Licença poética para escrever correto
Há uma música da autoria de António Marcos gravada por ele e por Roberto Carlos que traz um verso perfeitamente correto do ponto de vista gramatical. O nome da música é COMO VAI VOCÊ.
A música começa assim: "Como vai você/eu preciso saber da sua/vida... E tem um verso que diz: "Anoiteceu e eu preciso de saber".
O verbo PRECISAR, no sentido de NECESSITAR é transitivo indireto, ou seja, para ligar-se ao OBJETO ele o faz com o auxílio de uma preposição. neste caso é a preposição DE.
Então, do ponto de vista gramatical, a letra da música composta pelo saudoso António Marcos está perfeita. O problema é que ninguém ou quase ninguém liga o verbo PRECISAR a outro verbo (ma forma infinitiva) com uma preposição. O outro verbo funcionaria como objeto direto: "Anoiteceu eu PRECISO SABER" e não PRECISO DE SABER.
Como o verso precisava de uma sílaba para completar a melodia da compsição, o habilitoso compositor burlou o costume (já aceito até pelos gramáticos) e inseriu a preposição monossilábica DE.
É uma licença poética ao contrário. Pede licença não à gramática, mas ao costume dos falantes da língua. "Doe" um pouco no ouvido acostumado com as formas populares, mas é aceitável nas vozes de António Marcos e do rei Roberto Carlos. Além de não conter erro!