Análise De Textos - Fichamento

Texto I

COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

DUARTE, Maria Eugenia. Coordenação e subordinação. Ensino de gramática.

Resumo: De acordo com os estudos realizados pela autora em relação ao texto, é que o mesmo refere-se a organização sintática do período: subordinação e coordenação, segundo a qual um termo exerce função sobre o outro.

FICHAMENTO

“(...) os predicadores verbais e nominais são os responsáveis pela projeção da oração, isto é, selecionam os argumentos. Articulam-se aos predicadores os adjuntos adverbiais ( ou oblíquos não nucleares), constituintes não selecionados pelo(s) predicador(es) e, por isso, considerados “adjuntos” (termos opcionais).” (p.205)

“(...) Todos os termos articulados com o(s) predicador(es) estabelecem com ele(s) uma relação de subordinação, isto é, exercem nele(s) uma função sintática. A subordinação é, portanto, uma forma de organização sintática segundo a qual um termo exerce função no outro. É exatamente isso que significa “ser dependente sintaticamente” ou “estar subordinado (...)” (p.205)

“(...) É lamentável que muitas gramáticas pedagógicas mais recentes só tratem desses dois mecanismos de organização sintática – a coordenação e a subordinação – no âmbito do período composto, mantendo uma das falhas da tradição gramatical. (...) termos simples aparecem coordenados, isto é, apresentam (não necessariamente) a mesma forma e desempenham (necessariamente) a mesma função. (...) (p.206)

“O reconhecimento das relações de coordenação e subordinação é fundamental para que se tenha uma perfeita idéia da arquitetura do período. É importante, pois, ter em mente que termos coordenados não exercem função um no outro, isto é, um não é constituinte do outro, enquanto um termo subordinado é constituinte de outro, isto é, desempenha função em outro.”

(p.206)

Confronto entre abordagem tradicional e outras perspectivas

Correlações de subordinação

Orações substantivas ou completivas

“ (...) O ponto de partida para analisar um período composto, isto é, aquele que tem mais de uma oração (mais de um verbo), é o verbo flexionado (conjugado) que se encontrar na oração sem elementos subordinantes em posição inicial (conjunções, preposições, por exemplo).(...)”

(p.208)

“(...) as orações classificadas como ‘subjetiva’ podem estar articuladas a um predicador verbal ou nominal, na função do argumento externo; a predicativa e completiva nominal, como argumentos internos; a objetiva direta, indireta (completiva relativa), a um predicador verbal, na função de argumentos internos. (...)” (p.211)

“(...) as estruturas apositivas não são argumentos selecionados por predicadores (não são, pois, ‘completivas’). Elas aparecem na estrutura interna de SNs (sintagmas nominais), isto é, estão num nível hierarquicamente inferior aos argumentos, funcionando como modificadores desses SNs, tal como os adjuntos adnominais(...)” (p.211)

“(...) Nas reduzidas em funções oblíquas – isto é, as funções de complemento relativo e complemento nominal -, a preposição não é omitida, ao contrário do que ocorre comumente nas orações ‘desenvolvidas’ (introduzidas pela conjunção subordinativa integrante). (...) (p.212)

As orações adjetivas ou relativas

“...( lembremo-nos de que as orações com um predicador nominal recebem um verbo de ligação, que, como vimos no capítulo anterior, traz as marcas de tempo, modo, número e pessoa, além de atribuir caso- ou reger- o sujeito)”

“As orações ligadas a um predicador nominal podem ainda aparecer como um argumento interno, assim como os selecionados pelos verbos transitivos.”

“Temos assim uma visão dos termos articulados a um predicador n oração principal, que podem aparecer em forma de oração. Embora o tratamento tradicional, o critério utilizado por cada abordagem difere em um importante aspecto: a tradição gramatical leva em conta o fato de que a função que elas desempenham pode ser representada por um substantivo. Daí vem sua classificação em “subordinadas substantivas”.”

