É a palavra que modifica o substantivo, atribuindo-lhe um estado, qualidade ou característica. Como também se refere aos seres, a distinção feita entre ele e o substantivo não é semântica (de significado), e sim funcional (de função). Ex.:
moça contente
garota estudiosa
menino namorador.
O adjetivo pode ser simples, composto, primitivo, derivado e pátrio.
I - Simples
Quando possui um único elemento:
brisa verde
silêncio oportuno
II - Composto
Se formado por dois ou mais elementos:
guerra franco-prussiana
produto anglo-brasileiro
III - Primitivo
Quando não deriva de outra palavra:
dinheiro falso
marido fiel
situação real
IV - Derivado
Caso derive de um substantivo, um verbo ou outro adjetivo:
dinheiro falsificado
marido infiel
situação irreal
V - Pátrio ou Gentílico
Trata-se daqueles que se referem a países, continentes, cidades e regiões, exprimindo nacionalidade ou origem:
Acre - acreano
Afeganistão - afegão, afegane
Amapá - amapaense
Angola - angolano
Índia - indiano, hindu
Pequim - pequinês
Locuções adjetivas
Chama-se locução à reunião de duas ou mais palavras com valor de uma só.
Locução adjetiva é, por conseguinte, o encontro de dois ou mais termos com idêntico valor a um adjetivo. Elas ocorrem quando as propriedades, os atributos, a natureza intrínseca de um adjetivo, a par de suas características essenciais, são designadas por expressões de igual valor, constituídas por duas ou mais palavras (geralmente, uma preposição e um substantivo):
confiança sem limites - ilimitada
criança com fome - faminta
dente de cão - canino
espetáculo de circo - circense
estrela da tarde - vespertina
expressão do corpo - corporal
faixa de idade - faixa etária
rebanho de bois - bovino
vegetação do lago - lacustre
Ou se formam por uma preposição e um advérbio, como nos exemplos:
pneus de trás
jornal de ontem
Há locuções adjetivas, porém, que não se convertem em adjetivos, por não existirem na língua adjetivos correspondentes:
caixa de papelão
discurso sem pé nem cabeça
herói sem nenhum caráter
meninos de rua
mulher sem graça
piano de cauda
Eis uma lista de locuções adjetivas, seguida dos adjetivos:
abdômen - abdominal
abelha - apícola
abutre - vulturino
águia - aquilino
alma - anímico
aluno - discente
andorinha - hirundino
anjo - angelical
ano - anual
asno - asinino
astro - sideral
baço - esplênico
bispo - episcopal
boca - bucal, oral
bode - hircino
boi - bovino
bronze - brônzeo, éneo
cabeça - capital, cefálico
cabelo - capilar
cabra - caprino
campo - rural, campestre
cão - canino
carneiro - arietino
cavalo - equino, hípico
chumbo - plúmbeo
chuva - pluvial, chuvoso
cidade - citadino, urbano
cinza - cinéreo
cobra - ofídico
cobre - cúprico
coelho - cunicular
coração - cardíaco, cordial
crânio - craniano
criança - pueril, infantil
dedo - digital
diamante - adamantino, diamantino
dinheiro - pecuniário
enxofre - sulfúrico
estômago - estomacal, gástrico
estrela - estelar
fábrica - fabril
face - facial
fantasma - espectral
farelo - furfúreo
farinha - farináceo
fêmur - femoral
fera - ferino
ferro - férreo
fígado - hepático, figadal
filho - filial
fogo - ígneo
frente - frontal
gado - pecuário
garganta - gutural
gato - felino
gelo - glacial
gesso - gípseo
guerra - bélico
homem - humano, viril
idade - etário
ilha - insular
intestino - entérico, intestinal
inverno - hibernal, invernal
irmão - fraternal, fraterno
lado - lateral
lago - lacustre
leão - leonino
lebre - leporino
leite - lácteo
lobo - lupino
lua - lunar, selênico
macaco - simiesco
madeira - ligneo
mãe - materno, maternal
manhã - matinal
marfim - ebúrneo
margem - marginal
mestre - magistral
moeda - monetário
monge - monacal
monstro - monstruoso
morte - mortal, letal
nádegas - glúteo
nariz - nasal
neve - níveo
noite - noturno
nuca - occipital
olho - ocular
orelha - auricular
osso - ósseo
ouro - áureo
ouvido - auricular
ovelha - ovino
pai - paterno, paternal
paixão - passional
palato - palatal
pedra - pétreo
peixe - písceo
pele - epidérmico, cutâneo
pescoço - cervical
pombo - columbino
porco - suíno, porcino
prata - argênteo, argentino
professor - docente
proteína - protéico
pulmão - pulmonar
raposa - vulpino
rato - murino, murídeo
rei - real
rim - renal
rio - fluvial
rocha - rupestre
selo - filatélico
selva - silvestre, selvagem
sintaxe - sintático
sonho - onírico
tarde - vesperal, vespertino
terra - telúrico, terrestre
tórax - torácico
touro - taurino
trás - traseiro
trigo - tritíceo
umbigo - umbilical
vaca – vacum
veia - venoso
velho - senil
vento - eólio
verão - estival
víbora - viperino
vida - vital
vidro - vítreo
virgem - virginal
voz - vocal, oral
Ele pode variar em gênero, número e grau.
