Concordância do infinitivo
Concordância do infinitivo
Uma das peculiaridades da língua portuguesa é o infinitivo flexionável: esta forma verbal, apesar de nominalizada, pode flexionar-se concordando com o seu sujeito.
Simplificando o assunto, controverso para os gramáticos, valeria dizer que a flexão do infinitivo só cabe quando ele tem sujeito próprio, em geral distinto do sujeito da oração principal:
- Chegou ao conhecimento desta Repartição estarem a salvo todos os atingidos pelas enchentes. (sujeito do infinitivo: todos os atingidos pelas enchentes);
- Não admitimos sermos nós... Não admitem serem eles...
- O Governo afirma não existirem tais doenças no País. (sujeito da oração principal; o governo; sujeito do infinitivo: tais doenças)
Observação:
O infinitivo é inflexionável nas combinações com outro verbo de um só e mesmo sujeito - a esse outro verbo é que cabe a concordância.
- As assessoras podem ter dúvidas quanto à medida.
- Os sorteados não conseguem conter sua alegria.
Nas combinações com verbos factitivos (fazer,deixar,mandar...) e sensitivos (sentir,ouvir,ver...) o infinitivo pode concordar com seu sujeito próprio, ou deixar de fazê-lo pelo fato de esse sujeito (lógico) passar a objeto direto (sintático) de um daqueles verbos:
- O presidente fez os assessores entrarem (ou entrar).
- Sentimos (ou vimos, ouvimos) os colegas vacilarem (ou vacilar) nos debates.
Naturalmente, o sujeito semântico ou lógico do infinitivo que aparece na forma pronominal acusativa (o,-lo,-no e flexões) só pode ser objeto do outro verbo:
- O presidente fé-los entrar (e não entrarem)
- Sentimo-los (ou Sentiram-nos, Sentiu-os, Viu-as) vacilar (e não vacilarem).
Fonte: Degrau Cultural