado ( inclusive o próprio adjunto adverbial )...." ( Dic. de Verbos e Regimes, Francisco Fernandes, pág.25).

Correção: " ... ( até o próprio adjunto adverbial inclusive )...."

Dr. Napoleão: " Inclusive - Empregar inclusive com o significado de até, até mesmo ou com função prepositiva é erro que revela ser o relator mero escrevinhador falto de recursos sintáticos e esquivo de dicionários.

Inclusive é advérbio latino correspondente à forma adverbial portuguesa inclusivamente; é antônimo de exclusive: ' Quero que você me copie este trecho até as palavras ' mas não veio ' inclusive.

SÓ DEVE EMPREGAR-SE COM FUNÇÃO ADVERBIAL. 'Cheguei ao capítulo dez inclusive'....." ( DQVs,pág.148 ).

Se já engessaram a língua, não convém deixar que nos engessem o cérebro. " Não Erre Mais " ?

Honestamente, em termos de gramática, este como sol chama-se dr. Napoleão Mendes de Almeida.

" Quem afirmou que as nossas preposições têm sentido fixo em português?

Quem, ciente do que faz, um dia se aventurou a dar os significados das preposições vernáculas, sem o cuidado de exemplificar o emprego?

Jamais dirá o professor consciencioso que 'de' indica posse, 'sobre' significa 'em cima de', 'com' denota companhia.As preposições nossas não têm significação intrínseca, própria, senão relativa,DEPENDE DO VERBO COM QUE SÃO EMPREGADAS, VARIÁVEL DE EXPRESSÃO PARA EXPRESSÃO.

Se 'de' indica posse, como analisará o aluno 'vir de Pernambuco?'

Se 'sobre' significa 'em cima de', porque não se poderá construir 'vou falar em cima do ensino'?

Se 'a' traz ideia de movimento, que significará a expressão 'estar a gosto'?

COMO DE NOSSO ORGANISMO AS VEIAS SÓ COM SANGUE TÊM

FUNÇÃO, AS PREPOSIÇÕES DE NOSSO IDIOMA SÓ COM OUTRAS

PALAVRAS TÊM SIGNIFICADO " ( Gramática Metódica, pág.337 -

dr. Napoleão).

" .... A, prep. esta preposição É DE TODAS A MAIS VAGA,

A MAIS INDETERMINADA E A MENOS ESPECÍFICA...." ( Dic.

Caldas Aulete, páginas 1 e 2 ). Deixemo-las por hora.

Gramática Metódica,pág.336 - " até é advérbio quando no sentido de mesmo,ainda "). "Podíamos até vender a casa" ( =Podíamos mesmo [ainda] vender a casa ).

" Até, prep... - ADVÉRBIO:ainda;mesmo;também: 'A roupa, os móveis, até a louça do seu serviço tinha a marca' (Castilho)".Dic.Caldas Aulete,pág.432. - "A roupa,os móveis, até (ainda,mesmo,também,até mesmo) a louça do seu serviço tinha a marca."

- Romeu e Julieta amaram até a morte = Romeu e Julieta amaram ainda ( =mesmo,também ) a morte = Romeu e Julieta amaram até mesmo a morte = Romeu e Julieta amaram até a mesma morte ( este é conforme os clássicos ). " Até os mesmos apóstolos então não puderam compreender tal extremo..." ( Vieira ).

Romeu e Julieta amaram até ( =também ) o quê? -A morte -objeto direto = caso acusativo latino.

" Amar, v.tr. sentir amor ou ternura POR, ter afeição, dedicação, devoção, ou querer bem a:Amar os filhos,Amar a pátria.Amar a Deus..." ( Dic.Caldas Aulete ).

Isso significa que amar a morte é sentir amor ou ternura pela morte;ter afeição, dedicação, devoção, ou querer bem a ela,conforme o dicionário Aulete.

Romeu e Julieta amaram até a pátria = Romeu e Julieta sentiram amor ou ternura ainda (=até,mesmo,também,até mesmo) pela pátria.

Romeu e Julieta amaram até a morte = Romeu e Julieta sentiram amor ou ternura também(=até,ainda,mesmo,até mesmo) pela

morte.

Dr. Napoleão ( Gramática Metódica,pág.331 ): " Muitos dos alunos, nas respostas do questionário da crase, falam em obrigatoriedade de crase 'porque é locução adverbial'. Não há tal regra, e aqui afirmamos ser errada.As locuções adverbiais levam crase ou para evitar ambiguidade ou quando se enquadram nas regras práticas do emprego da crase: 'Peguei à mão' ( com crase,tão somente para evitar ambiguidade;pela regra não havia necessidade da crase, uma vez que [=visto que,SENDO QUE etc] se diz ' pegar a laço ' e não ' pegar ao laço '). 'Peguei-o a mão' ( aqui JÁ NÃO É necessário crase, pois deixa de existir perigo de ambiguidade ").

