EU ME PROPONHO FAZER ISSO

Já vi muito professor de Língua Portuguesa pronunciar a seguinte frase: "Eu me proponho a fazer isso". São várias frases diferentes, mas a parte "EU ME PROPONHO A" é comum a todas.

O verbo propor é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI). Um verbo não pode ter dois ou mais objetos indiretos ou diretos, sem vírgula a separar esses termos paralelos.

No entanto, a frase acima contém dois objetos indiretos não paralelos. Uma sequência de objetos (diretos ou indiretos) é paralelismo sintático (eu gosto de leite, de café, de refrigerante). O paralelismo citado é sintático e semântico, pois além de todos terem a mesma função sintática de objetos indiretos, têm em comum que são todos líquidos.

Quando eu digo "EU ME PROPONHO A FAZER ISSO", a frase pode ser desdobrada assim: EU PROPONHO A MIM A FAZER ISSO. Há um objeto indireto (A MIM) e uma oração subordinada substantiva objetiva indireta (a fazer isso). Sintaticamente temos dois objetos indiretos sem que haja uma listagem de coisas paralelas em sentido ou em função sintática.

Para evitar tal absurdo gramatical, os professores e as pessoas que primam pela correção gramatical em discursos oficiais devem dizer assim: EU ME PROPONHO FAZER ISSO. Que é o mesmo que EU PROPONHO A MIM FAZER ISSO. Para evitar a desarmonia do MIM próximo do FAZER, fica melhor a primeira: EU ME PROPONHO FAZER ISSO. Dessa forma, o "ME" é o objeto indireto e o FAZER ISSO é a oração subordinada substantiva objetiva DIRETA, e o verbo assumirá sua verdadeira qualidade: TDI (transitivo direto e indireto).

Sei que o assunto é complexo. Prova disso é que já vi muita gente dizer de forma inadequada, mesmo pessoas com graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado.

Mas não precisa entender o porquê. Basta evitar. Pelo menos nas ocasiões em que estivermos falando ou escrevendo oficialmente. Na linguagem do dia a dia, o ambiente é que determina de que forma devemos falar. Mas nas situações formais, é recomendável usarmos as normas de forma a falarmos adequadamente.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 06/12/2009
Reeditado em 19/12/2009
Código do texto: T1964116
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