O PARAUARÊS

Sérgio Martins Pandolfo*

Parauaralândia forte?

Não se deixe engabelar!

É o "parauarês", no Norte,

nosso jeitão de falar!

Parauaralândia é a terra dos parauaras, ou paraenses, isto é, o Estado do Pará, uma das unidades federativas componentes da Região Norte do País. .

Parauarês, à maneira do gauchês, do carioquês, ou do baianês, é a forma peculiar com que falam os parauaras no seu dia-a-dia, nos encontros populares ou em rodas familiares, com seu sotaque e suas expressões peculiares, características, marcantes, muitas delas únicas, só usadas por aqui. Ex. “Mano, vai lá no canto e me traz uma quarta de jabá e um quilo de feijão mulata gorda” . Ou: “Finica, não deixes de ir hoje sem falta lá em baixo, na ‘cumade’ Cheirosa, comprar as ervas pro banho de cheiro”. Ou ainda, ao ver a mulher toda produzida e faceira: “Hum! Onde é que vai dançar este boi?" E mais estas para rematar: “Fiau-babau, ‘Tapioca’, teu papagaio tá chinando! Também, tava no leso. Vais ter mesmo que empinar curica”. “Bertina, larga já dessa cuíra, 'essa menina', se não teu pai vai te dar uma pisa”; isso tudo sem esquecer nosso adjetivador universal e onipresente, pai-d'égua.

Com toda a “globalização” que se tenta impor ao povo através das “cadeias” (aqui com toda a propriedade da expressão) de TVs o regionalismo é muito forte e principalmente no Norte, que já foi o Grão-Pará e Maranhão, ao tempo do Brasil - colônia, em especial no Pará, em seus diversos municípios, o linguajar do povo é quase um identificador do lugar de origem. Em Cametá, por exemplo, é peculiar, quase um ex líbris, o falar “afrancesado”, mais ou menos assim: “Chiii... São horas! 'Já me vu' 'sinão' sereno me pega. 'Vôte', cobra d'água!"; “O boi tá pronto pra ‘avuá’”.

Enfim nosso linguajar papa-chibé resiste e subsiste, para gáudio, gozo e gosto de todos nós.

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(*) Médico e escritor. SOBRAMES/ABRAMES

E-mails: sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br

Site: www.sergiopandolfo.com

Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 28/12/2010
Reeditado em 04/01/2011
Código do texto: T2695132
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