Já na página 59: " Regras práticas para o emprego da crase:

1a regra prática - ".......Não se grafa ' pagamento à vista ' mas ' pagamento a vista ' ( não se diz pagamento ao prazo;não há determinação);grafa-se,porém, ' o resultado está à vista de todos ', porque se diz ' O resultado está ao alcance de todos ' ( = na vista de todos; há determinação ).

Romeu e Julieta amaram até à morte. Isso significa que Romeu e Julieta amaram até na morte ( há determinação ). O verbo amar agora é " intr. ter amores, estar apaixonado de amor ou namorado " (Caldas Aulete).

Romeu e Julieta amaram até à pátria = Romeu e Julieta estiveram apaixonados de amor ( até ) mesmo ( =ainda, também,até mesmo ) na pátira.

Romeu e Julieta amaram até à morte = Romeu e Julieta estiveram apaixonados de amor mesmo ( =ainda,até mesmo, também ) na morte.

E para os que ensinam ser facultativo o uso da crase com a palavra até, basta isto:

- Romeu e Julieta amaram a morte ( =Romeu e Julieta sentiram amor ou ternura pela morte ).

- Romeu e Julieta amaram à morte ( =Romeu e Julieta estiveram apaixonados de amor na morte).

" O VERBO É A PALAVRA, A PALAVRA POR EXCELÊNCIA, E O

SEU REGIME É A SUA VIDA " ( Afrânio Peixoto ).

" As locuções adverbiais levam crase ou para evitar ambiguidade ou quando se enquadram nas regras práticas do emprego da crase" (dr.Napoleão).

- Romeu e Julieta amaram até a morte.

- Romeu e Julieta amaram(até) à morte ( como ficou demonstrado, com ou sem até, o a craseado é. O maestro é o verbo - Américo Paz ). Outro exemplo:

- Faminto,o homem comeu ( v.tr.dir.mastigou e engoliu;tomou por mantimento ) até (=ainda,também,mesmo) a mão.

- Faminto,o homem comeu ( v.intr. mastigou e engoliu alimentos;alimentou-se ) até ( = ainda,também,mesmo) à (=na) mão.

Fato é que há casos e casos.Hoje falamos sobre você ( por acaso hoje falamos " em cima " de você?) ".... Era Sara de idade de noventa anos, SOBRE estéril...." ( Vieira - Bons Anos ).

" .... Emprego correto mas um tanto esquecido é aquele com a significação de 'além de' em expressões como estas:...'Sobre queda,coice' ... - 'E sobre ser Deus amável, é Ele justo...'"( DQVs,pág.301 e 302 - dr. Napoleão).

" As preposições ( afirma-nos o dr. Napoleão ) não têm significação intrínseca, própria, senão relativa,DEPENDE DO VERBO com que são empregadas, VARIÁVEL DE EXPRESSÃO PARA EXPRESSÃO,e, como nos adverte Carlos Pereira, ' SÓ O TRATO CONSTANTE DOS BONS AUTORES NOS PODE HABITUAR AO MANEJO CORRETO,ELEGANTE E VÍVIDO DESSAS IMPORTANTES PARTÍCULAS ' " ( Gramática Metódica -dr. Napoleão ).

" Estar às portas da morte ou ter a morte à porta = estar próximo a morrer, estar em perigo de vida, não dar esperanças algumas de melhorar......

Porta.... Bater à porta,dar: ou tocar na porta que lhe abram;(fig)fazer-se lembrar,chegar,aproximar-se:E segundo a morte nos está batendo à porta....(Vieira)..." (Caldas Aulete,páginas 2684,2685 e 3212).Depois de nos ilustrar com vários exemplos e muitas acepções (são 5 volumes),na 2,há uma página inteira com exemplos de Vieira,Alex.Herculano,H.Pinto,Dic.Acad.Lisboa,Morais,dr.Tom de Carvalho etc, além desta maravilha:

" Os clássicos NÃO empregavam a preposição a depois da preposição até:Neste exercício gastaram até o princípio de Quaresma.(Balt.Teles.) Vendo ora o mar até o inferno aberto ( Camões ).[ Nota da 3a ed. Rui Barbosa, na Réplica, apresentou exemplos clássicos.] Hoje diz-se: Até ao princípio, até ao inferno...."( Dic.Caldas Aulete ).

Até os dias de hoje ou até aos dias de hoje:são nesses e nestes casos ESPECÍFICOS que o GOSTO ou a PREFERÊNCIA regem corretamente ( "são formas hoje de uso frequente e indistinto SEM QUE o emprego de uma importe sentido DIVERSO ( =DIFERENTE ) do [sentido] da outra." (Laudelino Freire).

- " Dar um passo até AO outro mundo " (A.Herculano)

" Até,prep.... [ Com substant. apelativos e próprios precedidos do artigo definido usa-se hoje ( em Port. ) QUASE sempre com a preposição a: Até ao ano. Até ao mar.Até à França ]...." ( Caldas Aulete,pág.432 ).

Dr. Napoleão: " ....Não se pode dizer que esta maneira seja mais eufônica;ofender-se-ia o GOSTO dos nossos quinhentistas e seiscentistas:

' Vendo ora o mar até o inferno aberto'..."

