“CRÁUDIA"... “CHICRETE”... ?? OXENTE!!!!

A comunicação é algo de fundamental importância para o ser humano, todos sabem disso. Eu diria mais: diria que é essencial. Por isso hoje vou falar sobre um assunto que considero de suma importância para todos nós: o preconceito lingüístico. Importante para aqueles que – como eu – tiveram a oportunidade de estudar, aprender gramática, ortografia, enfim, o popularmente chamado “português correto”. E também para as pessoas menos favorecidas em termos de educação, instrução e cultura.

Bem, em nosso dia a dia – seja na escola, nas ruas, no trabalho, enfim, em nossa sociedade – é comum conversarmos com pessoas oriundas de outras cidades, outros estados ou outras regiões. E o que acontece durante essas conversas, por mais breves e corriqueiras que sejam? Ora, eu falo à minha maneira, com sotaque e/ou expressões próprias da minha região e da sociedade na qual eu vivo. A pessoa com quem converso, é claro, se expressa à maneira dela, própria da sociedade de onde ela veio, da região ou Estado no qual nasceu ou viveu a maior parte de sua vida. E – apesar de algumas eventuais diferenças em nosso linguajar – o que acontece quando dialogamos? Conseguimos nos comunicar perfeitamente, cada um entendendo claramente o que o outro está querendo dizer? Sim, é claro que sim! Percebem onde quero chegar? É preciso parar e pensar nesse detalhe primordial (que na maioria esmagadora das vezes passa despercebido), antes de criticar, zombar, menosprezar ou tratar alguém de forma preconceituosa apenas porque ela “fala diferente”! Mas, por que ela fala “diferente”? Apenas porque ela usa algumas (ou muitas...) palavras ou expressões coloquiais diferentes das nossas...? Pois considero um erro enorme pensar dessa forma! Essa é apenas mais uma faceta de tantos outros preconceitos que existem por aí, como o religioso, o racismo, enfim... não passa de algo ignorante, como todos os preconceitos! Todos nós sabemos que existe uma grande diversidade lingüística dentro do território nacional, e devemos saber lidar com ela! Até porque, para aqueles a quem discriminamos por esse motivo, quem fala “errado”, “diferente”, “engraçado“, etc, somos nós!! Já pararam para pensar nisso? E essa diferença geradora de preconceitos, quer a gente goste ou não, faz parte do patrimônio cultural brasileiro! Por isso é imprescindível ter em mente que é possível sua coexistência com as chamadas “normas cultas”!

Em minha opinião, o objetivo maior é a comunicação com o outro. Isso é o que deve ser buscado, sempre!

Mas, existem também os casos daquelas pessoas que, apesar de alfabetizadas, apesar de saberem ler e escrever relativamente bem, insistem em pronunciar algumas palavras ou expressões de forma incorreta. Sabem ler e escrever, mas, talvez por hábito, comodismo ou por não terem quem os corrija, permanecem no erro – às vezes durante anos. O que fazer em relação a essas pessoas? Acho que uma boa idéia seria incentivá-las ao hábito da leitura, apresentando-lhes livros e revistas de conteúdo interessante. Fazer com que passem a gostar de ler. Assim, aos poucos, elas verão que não se diz “Cráudia”, mas Cláudia. Que não se diz “chicrete”, mas chiclete. Porque elas próprias leram isso, e – lendo – aprenderam como se pronuncia corretamente! É uma coisa elementar! Se essa pessoa for alguém com quem temos certa intimidade, um parente ou amigo, devemos lhe dizer (carinhosamente) que a forma correta de se dizer tal palavra não é aquela, ensinando-lhe, transmitindo-lhe nosso conhecimento. Isso é bonito, é humano, e – ainda que não seja naquele momento – um dia ela irá nos agradecer por isso!