As orações adjetivas ou relativas

“(...) o aposto, constituinte que e justapõe a um SN, dizendo parte de sua estrutura interna, pode aparecer em forma de oração. Além dele, outros modificadores que compõem os SNs e que a tradição classifica como ‘adjuntos adnominais’ podem igualmente aparecer em forma de oração.” (p.212)

“(...) Enquanto as ‘completivas’ são introduzidas por conjunções, isto é, elementos cuja função exclusiva é ligar orações, as relativas são encabeçadas por um pronome, que, além de unir a subordinada à sua principal, estabelece uma relação entre o substantivo a que se refere e a subordinada. (...)”

“(...) Um pronome relativo pode ter quase todas as funções que um nome pode ter.(...)” (p.213)

“(...) Para as gerações mais jovens, o uso das preposições com os pronomes relativos em funções oblíquas (sejam ou não “nucleares”) e o uso do próprio relativo “cujo” podem soar estranhos. De fato, tais usos são recuperados, até certo ponto, pelo ensino formal e, portanto, mais comuns na escrita padrão. (...) ... o que vemos na fala espontânea são dois tipos de orações ‘relativas’: a ‘cortadora (que elimina a preposição) e a ‘copiadora’, que repete (copia) o SP. (...)” (p.213)

Completivas ou relativas?

“(...) São frequentes orações subordinadas introduzidas por pronomes e advérbios chamados tradicionalmente ‘interrogativos indefinidos’ . (...)” (p.215)

“(...) As gramáticas tradicionais chamam a atenção para o fato de tais subordinadas serem orações adjetivas sem um antecedente e recomendam que se “desdobre” os indefinidos dando-lhes um antecedente.(...)” (p.216)

As orações adverbiais

“(...) Assim como os argumentos e adjuntos adnominais (modificadores dos nomes) aparecem em forma de oração (as completivas e as relativas), os adjuntos adverbiais também podem assumir uma estrutura oracional. Trata-se de um conjunto de orações de comportamento não uniforme. (...)” (P.217)

“(...) A maneira pela qual articulam à sua principal pode ser por meio de uma conjunção (ou locução conjuntiva) subordinativa (porque, embora, se, para que, quando) ou, ..., elas podem aparecer ‘reduzidas’ com o verbo no infinitivo precedido de preposição ou mesmo no gerúndio e particípio.(...)” (pp.217-218)

Coordenação e subordinação

“(...) A ênfase nas relações semânticas veiculadas pelas adverbiais (vistas na seção precedente) ou estabelecidas entre as coordenadas não pode se sobrepor às relações sintáticas de dependência estrutural entre elas. O ideal é que se trabalhe com as duas noções e se perceba que relações semânticas semelhantes podem ser veiculadas por meio de estruturas sintáticas diferentes(...)” (p.219)

“(...) as coordenadas não se distinguem hierarquicamente umas das outras. Sua união as coloca lado a lado e o nexo que se estabelece entre elas é semântico, devendo ser mediado por uma conjunção ou simplesmente pela sua justaposição (...)” (p.220)

“(...) é preciso atentar para o fato de que coordenação e subordinação andam juntas. (...)” (p.221)

“(...) Uma recomendação dos puristas, que pode ser acatada na escrita formal, quando se dispõe de tempo para acertos e correções, é que termos subordinados a outros, mas coordenados entre si, tenham a mesma forma, já que têm necessariamente a mesma função. (...)” (p.221)

Por que e como ensinar

“(...) o conhecimento de como a língua funciona só pode enriquecer o conjunto de informações que o aluno recebe na escola ( e mesmo depois que ele a deixa e ingressa na vida profissional). (...)” (p.222)

“(...) É muito importante conhecer o que dizem os precursores dos estudos gramaticais. E, mais importante do que adotar esta ou aquela classificação, é reconhecer que nenhuma delas dá conta de toda a complexidade envolvidas nas línguas humanas. (...)” (p.222)