- "Dar um passo até ao outro mundo" (A.Herculano).

- Dar um passo até o outro mundo.

Dr. Napoleão: " Ainda mais leviano é afirmar que há diferença de significações entre uma construção e outra...." ( DQVs,pág.31-1981-Editora Caminho Suave). - " Morais ( afirma-nos o prof. Napoleão)

no ' Epitome da Gramática Portuguesa ', com o Dicionário,considera erro juntar a a até...."

" ... até ao é a forma hoje mais usual, e autorizada por bons escritores modernos;mas até o é a mais portuguesa e PREFERIDA por mestres e alguns modernos " ( Cândido de Figueiredo ).

Mas lembre-se sempre:há casos e casos e casos.... O verbo tem DE ser sempre examinado.

" A palavra conforme,proveniente do adjetivo latino 'conformis', emprega-se, também em português, como adjetivo, com a significação de conformado,concorde,unido,semelhante,condigno:Os dois ficaram conformes nas montanhas - É necessário estarem unidos e conformes.

Como adjetivo,pode ter complemento nominal,ao qual se liga com as preposições com, em ou a: Estar conforme com sua sorte... - Como pode a desordem na natureza fazer tão diferentes na vontade aos que fez tão conformes na ventura?....Agir de modo conforme aos usos da terra.....

Com a significação de ' DE ACORDO,' ' SEGUNDO,' exerce FUNÇÃO PREPOSITIVA,e aparece ORA LIGADO DIRETAMENTE AO REGIME, ORA ACRESCIDO DA PREPOSIÇÃO ' a ':conforme o modelo,conforme ao modelo:conforme o original,conforme ao original:Viver conforme aos ditames do evangelho - começara a conhecer a si mesmo,conforme a divina sentença....

Pode ainda exercer função de conjunção:Obrei conforme me mandaram - ... - Faça conforme eu mandar......

Mais um emprego tem a palavra conforme,quando,em frase elíptica,queremos dizer 'depende'. À pergunta ' Vais hoje a minha casa?', poderemos responder:'conforme'.Outro exemplo:'Você é monarquista?-Conforme:sou e não sou."

A quem consultar nossos dicionários será dado notar a preocupação,as dificuldades e até as incongruências que essa palavra ocasiona.Morais parece querer brigar quando nega incisivamente ao vocábulo a FUNÇÃO PREPOSITIVA. Se com ele não concordam os demais dicionaristas NESSE PARTICULAR, com ele devemos estar de pleno ajuste quando lhe não atribui FUNÇÃO especial de advérbio...."(DQVs,pág.62 - dr, Napoleão).

Conclusão:Que esperar de um país cujo vernáculo é ultrajado e jogado no lixo? ( "Até o próprio adjunto adverbial inclusive." E não: "inclusive o próprio adjunto adverbial." Dic.de Verbos e Regimes,pág.25,n1,1985- 34a edição - Francisco Fernandes.Obra vencedora do primeiro Prêmio "Francisco Alves" da Academia Brasileira de Letras).

" .... Não temos QUE relatar os erros e descuidos que, se existem, são explicados pelo vulto da obra...." ( Edgar de Godói da Mata Machado,em O Diário de Belo Horizonte,ed. de 19-4-940. Dic. de Verbos e Regimes, pág.16, 34a edição 1985 ).

Dic.Port.Latino,Francisco Torrinha: " TRADUZIR PELO

GERÚNDIO ACOMPANHADO DA FORMA APROPRIADA

QUANDO TER TEM A SIGNIFICAÇÃO DE ' ESTAR NA O

-BRIGAÇÃO DE: multae litterae mihi scribendae sum -

Tenho DE escrever muitas cartas...."

Note que Francisco Torrinha não diz: estar na obrigação "QUE"

e sim:estar na obrigação "DE" ( DQVs,pág.311 -dr.Napoleão: " .... Desde quando e onde descobriram certos professores que a palavra que é preposição?....").

Assim como o prof.Francisco Fernandes também sou mineiro,natural de Belo Horizonte;não sou professor,mas discordo totalmente de Edgar de Godói da Mata Machado.

Temos (obrigação,necessidade) DE relatar os erros e descuidos sempre, independente do autor,local de nascimento,..., ou do vulto da obra. Do contrário, a que será reduzido o "nosso" poder de raciocínio?

Novo Dicionário Folha Webster's ( Edição exclusiva para o assinante da Folha de São Paulo.Patrocínio:FIAT e Itautec.

Revisão do Dic. Folha Webster's Inglês Português - Português Inglês:Ana Lúcia Kronenberguer, Fátima Pires dos Santos e Tereza da Rocha. Editor: ANTÔNIO HOUAISS. Co-editor: Ismael Cardim ), pág.25:

" ......, to be forma a) a voz passiva da maioria dos verbos, com o particípio passado dos MESMOS...."

".......,to be forma a) a voz passiva da maioria dos verbos,

com o particípio passado DELES...." ( Américo Paz ).

