Fonemas não são letras
Segundo Evanildo Bechara em seu livro Moderna Gramática Portuguesa:”desde logo uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua. Não há uma identidade perfeita, muitas vezes, entre os fonemas e a maneira de representa-los na escrita, o que nos leva facilmente a perceber a impossibilidade de uma ortografia ideal. Temos sete vogais orais tônicas, mas apenas cinco símbolos gráficos (letras). Quando queremos distinguir um e tônico aberto de um e tônico fechado – pois são dois fonemas distintos – geralmente utilizamos sinais subsidiários: o acento agudo (fé) ou o circunflexo (vê). Há letras que se escrevem por várias razões, mas que não se pronunciam, e portanto não representam a vestimenta gráfica do fonema; é o caso do h, em homem ou oh! Por outro lado, há fonemas que se ouvem e que não se acham registrados na escrita; assim no final de cantavam, ouvimos um ditongo em –am cuja semivogal não vem assinalada /amávãw/. A escrita, graças ao seu convencionalismo tradicional, nem sempre espelha a evolução fonética.”
Fonte: Evanildo Bechara - Livro Moderna Gramática Portuguesa