"Não Erre Mais", Cegalla
Troque o "Não Erre Mais" por Já Não Erre,ou simplesmente:Não Erre.
Rui Barbosa - Oração Aos Moços: " Melhor será que a sentença não erre " (e não: Melhor será que a sentença " não erre mais ").
" .... E temi onde todas as causas de dor se recebem sem dor, e todas as causas de tristeza, com alegria JÁ NÃO É (e não:"não é mais") terra como terra....
Porque quando chega o dia de amanhã, JÁ NÃO É amanhã (e não:"não é mais amanhã");é hoje...." ( Antônio Vieira - Sermão II - Rosa Mística).
Trova:
" Nós tanto nos pertencemos,
nosso amor vai tão além,
que nós dois JÁ NÃO SABEMOS
qual de nós é MAIS de quem"
( e não: "que nós dois não sabemos mais").
" Saudade, perfume triste
de uma flor que não se vê.
Culto que ainda persiste
num crente que JÁ NÃO CRÊ " (Menotti Del Pichia)
( e não:"num crente que não crê mais").
A Ressurreição (romance):
-" É verdade;JÁ NÃO APARECE um escândalo..."( e não:"não aparece mais um escândalo") - Machado de Assis.
-" Mamãe diz que JÁ NÃO ESTÁ para estas viagens contínuas..." ( e não:"Mamãe diz que não está mais para estas viagens...") - Machado de Assis.
-" JÁ NÃO É médico " (e não: "Não é médico mais") - M.de Assis.
-" Deu-lhe parte de que a irmã JÁ NÃO IA para a Europa" ( e não: "Deu-lhe parte de que a irmã não ia mais para a Europa") - Machado de Assis ( A Ressurreição).
E assim segue com exemplos e mais exemplos.
"JÁ NÃO SINTO,SENHORA,..." ( e não: "Não Sinto mais,Senhora,..." - Camões - Soneto).
- "Já não respirava - condenado é o emprego de mais em orações temporais quando substituível por já: ' O doente JÁ NÃO RESPIRAVA quando o médico chegou ' ( e não: ' ... não respirava mais')
- ' Já não há lei que os refreie '( e não:'Não há mais lei que os refreie').
É galicismo - diz Vasco Botelho de Amaral - o emprego de mais em frases como ' Não vou lá mais ', correspondente ao francês 'Je n'y vais plus'; o galicismo é evitado construindo ' JÁ LÁ NÃO VOU '.
Parece que no Brasil - continua o professor Vasco - ocorre com frequência o modo de dizer: ' Não tem mais ' por ' Já não há '.
Como é óbvio não podemos imitar semelhante construção de ressaibo afrancesado.
Em ' Não mais verei minha pátria ' o não equivale a NUNCA, e o MAIS significa UM DIA;confrontem-se,neste exemplo de Camões, o correto emprego de já e o não menos correto emprego do mais; ' Se já não pões a tanta insânia freio, não esperes de mim daqui em diante que possa mais amar-te, mas temer-te '" - dr.Napoleão Mendes de Almeida - Dic.de Questões Vernáculas,pág.163 - Editora Caminho Suave,1981.
" Já Bocage não sou!... À cova escura...." ( e não: "Bocage não sou mais").
Ora, Cegalla, "Já Não Erre" ou "Não Erre" ( e não: "Não Erre Mais").
Lisboa - " Está aqui uma GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, feita pelo eminente filólogo brasileiro, Prof. Napoleão Mendes de Almeida.
Percorrendo as páginas, encontro o que não se vê em livros similares portugueses, e é isto - ensina a escrever bem, com domínio expressional, com riqueza de conhecimentos práticos em vez de teorias bafientas, com exposição de fatos da língua e não com regrinhas fastidiosas.Trata-se de regência?Apresentam-se os verbos com as regências.Expõe-se o assunto da pureza da língua?Fazem-se listas com erros e suas emendas ( ' Palestras ' de Língua Portuguesa,no 34, pág.299 )."