Dr.Napoleão ( Gramática Metódica da Língua Portuguesa, pág.186 ( nota 4 ), 34a ed. 1986 ):

( nota ) " 4 - Há um emprego CONDENÁVEL do demonstrativo mesmo, em virtude de terem criado, a custa de ENSINAMENTOS DE ORIGEM DUVIDOSA, incompreensível aversão às formas a ela,dela,para ela etc.

Talvez por temor de, no emprego do pronome ela, formar palavras grotescas, como 'boca dela', ou para evitar a repetição desse pronome, costumam certos autores INFALIVELMENTE, substituí-lo por a mesma, da mesma, para a mesma, com a mesma,SUBSTITUIÇÃO VERDADEIRAMENTE RIDÍCULA, que só logra atestar fraqueza de estilo, falta de colorido e de recursos sintáticos.

Assim é que frequentemente vemos passagens como estas: ' Vou à casa de minha mãe;falarei com a mesma sobre o assunto ' - ' Realizou-se ontem a esperada festa;à mesma compareceram.....'

É caso de perguntar se o interlocutor tem outra mãe ou se o cronista assistiu a outra festa.

Outros exemplos desse ERRO: .... ' A Sociedade Tal é constituída dos senhores F. e F., e OS MESMOS dedicam À MESMA todas as energias ' - ' Recebi seu pedido;fiz chegar O MESMO às mãos do diretor. '

Reproduzamos, corrigidos, os exemplos dados: ' Vou à casa de minha mãe, com quem falarei sobre o assunto ' ( ou : e com ela falarei sobre o assunto ) - ' Realizou-se ontem a esperada festa, à qual compareceram.....' .... - ' A Sociedade Tal é constituída dos Senhores F. e F., que a ela dedicam todas as energias ' ( ou: que lhe dedicam....) - ' Recebi seu pedido;fi-lo chegar às mãos do diretor.'

Imagine-se Camões a escrever:

' Mas não servia ao pai, servia à mesma

Que à mesma só por prêmio pretendia ' " ( dr, Napoleão ).

Fosse o dr. Napoleão o diretor responsável ou o chefe da revisão, corrigiria ou não o ERRO: "........., to be forma a) a voz passiva da maioria dos verbos, com o particípio passado dos MESMOS..."?

Meu Deus,que esperar de um livro de gramática onde o erro já vem estampado na capa: " Não Erre Mais " ?

" Alegres Campos, Verdes Arvoredos

Alegres campos, verdes arvoredos

claras e frescas águas de cristal,

que em vós os debuxais ao natural,

discorrendo da altura dos rochedos;

Silvestres montes,ásperos penedos,

compostos em concreto desigual,

Sabei que,sem licença de meu mal,

JÁ NÃO PODEIS fazer meus olhos ledo.

E, pois me JÁ NÃO VEDES como vistes,

não me alegrem verduras deleitosas,

nem águas que correndo alegres vem."

Camões: " E, pois JÁ NÃO ME VEDES...; ou: " E, pois ME JÁ NÃO VEDES..." ( e não: " E, pois não me vedes [mais] " ).

Machado de Assis: " ....Virgília é que JÁ SE NÃO lembrava da meia dobra " = " ... já não se lembrava..." ( e não: " não se lembrava "[mais]).

Dr.Napoleão: " ... ( aqui JÁ NÃO É necessário crase,....)...."

Leiamos outro heróico de Camões.Note o rigor da métrica,da rima etc,juntamente com o da gramática: " quando não sirva JÁ (sexta)

su-a mu(dan)ça." Se tivesse escrito: " quando JÁ NÃO SIR(VA) su-a mudança", seu decassílabo heróico andaria pelo mundo de pé quebrado.

Portanto, não me errem criaturas venenosas ( e não:não me errem [mais] criaturas venenosas ).

" Se As Penas Com Que Amor Tão Mal Me Trata

Se as penas com que amor tão mal me trata

quiser que tanto tempo viva delas

que veja escuro o lume das estrelas

em cuja vista o meu se acende e mata;

e se o tempo,que tudo desbarata,

secar as frescas rosas sem colhê-las,

mostrando a linda cor das transas belas

mudada de ouro fino em bela prata;

vereis,Senhora,então também mudado

o pensamento e a aspereza vossa,

quando não sirva JÁ sua mudança.

Suspirareis então pelo passado,

em tempo quando executar-se possa

em vosso arrepender minha vingança."

Note que Luiz Camões, ao contrário de Luiz Saconni,diz: "...quando NÃO SIRVA JÁ " ( = quando JÁ NÃO SIRVA )... ( e não: "... quando não sirva [mais] ).

Já Sacconi Não Erre!...À Cova Escura

Já Sacconi não erre!...à cova escura

Já não erre,senhor,Luiz Saconni;

Tome chá de Itagaí de folha pura;

"Não Erre Mais" gramática de "poni".

Para Morais,Mendes,oh! o apura

com "O Gênio da Língua" Leoni.

Conforme ao,até a,sendo que é loucura.

Já Não Erre Silvio Berlusconi.