I - Flexão de Gênero
Quanto ao gênero, os adjetivos se classificam em uniformes e biformes.
1 - Biformes
Possuem duas formas diferentes: uma para o masculino e outra para o feminino:
copo vazio / panela vazia
sapatos sujos / meias sujas
2 - Uniformes
Possuem uma só forma para indicar tanto o masculino quanto o feminino:
manto suave / música suave
gato selvagem / gata selvagem
3 - Feminino dos adjetivos simples
a - Regra geral: troca-se o "o" por "a":
belo - bela
alto - alta
b - Acrescenta-se "a" aos adjetivos terminados em "u", "ês" e "or":
nu - nua
francês - francesa
c - Adjetivos terminados em ão fazem o feminino em:
ã: homem cristão / mulher cristã
ona: professor brincalhão / professora bincalhona
d - Adjetivos terminados em eu fazem o feminino em éia:
governo europeu / revista européia
Exceção: judeu / judia
4 - Feminino dos adjetivos compostos
Neles, só o último elemento vai para o feminino:
calção amarelo-claro / camisa amarelo-clara
instrumento médico-cirúrgico / máscara médico-cirúrgica
II - Flexão de número
1 - Plural dos adjetivos simples
Eles ficam no singular ou vão para o plural, concordando com o substantivo a que se referem:
rua larga / ruas largas
noiva feliz / noivas felizes
Os adjetivos que indicam nome de cor seguem também essa regra.
No entanto, se o nome da cor for um substantivo adjetivado, ele não sofre variação. Ou, na fértil lição de Terra (2002): "Os substantivos empregados como adjetivos são invariáveis":
blusa vinho / blusas vinho
camisa rosa / camisas rosa
mulher monstro / mulheres monstro
homem aranha / homens aranha
camisa cinza / camisas cinza
gravata abóbora / gravatas abóbora
Como se verifica, "cinza", "abóbora" etc. são substantivos que podem ser empregados como adjetivos. Então, não variam.
2 - Plural dos adjetivos compostos
Só o último elemento vai para o plural:
cantor norte-americano / cantores norte-americanos
pacto sócio-político-econômico / pactos sócio-político-econômicos
causa sócio-político-econômica / causas sócio-político-econômicas
acordo luso-franco-brasileiro / acordos luso-franco-brasileiros
lente côncavo-convexa / lentes côncavo-convexas
camisa verde-clara / camisas verde-claras
sapato marrom-escuro / sapatos marrom-escuros
Alguns adjetivos compostos não seguem essa regra. Assim, são invariáveis:
sapato azul-marinho / sapatos azul-marinho
camisa azul-celeste / camisas azul-celeste
b - São invariáveis os adjetivos compostos referentes a cores, quando o segundo elemento da composição for um substantivo:
tecido verde-abacate / tecidos verde-abacate
sapato marrom-café / sapatos marrom-café
blusa amarelo-ouro / blusas amarelo-ouro
c - Para formar o plural de surdo-mudo flexionam-se os dois elementos:
menino surdo-mudo / menina surda-muda
meninos surdos-mudos / meninas surdas-mudas
Grau superlativo
Compare:
muito nervoso - nervosíssimo
As formas muito nervoso e nervosíssimo expressam uma característica intensificada no seu grau máximo. O adjetivo nervoso, nesses casos, está no grau superlativo. Outro exemplo:
Ela ficou muito zangada.
Ela ficou zangadíssima.
Superlativo absoluto e ralativo
1 - Superlativo absoluto
Aí, a qualidade se apresenta no seu grau mais intenso. Quando utilizamos o superlativo absoluto, o ser de que se fala não aparece relacionado a outro:
músculos muito fortes
músculos fortíssimos.
Logo, os dois adjetivos têm o mesmo valor. O superlativo absoluto admite, portanto, duas formas de expressão:
- a forma analítica:
Carla é muito forte.
Ela parece extremamente feliz.
Como se vê, os adjetivos "forte" e "feliz" não foram flexionados. Para indicar a intensidade do grau, pode-se empregar palavras como muito, extremamente, grandemente etc.
- a forma sintética:
Carla é fortíssima.
Ela parece felicíssima.
Neste caso, o adjetivo foi flexionado: utilizou-se o sufixo -íssimo para indicar intensidade.
2 - Superlativo relativo
Nele, a qualidade se apresenta no seu grau mais intenso, em relação a outros seres do mesmo grupo:
Aquele piloto é o mais veloz de todos da Fórmula Indy.
