Correções - "prblemas" de dicção e Dicionário
CORREÇÕES
Minha amiga, agradeço a ajuda que você tentou dar, ao transcrever meu texto gravado em cassete. Porém, fazendo uma revisão na cópia que você me enviou, solicito a gentileza de fazer algumas correções fundamentais, antes de submeter o romance à apreciação do seu amigo crítico literário.
Começo pelo título. O certo é "O Segredo da Mala de Curvim" e saiu "O Segredo da Mala de Cor Vinho". No início da segunda página, o personagem principal, que se chama Aldemir Marinho e não, Adelmir Martinho, ficou "com dor na mão" e você escreveu "com um condor anão". A seguir, na mesma cena, "Aldemir, com uma vela acesa, penetrou na gruta", ao invés de "como uma velha inglesa, peneirou uma fruta". Isto não faz o menor sentido, minha santa. No último parágrafo deste mesmo capítulo, a noiva do Aldemir (e não Adelmir...) "contente, pegou uma estola" e você, não sei bem por quê, mudou para "contente, pegou uma esmola".
No terceiro capítulo, no início, o correto é "ele morreu com a cartolina na mão. Até que podia ser "ele correu com a cartolinha marrom", mas assim não coaduna com a trama.
No capítulo seguinte, o assaltante, no quarto parágrafo, décima linha, fala: "tal como nos tratamos"; "tal como Nostradamos", como você escreveu, fica um pouco estranho, e ainda tem mais, o ladrão é um ex-atleta, jamais "um esteta".
No capítulo seis, no clímax do suspense, o delegado, que também é mestre em estatística - e saiu "mestre em estilística" - fala: "olha ali o escoteiro Paulo Neto". "Olha ali, encostei o pau no teto" se presta mais para um texto de humor.
No sétimo capítulo, na terceira linha do segundo parágrafo, o correto é "a amante do doutor, numa cena conturbante, se depara com o chuveiro enguiçado" e você botou "a amante do doutor, numa cena com turbante, se depara com um chaveiro engraçado".
O casal, no capítulo dez, após o mistério ser desvendado, resolve "brindar com marrasquino para saldá-la", ao invés de "brindar com um marroquino para saldar Alá".
O capítulo doze todo deve ser deletado. Não sei de onde você o tirou. A manifestação em favor das focas, inclusive com a presença do Sting, ali relatada, deve ter sido fruto de uma mistura de arquivos do seu micro.
Quando falei para você colocar caixa alta, não era para você escrever isto - não tem caixa na história - era para você bater em maiúsculas. Na primeira frase do último capítulo, Aldemir se senta e sente um vazio e não "se senta e sente um vasinho".
Por fim, a história termina em uma excursão a Orlando e não com uma discussão com o Orlando, que aliás, nem personagem é do conto. No mais, tudo bem, acho que foi um problema meu de dicção. Valeu.
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Um pouco de Dicionário
AÇÃO – Movimento. Quando antecedida de “boa” é um procedimento característico dos escoteiros, quando de “câmara”, é dos artistas. Atenção, se ela estiver em alta venda-a. Caderneta é mais seguro.
ALTERNATIVO – Diz-se em geral das pessoas que moram/freqüentam Santa Teresa, vestem roupas surradas, apresentam aparência de sujos, são ecologistas e adeptos do tênis (calçado, não jogo). Também designação de manifestações artísticas alheias ao consumo.
BANCO – Objeto em geral de madeira usado para as pessoas sentarem. Na época da Bossa-Nova o seu diminutivo servia como complemento de instrumento musical para o violonista colocar o pé. Local para onde nos dirigimos contentes ou contrariados, dependendo se for para receber ou pagar. Se colocado um “r” entre o “b” e o “a”, vira o contrário de preto.
BICHO – O mesmo que animal. Combustível dos jogadores de futebol. Espécie de contravenção que serve para financiar campanhas de políticos, clubes de futebol e escolas de samba.
BOMBA – Seus significados variam muito em função do verbo precedente, podendo ser: ligar, levar, explodir ou comer. Mas cuidado. Se empregar-se o verbo fazer, podemos estar nos referindo a um tor-neiro, cozinheiro ou seqüestrador.
CADERNETA – Caderno pequeno. Objeto que as crianças têm que levar todo dia para entrar na escola. Já, “abrir uma” não é fiscalizar a vida escolar do filho, é fazer investimento.
CENTRO – Nome de bairro. O mesmo que “passe” em futebol. Posição assumida por políticos que, para não se comprometerem, preferem ficar em cima do muro.
DICIONÁRIO – Livro em geral grosso. Grosso não de grossura, e sim, de espessura. Quando se está em dúvida recorre-se a ele. Também muito útil para não deixar papéis voarem ou para ser usado como calço, principalmente se for em três volumes.
DIREITA – Diz-se de mulher de bom comportamento (bom em relação a quê?). É usado também para referir-se ao lado que não é o esquerdo. Na política, atualmente, é sinônimo de centro.
EXILADO – Indivíduo que assaltou Bancos e tumultuou a ordem pública nos anos 60, mas hoje em dia é personalidade importante e tem sempre espaço na mídia.
FESTA – Local onde as pessoas vão aparentando uma felicidade e uma prosperidade em geral inexistente. Usado pejorativamente significa bagunça. Se acrescentado um “i” após o “f”, vira nome de revista de mulher nua.
GLÓRIA – Nome de bairro, de Nossa senhora e de mulher. Também serve para louvação (Glória a Deus nas alturas). Sinônimo de sucesso se você não foi casado com uma delas (esta última é em causa própria...).
MOEDA – Pequeno objeto de metal, redondo, com duas faces. Extremamente útil para se tirar cara-ou-coroa e para juízes de futebol sortearem quem chuta pra lá e pra cá no início das partidas.
PARTIDO – Diz-se de um objeto que está quebrado. É também uma forma dos políticos se perpetuarem no poder, mudando daqui para ali.
PRISÃO – O mesmo que cela, cadeia. É como os casados se sentem quando estão de saco cheio um do outro.
PROGRESSISTA – Designação totalmente tendenciosa e distorcidada de quem é de esquerda. Você conhece alguém que seja contra o progresso? Mas não, para o pessoal de esquerda só o pessoal de esquerda é progressista...
SAMBA – Ritmo musical em compasso 2/4. Se for “do avião” ou “de uma nota só” é de autoria do Tom, mas aí deixa de ser samba, vira Bossa-Nova. Se seguido de “canção”, vira cueca.