"Não Erre Mais", gramático alienado;

Evaristo, "O Gênio da Língua" nossa,

Na trincheira do até,até a com a dança.

Pé de Itagaí também cortado;

"Já Não Erre", a cova jaz em poça,

quando não sirva já sua lambança.

( Américo Paz )

- " Já não respirava - condenado é o emprego de mais em orações temporais quando substituível por já: ' O doente já não respirava quando o médico chegou ' ( e não: ' ... não respirava mais ' )

- ' Já não há lei que os refreie ' ( e não: ' Não há mais lei que os refreie').

É galicismo - diz Vasco Botelho de Amaral - o emprego de mais em frases como ' Não vou lá mais ', correspondente ao francês

' Je n'y vais plus '; o galicismo é evitado construindo ' Já lá não vou '.

Parece que no Brasil - continua o professor Vasco - ocorre com frequência o modo de dizer: ' Não tem mais ' por ' Já não há '.

Como é óbvio não podemos imitar semelhante construção de ressaibo afrancesado.

Em ' não mais verei minha pátria ' o não equivale a NUNCA, e o MAIS significa um dia; confrontem-se,neste exemplo de Camões,o correto emprego de já e não menos correto emprego do mais; ' Se JÁ NÃO PÕES a tanta insânia freio,não esperes de mim daqui em diante amar-te,mas temer-te' " - dr.Napoleão - Dic.de Questões Vernáculas,pág.163 - Ed.Caminho Suave,1981.

Nossa língua é Flor que morre,

o cérebro JÁ NÃO LÊ.

O saber da aula corre,

gramático JÁ NÃO VÊ.

( Trova - Américo Paz )

Portugal - Lisboa - " Se quer ainda uma boa gramática, se não a melhor, recomendamos a do professor brasileiro Napoleão Mendes de Almeida, GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA ( F.V.P da Fonseca, Boletim Mensal da Sociedade de Língua Portuguesa ).

( Outros exemplos )

" ....

Porque em suma, JÁ NÃO HÁ vizinhos, nem amigos,

nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos;não

há plateia....." (M.Póstuma de Brás Cubas - M.A).

" Saudade, perfume triste

de uma flor que não se vê.

Culto que ainda persiste

num crente que JÁ NÃO CRÊ."

( Menotti Del Picchia )

" Nós tanto nos pertencemos,

nosso amor vai tão além,

que nós dois JÁ NÃO SABEMOS

qual de nós é mais de quem."

( Autor:(?) Veja no Google).

-" Já não é médico........... - ...; meu pai já não podia dispensá-lo...." ( A Ressurreição;Dom Casmurro etc. Machado de Assis).

-" ....Afrouxa-lhe o arco, com que JÁ NÃO TIRA, embota-lhes as setas, com que JÁ NÃO FERE...." ( Vieira - Sermão do Mandato,1643).

- " Já Bocage não sou!... À cova escura " ( e não: Bocage não sou [mais]).

- " Já Não Sinto,Senhora,Os Desenganou" ( e não: Não Sinto [mais],Senhora,...) (Camões ).

Já Não Erre,Senhor,Luiz Sacconi

Já não erre,senhor,Luiz Sacconi,

Já Saconni não erre!...À cova escura.

( Américo Paz)

Ou se preferir, simplesmente: " Não Erre "

- " Melhor será que a sentença não erre " ( e não: Melhor será que a sentença " Não Erre Mais " ). Oração Aos Moços - Rui Barbosa.

-"Não me alegrem verduras deleitosas" (Camões) - e não:"Não me alegrem [mais]..."

- Não me errem criaturas venenosas (Américo Paz) -e não:"Não me errem [mais]...."

Eis o quarteto (talvez) de um soneto heróico que ainda farei:

Na trincheira do até, até a com a dança;

Evaristo " da Língua ", o " Gênio" Leoni.

Já não erre,senhor,Luiz Sacconi

quando não sirva já sua lambança.

( Américo Paz )

" ....

Neste ponto o ponto pingo,

E despeço-me no ponto

Em que cada novo pingo,

JÁ NÃO É ponto,é posponto.

( Machado de Assis - Poesia)

Nossa língua é Flor que morre,num peito que JÁ NÃO CRÊ.

Como aprender gramática com quem JÁ NÃO SABE escrever?

" É indiferente, no português contemporâneo, o uso de ter que e ter de...." ( Sacconi ).

Tal disparate, infelizmente, é compartilhado entre muitos, até pelos feitores da 5a edição brasileira do Dic.Caldas Aulete.

Certamente o prof.Júlio Caldas Aulete não seria partidário de tal tolice.O inglês não é: -" I have to write a letter." - " I have a letter to write."

- " Aí temos a lei ", dizia o Florentino." Mas quem HÁ DE segurar?" Ninguém ( Rui Barbosa ).

No Google:Assim Ou Assado, Como Se Escreve? -Tanto Faz, O Brasil Não É Alfabetizado ( Recanto das Letras - Américo Paz ).