“(...) é preciso que o professor parta de textos próximos do mundo que os cerca, desde os textos literários (incluindo as letras de músicas), passando pelos textos escolares - não só os relativos à língua portuguesa - até os textos jornalísticos. É preciso ainda examinar a língua falada; não aquela que a escrita tenta imitar, mas a fala de entrevistas com brasileiros “reais”, de diferentes níveis de escolaridade e faixa etárias, disponíveis em sites de inúmeros projeto de pesquisa. (...)” (p.222)

“ (...) Enfim, o aluno deve ser ainda levado a examinar a estrutura dos períodos no seu próprio texto, aprendendo a reconhecer os processos de que ele lança mão todas as vezes (em ) que fala e escreve. E, sobretudo, o professor e o aluno devem ir além da nomenclatura, das classificações, que acabam por levar a um aprisionamento que impede uma visão mais nítida da maneira pela qual os termos se organizam em orações e estas no período.” (p.222)

Texto II

CORRELAÇÃO

RODRIGUES, Violeta Virginia. Correlação. Ensino de gramática.

Resumo: O texto em questão impõe questionamentos sobre o que se entende por correlação e que orações podem ser construídas por séries correlativas, a partir de uma abordagem adotada por gramáticos de linha tradicional, que desconsideram outros tipos de categorias na estruturação do período composto.

“(...) Tomando-se por base Oiticica(1942;1952), Barreto (1992) e Castilho (2002), entende-se por correlação o mecanismo de estruturação sintática ou o procedimento sintático em que uma sentença estabelece uma relação de interdependência com a outra no nível estrutural. Sendo assim, na correlação, nenhuma das orações subsiste sem a outra, porque, na verdade, elas são interdependentes.

Assim, a correlação tem sua conexão estabelecida por elementos formais, expressões que compõem um par correlativo, estando cada um de seus componentes em orações diferentes. (...)” (p.225)

Processos sintáticos na tradição gramatical

Coordenação e subordinação

“(...) na abordagem tradicional, apenas a coordenação e a subordinação são apresentadas como mecanismos de estruturação sintática e, consequentemente, de articulação de orações que ocorrem em períodos compostos.

A tradição do século XIX estabeleceu a dicotomia parataxe versus hipotaxe, segundo a qual a parataxe incluía todos os tipos de justaposição e a hipotaxe, todos os tipos de dependência. (...)” (p.226)

“(...) No âmbito da tradição gramatical, consolidada na Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), estabeleceu-se que a coordenação é um processo em que as orações são sintaticamente independentes uma das outras, caracterizando-se pelo fato de implicarem paralelismo de funções ou valores sintáticos idênticos. Entende-se por identidade funcional o fato de os sintagmas simples ou oracionais serem da mesma natureza, categoria ou função, ou seja, em geral, as orações têm a mesma estrutura sintático-gramatical, não se privilegiando, nesse caso, o critério semântico nem o contexto pragmático-discursivo. Além disso, as orações ditas coordenadas podem ou não se interligar por meio de conectivos, denominados conjunções coordenativas. (...)” (p.227)

“(...) A subordinação, por sua vez, é um processo de hierarquização de estruturas em que as orações são sintaticamente dependentes, ou seja, a oração subordinada não subsiste por si mesma, sem a principal. A relação subordinativa pressupõe que uma oração (a subordinada) seja considerada constituinte de outra (a principal), caracterizando-as a desigualdade de funções e de valores sintáticos. (...)” (p.227)

Correlação no âmbito da gramática tradicional

“Ao se comparar o tratamento dado ao período composto pelos gramáticos Bechara (1987), Cunha & Cintra (1985), Rocha Lima (1998), Kury (2002) e Luft (2002), nota-se que há divergências não só quanto à interpretação, mas também quanto à classificação das orações.

Essas divergências tornam-se evidentes principalmente no âmbito do período composto por subordinação – mais especificamente, no das orações adverbiais – embora também ocorram no âmbito do período composto por coordenação.