O superlativo relativo, que resulta de uma espécie de comparação, pode ser:
de superioridade: Perla é a mais bonita da classe.
de inferioridade: Paulo é o menos esperto da classe.
3 - Superlativo absoluto sintético
Eis algumas regras para a construção dessa forma:
a) Acrescenta-se o sufixo -íssimo ao adjetivo:
banal - banalíssimo
caro - caríssimo
b) Os adjetivos terminados em -vel formam o superlativo absoluto sintético em -bílissimo:
pródigo - prodigalíssimo
pudico - pudicíssimo
c) Os adjetivos terminados em -z formam o superlativo absoluto sintético em -císsimo:
feliz - felicíssimo
feroz - ferocíssimo
d) Os adjetivos terminados em -m formam o superlativo absoluto sintético em -níssimo:
comum - comuníssimo
Abaixo, uma lista de superlativos absolutos sintéticos:
acre - acérrimo, acríssimo
ágil - agílimo, agilíssimo
agradável - agradabilíssimo
agudo - acutíssimo, agudíssimo
amargo - amaríssimo
amável - amabilíssimo
amigo - amicíssimo
antigo - antiquíssimo, antiguíssimo
áspero - aspérrimo, asperíssimo
atroz - atrocíssimo
audaz - audacíssimo
belo - belíssimo
benéfico - beneficentíssimo
benévolo - benevolentíssimo
capaz - capacíssimo
célebre - celebérrimo, celebríssimo
claro - claríssimo
comum - comuníssimo
contumaz - contumacíssimo
cristão - cristianíssimo
cru - cruíssimo
cruel - crudelíssimo, cruelíssimo
difícil - dificílimo
doce - dulcíssimo, docíssímo
eficaz - eficacíssimo
fácil - facílimo, facilíssimo
feliz - felicíssimo
feroz - ferocíssimo
fértil - fertilíssimo
fiel - fidelíssimo
frágil - fragílimo, fragilíssimo
frígido - frigidíssimo
frio - friíssimo
geral - generalíssimo
honorífico - honorificentíssimo
humilde - humílimo, humildíssimo
incrível - incredibilíssimo
inimigo - inimicíssimo
íntegro - integérrimo, integríssimo
jovem - juventíssimo, juveníssimo
legal - legalíssimo
livre - libérrimo, livríssimo
loquaz - loquacíssimo
magnífico - magnificentíssimo
magro - macérrimo, magérrimo, magríssimo
maledicente - maledicentíssimo
maléfico - maleficentíssimo
malévolo - malevolentíssimo
manso - mansuetíssimo
miserável - miserabilíssimo
mísero: misérrimo
miúdo - minutíssimo, miudíssímo
móvel - mobilíssimo
negro - nigérrimo, negríssimo
nobre - nobilíssimo
notável - notabilíssimo
original - originalíssimo
parco - parcíssimo
perspicaz - perspicacíssimo
pessoa - personalíssimo, pessoalíssimo
pio - pientíssimo, piíssimo
pobre - paupérrimo, pobríssimo
possível - possibilíssimo
preguiçoso - pigérrimo
pródigo - prodigalíssimo
próspero - prospérrimo, prosperíssimo
provável - probabilíssimo
público - publiássimo
pudico - pudicíssimo
regular - regularíssimo
respeitável: respeitabilíssimo
sábio - sapientíssimosagrado - sacratíssimo
salubre - salubérrimo, salubríssimo
são - saníssimo
seco - sequíssimo
semelhante - simílimo
sensível - sensibilissimo
sério - seriíssimo
simpático - simpaticíssimo
simples - simplicíssimo, símplíssimo
singular - singularíssimo
soberbo - superbíssimo, soberbíssimo
tenaz - tenacíssimo
terrível - terribilíssimo
triste - tristíssimo
trivial - trivialíssimo
útil - utilíssimo
veloz - velocíssimo
volúvel - volubilíssimo
voraz - voracíssimo
vulgar - vulgaríssimo
vulnerável - vulnerabilíssimo
Morfossintaxe do Adjetivo
A função adjetiva básica é, pois, a de adjunto adnominal:
garrafas dançantes
garfos falantes
rios assoreados
guarda educado
pesca predatória
O adjetivo pode, por conseguinte, ser adjunto adnominal de um substantivo em qualquer função sintática.
O adjunto adnominal é um termo acessório da oração, pois sua ausência não compromete a compreensão da mesma.
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Fontes de consulta:
Cadore, Luís Agostinho. Curso Prático
de Português. 7ª ed. Ed. Ática, SP, 1998.
Terra, Ernani & Nicola, José de. Minigramática.
9ª edição. Editora Scipione, SP, 2002.
Tufano,Douglas (org.). Guia Prático da Nova
Ortografia. 2.ª ed. Editora Melhoramentos
Ltda., SP, 2009.
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
(VOLP). Academia Brasileira de Letras. 5ª ed.,
Global Editora, SP, 2009.