A quem possa interessar:

" TRADUZIR PELO GERÚNDIO ACOMPANHADO DA FORMA APROPRIADA DO VERBO SUM QUANDO TER TEM A SIGNIFICAÇÃO DE 'ESTAR NA OBRIGAÇÃO' DE: .... Mihi studentum est gramaticae -Tenho DE estudar gramática " ( Dic.Francisco Torrinha;Dic de Questões Vernáculas, dr. Napoleão ).

Português contemporâneo? Dic.Melhoramentos,pág.333,5a ed. 1969 ( século XX ):

" Ter ..... 9.Tr.ind. Estar determinado ou resolvido;ser obrigao;ter necessidade ou precisão:Temos DE partir já ( é INCORREÇÃO, que nem todos os bons escritores evitam, dizer ter a e ter que por ter de.

Ao invés de tenho 'a' pedir-lhe, tenho 'que' pedir-lhe, deve-se dizer tenho 'de' pedir-lhe )...." Idem o Dic.Michaelis 2000,pág.2043 ( século XXI ).

Soneto ( século XVI ):

" Ó vão, caduco e débil esperar!

Como se desengana uma mudança!

Que,quanto é maior a bem-aventurança,

tanto menos se crê que HÁ DE durar!

Quem já se viu contente e prosperado,

vendo-se em breve tempo em pena tanta,

razão TEM DE viver bem magoado...."

(Camões)

- Você tem ( obrigação,necessidade ) DE pegar uma senha,Pasquale. " E com este uso temos DE nos conformar " ( C. de Figueiredo - século XX ). Portanto nada de ensinar erradamente às pessoas: " Você tem QUE pegar uma senha," Pasquale (Veja no Google).

Dr.Napoleão: " .... Desde quando e onde descobriram certos professores que a palavra que é preposição?..." ( DQVs,pág.311 ).

Dic.Caldas Aulete,pág.2748: " Necessitar,v.tr. Carecer, precisar, sentir necessidade DE........ ( pág. 3933 ) " .... Ter precisão ou necessidade de, ser obrigado a; .... tenho QUE assistir... [ É o mesmo que o auxiliar ter ( haver ) quando seguido da preposição de...."

Por acaso,meus amigos, João tem necessidade "a" sangue.João tem necessidade "que" sangue - ou: João tem necessidade "DE" sangue? - " É DE necessidade que duas proposições contraditórias não possam ser simultaneamente verdadeiras...."

Temos ( obrigação,necessidade ) "QUE" beber água? Ou:Temos ( obrigação,necessidade ) "DE" beber água?

Dic.Latino Português,pág.548,Francisco Torrinha - " necessitas,atis.......8..... necessitates belli: as necessidades DA guerra; n. contrahere ad bellum: contrair a necessidade DE fazer a guerra."

Dic.Caldas Aulete,pág.2748: " Necessidade,s.f. O que TEM DE ser: O que não pode ser de modo diverso( =diferente ) do que é: " É DE necessidade que duas proposições contraditórias não possam ser simultaneamente verdadeiras............." ( NOTE: " É DE necessidade...";e não: " É 'a' necessidade que duas proposições não possam....". Nem: " É 'que' necessidade que duas proposições não possam...." - Temos ( OBRIGAÇÃO,NECESSIDADE ) DE entender que " é DE necessidade que duas proposições contraditórias não possam ser simultaneamente verdadeiras."

Carlos Góis ( sint.de regência,p.33 ) " teve DE ceder ao fato incontroverso."

" A paz HÁ DE ser sempre voluntária, e a guerra forçada, só a necessidade HÁ DE obrigar à guerra, mas a vontade sempre HÁ DE desejar a paz " ( Vieira).

O uso de qualquer palavra exige coerência e lógica,as quais faltaram a Saconni;aos feitores do Caldas Aulete,5a edição brasileira;aos do Dic. de Verbos e Regimes de Francisco Fernandes;bem como a Pasquale (no Google): -" Você tem QUE pegar uma senha."

- "....Traz a cabeça cheia de caraminholas, fruto natural da solidão em que viveu nestes dois anos e dos livros que HÁ DE ter lido....Começara quando supunha TER DE deixar o Rio...."( Iaiá Garcia e Ressurreição de Machado de Assis). -"HÁ DE ser Dom Crsitovão o seu nome." Mas reza a lenda que o pássaro se pôs a cantar:Iaiá Garcia! Iaiá Garcia! HÁ DE haver diferença entre ter de e ter que.

- " Você HÁ DE ir conosco disse-me Virgília " ( M.Póstuma de B.Cubas - Machado de Assis ).

- Irei, Virgília, mas gostaria de reafirmar que a locução conjuntiva causal sendo que EXISTE.

Você nunca a viu nos escritos de Machado? Apesar de ser muitas vezes mal empregada, é locução genuína e castiçamente portuguesa.

Pe Antônio Vieira, escritor português, " ... chama-lhe sobresubstancial e nosso, S E N D O Q U E não cai nem diz bem o nome de nosso na mesma petição...." ( Maria Rosa Mística IX - século XVII ).

