BIBLIOTECA DE LIVROS?
Coletivos & Dúvidas
Porque não podemos dizer ou escrever "biblioteca de livros", mas podemos dizer ou escrever "junta de médicos"? Porque "biblioteca" é um "coletivo específico", ou seja, indica sempre a mesma espécie de seres ou coisas, daí não admitir um especificador (livros). Ao passo que "junta" é um coletivo genérico, ou seja, serve para as mais diversas classes: de médicos, de examinadores, de bois, de credores etc.
Portanto, estará cometendo redundância quem disser ou escrever: biblioteca de livros, atlas de mapas, discoteca de discos, prole de filhos, para só citar esses.
Entretanto, há certos nomes coletivos (específicos) que, por determinadas razões, só se empregam com especificadores. É o caso de buquê que só se refere a flores, mas ninguém escreve ou diz simplesmente "recebi um buquê" e, sim, "um buquê de flores" (é o mesmo que ramalhete). Como se vê, às vezes, somos obrigados a usar o coletivo específico acompanhado de especificador. Outro caso, é quando precisamos limitar o significado do coletivo específico, Por exemplo: um cardume só se refere a peixes, mas se quisermos especificar o tipo de peixe, diremos ou escreveremos – um cardume de peixes miúdos. Outros exemplos: uma banda de música alegre; irmandade de nossa mãe. Quando o coletivo específico é usado em sentido figurado, também ganha um especificador: uma floresta de galhos quebrados, uma biblioteca de folhas mortas.
Os coletivos numerais específicos exprimem uma quantidade certa: década (10 dias ou 10 anos), lustro (cinco anos), resma (500 folhas de papel), quinteto, dúzia etc. Os genéricos, no entanto, se referem apenas à quantidade; daí requer um especificador: uma centena, uma porção, um cento, uma dúzia => de livros, de ideias, de pessoas, de ilusões; pássaros.
Para os animais só encontraremos coletivos específicos para os "sociáveis", isto é, aqueles que gostam de viver em companhia de outros: cardume, malhada (ovelhas), alcateia, boiada etc. Para os demais, usamos coletivos genéricos, como bando, grupo etc.
Muitos coletivos são construídos com os sufixos [-ada], [-eiro], [-eira], [-ama], [-ario], [-edo], [-al]: árvore => arvoredo, cabelo => cabeleira, formigueiro, boiada, molecada, arrozal, cafezal, anedotário, mobiliário, dinheirama etc. ®Sérgio.
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Ajudou na composição do texto: NEVES, Maria Helena de Souza. Gramática de usos do português. São Paulo: Edit. UNESP, 2000.
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