A Argumentação
“Ninguém é capaz de escrever bem,
se não sabe bem o que vai escrever.”
J.Mattoso Câmara Jr.
O PARÁGRAFO DISSERTATIVO
A ARGUMENTAÇÃO
O desenvolvimento é a parte mais extensa do texto dissertativo. Compreende os argumentos (evidências, exemplos, justificativas etc.) que dão “sustentação à tese” – ideia central representada no primeiro parágrafo. O conteúdo dos parágrafos de desenvolvimento deve obedecer a uma progressão: repetir ideias mudando apenas as palavras resulta em redundância. É preciso encadear os enunciados de maneira que se completem (cada enunciado acrescentará informações novas ao anterior). Deve-se também evitar a reprodução de clichês, fórmulas prontas e frases feitas – recursos que enfraquecem a argumentação.
Há diversos tipos de argumentação: histórica, por exemplificação, por comparação, por constatação etc.
Cabe lembrar, ainda, que a adequada utilização de seu repertório cultural será determinante para diversificar e enriquecer seus argumentos. Observe alguns exemplos de argumentação:
Tema: TELEVISÃO
ARGUMENTAÇÃO POR EXEMPLIFICAÇÃO
Já foi até criada uma campanha – “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” – para que sejam divulgados os nomes das empresas que anunciam nos programas que mais recebem denúncias de desrespeito aos direitos humanos. O mais importante nessa iniciativa é a participação da sociedade, que pode abandonar a passividade e interferir na qualidade da programação que chega às casas dos brasileiros.
“A televisão brasileira presta culto à frivolidade. A sociedade desenhada nas novelas é um convite à transgressão. A exaltação do sucesso sem balizas éticas, a trivialização da violência e a apresentação de aberrações num clima de normalidade têm transformado adolescentes em aspirantes à contravenção.”
– Carlos Alberto Di Franco
ARGUMENTAÇÃO HISTÓRICA
Quem assiste à TV hoje talvez nem imagine que seu compromisso inicial, quando chegou ao país, há pouco mais de meio século, fosse com educação, informação e entretenimento. Não se pode negar que ela evoluiu – transformou-se na maior representante da mídia, mas em contrapartida esqueceu-se de educar, informa relativamente e entretém de maneira discutível. Em compensação, aperfeiçoou-se na arte de vender.
ARGUMENTAÇÃO POR CONSTATAÇÃO
Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se levar em conta também seu papel social. Quem já não renunciou a um encontro com os amigos ou um passeio com a família para não perder a novela ou a participação de algum artista em um programa de auditório? Ao que tudo indica, muitos têm elegido a tevê como companhia favorita.
“(...) a manipulação contemporânea do corpo feminino, tanto no sentido diretamente cirúrgico quanto no sentido da imposição de um padrão, tem na TV sua vitrine mais privilegiada.”
- Bia Abramo
ARGUMENTAÇÃO POR COMPARAÇÃO
Enquanto países como a Inglaterra e o Canadá têm leis que protegem as crianças da exposição ao sexo e à violência na televisão, no Brasil não há nenhum controle eletivo sobre a programação. Não é de surpreender que muitos brasileiros estejam defendendo alguma forma de censura sobre a TV aberta.
ARGUMENTAÇÃO POR TESTEMUNHO
Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, “o que a televisão tem de mais fascinante para quem a faz é justamente o que ela tem de mais nocivo para quem a vê: sua capacidade aparentemente infinita de massificação.” De fato, mais de 80% da população brasileira tem esse veículo como principal fonte de informação e referência.
MACS