".... Emília veio recebê-lo à sala.Era uma bela criatura apesar

da magreza e da palidez, S E N D O Q U E essa palidez e essa magreza davam ainda realce à beleza natural da moça...." ( O Pai - Machado de Assis.Fundador da Academia Brasileira de Letras ).

Português na Rede ( no Google ):

" ....É o que ocorre com a locução 'sendo que,' um 'gerúndismo muleta', que pode, QUASE sempre,ser substituído por...."

-De quem se exige a habilitação:do veículo ou do condutor?

Devido ao alto índice de analfabetos, mesmo tendo diplomas, por que expulsaram o latim das salas de aula? Agora o Brasil quer punir as palavras? O erro, meus amigos, não está na locução, nem nas demais palavras, mas sim nos condutores:

- " Não Erre Mais " (Sacconi) -o certo é: "Já Não Erre", ou:"Não Erre" (Américo Paz).

- " No meio do caminho tinha uma pedra " ( o certo é: " No meio do caminho havia (=existia) uma pedra" ).

Por acaso alguém diz: " ... Viana havia (=existia) coisas más e boas?"

Absolutamente não. Todo o "mundo" diz: " ... Viana tinha coisas más e boas, SENDO QUE as coisas boas eram....." -como CORRETAMENTE escreveu Machado de Assis.Idem a locução que "QUASE" sempre pode ser substituída, a qual quando EMPREGADA CORRETAMENTE NÃO TEM DE SER SUBSTITUÍDA, a menos que se queira: " Viana tinha coisas más e boas, VISTO QUE (=uma vez que,porquanto etc )...."

- " Não se volta onde nunca se esteve " ( Anistia 1905 - www.portalsãofrancisco.com - Rui Barbosa ). O certo é: " Não se volta ao lugar em que nunca se esteve."

- ".... Valeu a pena? Tudo vale a pena//

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bajador

Tem QUE passar além da dor...."

O certo é: "Tem (obrigação,necessidade) DE passar além da dor......"(Quem tem necessidade, tem necessidade DE alguma coisa ).João tem(obrigação,necessidade) de tomar sangue."

" O VERBO É A PALAVRA, A PALAVRA POR EXECELÊNCIA,

E O SEU REGIME É A SUA VIDA " ( Afrânio Peixoto ).

- João necessita "a" sangue, necessita "que" sangue ou

necessita "de" sangue?

- "Hei [tenho] (obrigação,necessidade) DE me vingar de todos"(R.da Sailva. Dic.Caldas Aulete,pág.2024:"E andam-me a prometer há um ano que me HÃO DE levar lá (Garrett) Que havia de eu fazer-lhe? (Castilho.)

"Já não há (=não existe) daquela gente" (Garrett).E não:"Não (tem mais)" Dic.Caldas Aulete,verbo haver.

Página 89 : " .... E JÁ NÃO PODE pensar em nada..." O mesmo deve ser lido e escrito na página 63:

"E JÁ NÃO TIVESSE irmandade com as coIsas" ( e não da forma ERRADA como está :

"E não tivesse [mais] irmandade com as coisas..." página 63 do livro:Poesias de Fernando Pessoa, editora L e PM - impresso no Brasil no outono de 2009 - O certo é ( pág.89 ) " O mistério das COISAS ...." Não importa se Fernando Pessoa escreveu corretamente na época dele ( 1888-1935): " O mistério das COUSAS...."

Veja que o próprio vocabulário de Portugal de 1940 ( 5 anos após a morte do poeta:1935 ) aceitou:

" Variante: coIsa forma mais usual." ( V.vocabulário de Portugal de 1940;V.Dic.QVs,pág.58 - dr. Napoleão ).

Eis o trecho ( Poemas de Alberto Caeiro, pág.89 - impresso no Brasil em 2.009.Ed. L e PM Pocket ). Onde está escrito com u desconsidere, leia e escreva SEMPRE com i:

" .... O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério.........//

E a pensar muitas cousas cheias de calor.....

E JÁ NÃO PODE pensar em nada....." pág 89.( Portanto a pág. 63 deve ser corrigida para: " E JÁ NÃO TIVESSE irmandade com as coisas"(e não: " E não tivesse [mais] .....).

Não tenho absolutamente nada contra Drummond ou qualquer outro indivíduo, mas tenho contra a ignorância que nos cega:

" A locução sendo que QUASE sempre pode ser substituída".Mas daí a afirmar: " Sendo que não é recomendável para unir orações " (Cegalla). E pior: " Sendo que NÃO EXISTE na língua portuguesa." Isso é ignorar um dos mais sólidos terrenos da gramática portuguesa, Pe Antônio Vieira; independente de seu estilo, religião etc.

É ignorar igualmente a grandeza de um fundador da Academia Brasileira de Letras.É esmagar um Afonso Arinos, um Guimarães Rosa,um Camilo Castelo Branco e tantos outros.

É por fim, entre tantas outras coisas, ignorar a grandeza de um feitor de Réplica e esmagar a nossa própria inteligência.