Depreende-se, pela leitura das gramáticas, que há autores que divergem quanto à existência apenas dos processos de coordenação e subordinação, mencionando, além das chamadas orações justapostas, as estruturas correlativas.” (p.228)

Subordinação adverbial e correlação

“Normalmente, a correlação é associada à subordinação, embora não seja frequente a menção explícita à categoria ‘orações correlatas’. Em geral, fala-se da existência de orações que se ligam às outras por meio de conjunções que vêm aos pares, o que muitos denominam de ‘pares correlativos’. (...)” (p.229)

“(...) alguns gramáticos admitem a existência de expressões correlatas, mais não a proposta de um processo distinto da coordenação e da subordinação, ao apresentarem a classificação das orações.” (p.229)

Coordenação e correlação

“Segundo a perspectiva tradicional, as orações coordenadas podem ser sindéticas – com a conjunção expressa – e assindética – sem a conjunção expressa. Apresentam-se como conjunções coordenativas mais comuns as aditivas – e, nem, não só... mas também...-; as adversativa – mas, porém, todavia, contudo, entretanto.... -; as alternativas – ou...ou, quer...quer, seja..seja, ora...ora nem...nem...-; as explicativa – pois, porque, que...; e as conclusivas – logo, portanto, por conseguinte,então, assim...

Embora a maioria dos gramáticos, quando fazem referência à correlação no âmbito da coordenação, mencione apenas as aditivas, pode-se perceber, pela listagem de conjunções apresentadas, que as chamadas coordenadas alternativas também se constroem por meio de correlação.” (pp.229-230)

A correlação em outras abordagens

“(...) Com base nas observações até aqui efetuadas, pode-se defender a existência de orações correlatas, que não estão contempladas na NGB. Na realidade, haveria três processos de organização do período composto: a coordenação, em que as orações apresentam independência sintática; a subordinação em que uma das orações seria dependente sintaticamente da outra; e a correlação, em que as duas orações seriam formalmente interdependentes, relação materializada por meio de expressões correlatas.

Defender a classificação de orações como correlatas implica considerar a correlação um procedimento sintático diferente, e não simplesmente uma variante da coordenação e da subordinação.(...)” (p.231)

O ensino da correlação

“ Para o ensino mais produtivo da Língua Portuguesa, propõe-se que, em termos de análise sintática, se considere a correlação como uma categoria fundamental para a descrição das estruturas linguísticas. A abordagem tradicional, numa tentativa de simplificar a descrição linguística, acabou por dar tratamento homogêneo a estruturas heterogêneas, para desfazer esse equívoco, é necessário postular três processos de estruturação sintática em língua portuguesa: coordenação, correlação e subordinação (com ou sem encaixamento). (...) (p.232)

Considerações:

Como e porque ensinar coordenação e subordinação

A definição encontrada na Gramática Tradicional a respeito das orações coordenadas e subordinadas é muito questionada por não esclarecer precisamente quando ocorre a independência entre elas. Os professores, constantemente, quando indagados sobre o conceito adotado pela GT, recorrem a exemplos que não especificam seguramente a apresentação das coordenadas como independentes e as subordinadas como dependentes.

Considerando a importância da metodologia adequada ao ensino da língua oral e escrita, faz-se necessária uma abordagem mais abrangente da análise sintática, utilizando-se das conjunções e preposições na construção dos textos e valorizando a funcionalidade da língua, criando condições para que o alunos adquiram um real conhecimento e não “decorem” regras que caem no esquecimento.

O envolvimento do professor será primordial no que diz respeito às etapas da aprendizagem, o que virá a ocasionar um interesse mútuo por parte dos alunos que, além de aprenderem estarão inovando conceitos e participando ativamente do processo evolutivo da educação neste país.

ACADÊMICO
Enviado por ACADÊMICO em 28/10/2010
Reeditado em 04/09/2022
Código do texto: T2582818
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