" ......

Se era uma contribuição direta, o preceito do art.1* seç.9.Cláusula 4a da Constituição federal exige que se distribuísse pelos estados proposionalmente à população: ' No capitation or other direct tax shall be laid uniess in proportion to the census.' Ora, fixada, apenas 25% da população total; S E N D O Q U E quatro quintos do fardo pesariam unicamente sobre o de Nova Iorque" ( Rui Barbosa - O Congresso e A Justiça No Regime Federal - 1895 ).

Observe a data ( 1895 ) é anterior ou não ao surgimento da tal "mídia" brasileira? Ora, se ela não existe, como Antônio Vieira a usou no SÉCULO XVII? Teria ele recorrido à mídia de qual século do Brasil?

Sermão do Mandato ( 1643 ):

" .... Assim como o gosto faz os dias breves, assim o trabalho os faz longos.A Abraão disse Deus que seus descendentes serviriam aos egípcios quatrocentos anos, S E N D O Q U E serviram cem anos somente, porque o trabalho dobra e redobra o tempo...."( Pe.Antônio Vieira - século XVII ).

IX Carta Para As Icamiabas

"....Por estas paragens mui civis,

os guerreiros chamam-se policiais,

grilos..........; S E N D O Q U E

alguns desses termos são neologismos...."

( Mário de Andrade - Maconaíma - século XX ).

" ...

Sou para sacar faca

e arma.Seo Priscílio sabia.

Só não soubesse das surpresas.

Sendo que foi de repente.

Seo Giovánio abriu de em

par a casa...." ( O Cavalo Que Bebia Cerveja -

Guimarães Rosa - século XX).

" ....O que haja de dizer de tais homens e de tais ensinamentos, não o sei,......., defendendo umas coisas vãs com outras tão vãs..., SENDO QUE algumas vezes cuido que não fazem nem escrevem isto de siso, senão por jogo e zombaria...." (Antônio Vieira - Futuro vol.I, cap.XII - século XVII).

Se " em alguns casos convém dispensá-la " (e convém mesmo), o próprio Cegalla não só confirma a existência de tal locução como também indiretamente abona seu uso em ALGUNS CASOS, o que pode ser CONFRONTADO e CONFIRMADO com os dizeres dele mesmo: "EM ALGUNS CASOS" ( e não: em TODOS OS CASOS ) convém dispensá-la."

A razão da lei ( ratio legis ): - " Sendo que NÃO EXISTE na língua portuguesa." -Não é verdade. Ela pode ser bem ou mal usada, mas EXISTE. E a prova também é obtida pela própria expressão: " muitas vezes convém substituí-la " ( Cegalla ).

- Ora, se não existisse, não haveria como substituí-la; não é verdade?

Consulte as obras de Vieira,Machado,Rui,Camilo C. Branco,G.Rosa e outros e teremos desmentido Cegalla: " Sendo que não é expressão recomendável para unir orações."

Generalizado assim é pensamento errado,posto que há casos e casos. " A falta de olhos é tudo.Quando a gente lê por olhos estranhos entende mal as coisas " - Machado de Assis: - " O assombro da assembleia foi imenso, e não menor a incredulidade de alguns, não digo de todos, S E N D O Q U E a maioria não sabia..." , mas foi o próprio Machado que ainda me saiu com essa " expressão inculta e inexistente " entre seus Papéis Avulsos......

" E para pôr definitivo fim à controvérsia, vale transcrever a lição sempre oportuna e abalizada de nosso notável gramático, o prof.Napoleão Mendes de Almeida, ... ".

Sendo que " é locução conjuntiva causal, equivalente a 'visto que', 'porquanto', 'dado que', 'uma vez que' etc. 'sendo que você não está bom, desisto da viagem.'

Sem essa indicação de causa,a expressão não passa de mais um caso de abuso do gerúndio...." ( GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, pág.356, 34a ed., 1986 - atualmente 46a - Editora Saraiva).

" Sua Gramática Metódica ( referindo-se à obra do dr. Napoleão) sempre teve de minha parte a melhor acolhida:DESCONHEÇO OUTRA QUE ENSINE MELHOR O NOSSO IDIOMA...."

Faço das minhas as palavras de Aristides Fraga Lima.

Dicionário De Questões Vernáculas

Na asa da erudição o mestre vaga;

chuta a lua,descabela o horário;

brinca com amor,surta ao contrário.

Sua sapiência elimina a raíz da praga.

Seu horizonte a gramática alarga;

A ideia escrita voa de que berçário?

Voa,voa nas asas de seu dicionário.

Morte à opressão, a lição vence a saga.

A palavra é vidro,humana lida.

Ó Céus do esterco de Ênio ouve Eneida.

Sangreta luta,oh!guerra aguerrida!

Doutor Napoleão Mendes de Almeida,

Herói de Troia,o certo é Áida ou Aida?

Cegalla geme e Sacconi peida.

Américo Paz
Enviado por Américo Paz em 10/02/2011
Reeditado em 07/03/2011
Código do texto: T2784565
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